Pokémon e Digimon: Consistência e Experimentação

1 mês atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo

Revisão: Davi Dumont Farace

No ápice na popularidade contemporânea de Pokémon, muito se esquece de seu antigo rival: Digimon, uma franquia muito boa no que se propõe a fazer, embora não tenha mais a mesma popularidade de antes. Os monstros digitais são mais conhecidos pelo clássico anime Digimon Adventure. Mas, e quanto aos videogames? Com isto em mente, este artigo visa pontuar a origem mais experimental que a Bandai teve com os jogos de sua franquia, algo que sinto que Pokémon deveria aprender com seu antigo concorrente dos anos 90.

Digimon World: O início

Digimon possui em sua essência uma característica que o difere consideravelmente da franquia citada anteriormente: Uma visão completamente diferente sobre Monster Taming em muitos aspectos. Um singularidade dessa franquia é o fato de ser um único bichinho virtual colocando em perspectiva, algo que difere da ideia de coleção, e que pretende estabelecer o vínculo com seu monstro, o qual é a ideia principal até hoje, desde seus V-Pets até mesmo sua atual versão chamada Vital Bracelet,

Com isto em mente o primeiro Digimon World buscava ser um videogame com overworld seguindo este mesmo princípio: O de treinar seu parceiro e ele evoluir conforme o tempo. Seu objetivo é crescer com ele, um conceito muito presente nas animações também, por toda a franquia.

World não é um jogo com um tutorial como suas entradas atuais da série. É bem livre, não havendo uma explicação amigável para um sistema tão complexo, apenas dicas aqui e ali por parte dos NPCs do mapa.
Treinos, batalhas e conforme seus stats aumentam, seu Digimon evolui de maneiras diferentes, exceto pelo fato de que como não há dicas do que fortalecer para evoluir como popularmente é conhecido: Seu Agumon possui uma grande probabilidade de virar Numemon, uma reclamação muito frequente de quem jogou sem a facilidade da internet.

Além disto, o Mundo Digital deste início possuía uma vida própria, a qual o jogador vai conhecendo ao recrutar monstrinhos digitais para a cidade e com isso conhecendo todas as áreas e histórias simples, porém honestas, que nossos companheiros virtuais têm a contar. Alguns se tornam comerciantes, outros participam da construção da cidade, outros oferecem meios de transporte para lugares longínquos, e assim segue.

Uma boa introdução à série, exceto pelo fato de que descobrir por si só os stats de evoluções não é muito divertido, Next Order corrigiu isso ao dar dicas dentro do game sobre como evoluir e por qual caminho seguir. E quanto à suas sequências? Não seria natural pensar que o game expandiria este escopo sobre cuidar de seu Digimon? Bom, não exatamente…

Digimon World 2 e 3: Quebrando padrões pré-estabelecidos

Muito antes dos jogos de Digital Monster se dividirem entre Story e World, tudo era a mesma coisa e aqui é onde se justifica o título do artigo. Afinal, estas sequências, apesar de carregarem o nome World, são conceitos completamente diferentes do que o primeiro foi.

Digimon World 2 consistia em utilizar um veículo muito peculiar chamado Digibeetle para explorar masmorras e nelas cumprir missões, capturar Digimon com cápsulas de amizade(de forma muito mais difícil que em Pokémon) e batalhar contra chefes em missões de sua guilda. As dungeons possuíam muitas armadilhas ao longo do percurso, fazendo-se necessário investimentos por parte do jogador em um veículo preparado para tais desafios; sendo por óbvio, muito farm.

Batalhas agora sendo por turnos em 3 contra 3 como em JRPGs por tradição. Haviam tipos de ataques e mecânicas similares, porém diferentes de Pokémon. Tipos com vantagens e desvantagens também, porém de maneira diferente em outros aspectos.

O grinding necessário para se terminar World 2 é tão intenso que mesmo que se use cheat em um emulador para subir nível a cada batalha, o tempo necessário para progressão continua a ser alto.
Isso se dá por haver um limite de nível que um de seus parceiros pode atingir e com isso se faz necessário fundir dois monstros diferentes para que níveis maiores sejam atingidos, sendo fácil imaginar o quão repetitivo o ciclo é por si só, pois não é possível progredir a campanha de outra maneira.

O segundo jogo da série World fez questão de não seguir o padrão estabelecido pelo primeiro, surpreendendo pelo fato de que é comum que franquias façam seu primeiro jogo de forma experimental e evoluam a fórmula em suas sequências, sendo Pokémon uma destas, diferente de sua antiga concorrente.

Apesar das similaridades, Digimon World 3, o qual possui uma versão mais completa chamada Digimon World 2003, com mais conteúdo, assim como as terceiras versões as quais Pokémon sempre lançou, se parece muito mais com seu rival em seu design, porém, com uma dificuldade consideravelmente mais elevada que Pokémon.

Com um overworld em pixel art o qual o jogo da Game Freak só ofereceu de forma similar no Gameboy Advance e batalhas em 3D com as limitações que poligonais de um Playstation (apesar do charme e estética próprios de seu período), World 3 oferece uma jornada muito similar ao que vimos em Pokémon, até mesmo com insígnias, apenas indo por um caminho mais épico em questão de escala de poderes, incluindo enfrentar ameaças muito maiores ao mundo digital do que uma equipe vilã dos Pocket Monsters ofereceria. Isso não o torna melhor ou pior, apenas se caracteriza como uma disparidade na concepção das duas séries, nada mais do que isso.

Após devida contextualização, a série World só se apropriou de sua identidade inicial como bichinho virtual em um videogame em tempos recentes. Mesmo como uma trilogia, os games não mantêm uma consistência e similaridades em seu design, apenas sendo um produto experimental completamente diferente, os quais não se repetiram na série até hoje. Por exemplo, nunca mais se ouviu falar do Digibeetle, apenas sendo um conceito completamente descartado.

É incrível como Digimon nunca possuiu medo de experimentar algo novo na série, onde, mesmo com inconsistências, havia muita coragem por trás de simplesmente testar um novo conceito, algo completamente diferente do que Pokémon sempre fez, trabalhando na mesma fórmula ao decorrer do tempo. Ambas as franquias têm muito a aprender uma com a outra, Pokémon precisando com moderação ter menos medo de arriscar e Digimon a ter um pouco mais de consistência, moderando um pouco o fator de tentar algo novo, evoluir algo criado e estabelecer aquilo como conceito ao longo do tempo.

Divisão: Story, World, Survive, dentre outros…

Apesar de no ocidente quase todos os jogos Digimon serem World por questão de marketing, na era DS foi estabelecida uma divisão: As batalhas por turno como World 2 e 3 e outros jogos similares da série seriam de agora em diante Digimon Story e jogos no estilo do primeiro jogo, carregariam  a vontade do fogo do nome World, simples assim. Com muitos lançamentos acabando exclusivos do Japão entre portáteis – alguns lançados no ocidente, outros não – Mesmo entre esta divisão, há uma experimentação muito interessante.

Os jogos de DS da série Story apesar de similares ao pixel art com elementos 3D da era DS de Pokémon, possuem uma estética em sua batalha muito ousada em seu design, a qual divide opiniões: Um pixel art bonito e sua visão é apenas dos Digimon Oponentes, não é possível ver seus parceiros em batalha, além de outras coisas como escanear dados dos Digimon selvagens e os convertendo em dados para se tornarem seus parceiros, dentre outros, sendo o mais recente da série Digimon Story : Cyber Sleuth Hacker’s Memory, continuação de Digimon Story Cyber Sleuth.

Já World, foi retomado o estilo tamagochi em tempos recentes, com ótimas adições de Quality of Life em relação ao primeiro jogo. Continuava-se uma história diretamente, sendo Digimon World : Next Order o mais recente, recém-lançado para outras plataformas fora da bolha Playstation, sendo elas Nintendo Switch e PC.

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Para os saudosos fãs jurados de Digimon World do PS1, Digimon World: Next Order revigora o título original da franquia. Prepare-se para treinar exaustivamente, e salvar o Digimundo!



Por fim, ao excluir o fato de que Next Order é um jogo lançado há muito tempo, apenas tendo ports recentes, o lançamento mundial mais recente da série é Digimon Survive: Uma Visual Novel que pega conceitos do clássico Digimon Adventure como a evolução por vínculo com seu parceiro e os acontecimentos da história e a forma como seu parceiro evolui depende de suas escolhas, além da batalha em RPG Tático.

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Um jogo diferente do que os fãs esperavam traz novamente um grupo de jovens para o mundo digital. Apresentando uma narrativa densa com gameplay tática dentro de uma visual novel, Digimon Survive conseguiu entregar o que era esperado da franquia?

Experimentar em excesso é bom?

Após todos estes pontos, questiona-se: Experimentar em excesso é bom ou faz mal à série?
Sendo Pokémon uma série que é muito consistente em evoluir sua fórmula com lentidão e Digimon uma franquia que está sempre experimentando coisas completamente diferentes entre um jogo e outro, qual seria o caminho ideal? Na opinião de quem vos escreve: O caminho do meio.

Como dito anteriormente no artigo, falta à Pokémon a vontade de experimentar mais na série principal e à Digimon uma consistência em evoluir fórmulas – sem abrir mão do fator teste completamente –possuindo muito potencial de ambas as séries aprenderem muito uma com a outra. Ambas são muito boas no que fazem, apesar de Pokémon reinar completamente no trono das franquias de monstros capturáveis.

Há espaço para inovação, mas consistência também tem sua importância. De forma balanceada, é possível criar coisas incríveis.

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