Review | Atelier Totori ~The Adventurer of Arland~ DX

2 mêses atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo
Desenvolvedora: Gust
Publicadora: Koei Tecmo
Gênero: Slice of Life RPG, Simulação
Data de lançamento: 04 de dezembro, 2018
Preço: US$ 39,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Koei Tecmo.

Revisão: Davi Sousa

Atelier e o famoso mito de que podemos “tranquilamente” começar uma saga da franquia em qualquer ordem. “Relaxa, você não vai sentir que perdeu algo“, diz a pessoa que apenas começou Atelier Ryza pelo segundo título. NÃO SEJA ESSA PESSOA!

Francamente, detesto este tipo de indicação, pois, se tratando de Atelier, as coisas não funcionam bem assim, uma vez que personagens preexistentes podem ser jogados na sua cara sem contextualização prévia, e, de repente, você se vê alheio a certos acontecimentos. Eu aprendi da pior maneira quando inventei que Atelier Lydie & Suelle seria a minha porta de entrada neste universo. Por isso, eu recomendo iniciar por algum Atelier que seja o primeiro jogo de qualquer saga.

Desabafo feito, o jogo sobre o qual irei falar trata-se de uma continuação: Atelier Totori ~The Adventurer of Arland~, que ocorre muitos anos após a aventura estrelada por Rorona. Aqui, a alquimista passa o bastão para sua discípula, Totori. Portanto, é uma nova história situada em Arland, apoiada por um elenco apaixonante e de rostos familiares, mas que infelizmente insiste tropeçar nos mesmos erros de seu antecessor.

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Atelier Rorona ~The Alchemist of Arland~ é uma apresentação perfeita para a franquia de RPG Slice of Life, ao mesmo tempo que é um ritual essencial para qualquer fã veterano da franquia.

A aventureira de Arland e os amigos que fazemos pelo caminho

Atelier Totori ~The Adventurer of Arland~ segue os tropos de seu irmão mais velho, apresentando uma narrativa simplista e despretensiosa, com o desenrolar da trama entregue a conta-gotas, valorizando mais os aspectos de simulação e elementos de slice of life.

A protagonista da vez é a alquimista em ascensão Totooria “Totori” Helmold, uma garota de aparência frágil, não muito inteligente e com um péssimo hábito de dizer coisas erradas na hora errada. No entanto, suas qualidades incluem ser confiável e persistente, além de sua aptidão para a alquimia, fazendo-a se destacar por toda República de Arland, já que é dito que existem apenas três alquimistas notáveis pelo país, incluindo ela.

Sua ambição, no entanto, vai além de crescer na arte da alquimia: Totori convence seu pai e sua irmã mais velha, Ceci, de que vai partir em uma jornada como aspirante a Aventureira, a fim de encontrar sua mãe desaparecida. Mas ser um Aventureiro é um trabalho de alto risco, que envolve ir a terras desconhecidas e enfrentar monstros perigosos. Totori sequer possui habilidades notáveis de um guerreiro para se virar sozinha. Ela deverá contar então com a ajuda de aliados e do uso da alquimia se quiser ser bem-sucedida em sua busca incessante pela mãe.

É interessante notar que, neste mundo, ser um Aventureiro não é o que possamos chamar de “trabalho autônomo”. É uma profissão sindicalizada pela Guilda de Aventureiros no reino de Arland, onde aqueles que a exercem são pagos concluindo tarefas comuns da função, aumentando sua reputação através de uma classificação que vai de Vidro ao Diamante. Para estar sempre apto a viajar, é preciso renovar o carteirinha após atingir o último ranque num período de três anos.

Toda essa questão burocrática na história é refletida na gameplay, sendo uma das partes importantes do jogo. Devemos nos preocupar em gerenciar nosso tempo subindo de ranque e, ao mesmo tempo, lidando com o andamento da narrativa. É aqui que o controverso esquema de Time Limit entra em vigor — saiba que, assim como em Atelier Rorona, isso não me caiu bem, pois, para mim, é um artifício punitivo que se opõe à sua natureza de cozy game.

Em Atelier Totori, o Time Limit se mostra um pouco mais rígido. Ele tenta agir em consonância com a simulação e exploração, e agora, até mesmo durante o gathering ele está lá te pressionando. Da forma que estou descrevendo, parece que essa mecânica é aterrorizante, e eu posso estar exagerando mesmo. Mas é preciso entender que a forma como lidamos com ela varia de pessoa pra pessoa. Comigo, o Time Limit é quase intragável a depender do jogo.

Contudo, se você conseguir superar este obstáculo, Atelier Totori se mostrará uma experiência gratificante. Neste caso, eu me refiro às vertentes da “fórmula Atelier”, como a supracitada simulação através do Synthesis e o Slice of Life. Quanto à narrativa, concluo que, embora não seja densa, ela ainda é muito divertida de acompanhar; na minha opinião, é mais instigante do que a de Atelier Rorona, escalando para um tom mais dramático à medida que a história avança.

A magia da vida cotidiana

Nunca vou cansar de dizer que o fator slice of life é o que vende Atelier pra mim. Nada é mais revigorante do que ler linhas de diálogos super divertidos por horas a fio. Ajuda ainda mais quando a série acerta em cheio ao dar vida a seus personagens por meio de designs chamativos e seus estereótipos repletos de nuances, tornando-os verdadeiramente únicos em um ambiente cotidiano confortável.

Dito isso, o jogo é prestigiado com um elenco expansivo em decorrência de ser uma sequência que reintroduz o amado núcleo de Atelier Rorona. Mas de forma alguma eles ofuscam o elenco original. Quero dizer: Atelier Totori é magistral em fazer com que as interações e apresentações pareçam naturais. Por exemplo: a conexão que Rorona possui com diversos personagens clássicos faz com que sua aprendiz possa ser introduzida a estes veteranos sem parecer forçado demais.

E é onde eu volto a falar da importância de não começar um Atelier pela metade! E não digo isso só por causa da influência de Rorona na história do jogo, mas sim por todo elenco da aventura anterior se envolver de algum jeito na vida de Totori e seus amigos. O conceito dessa mistureba está no DNA da franquia, não tem jeito! E por favor, entenda de uma vez por todas: jogar Atelier já sabendo das antecedências de personagens retornantes deixa sua experiência mais apropriada de digerir.

Mas não é só essa interação conjunta que faz Atelier Totori brilhar, não. Todo o elenco original já é muito bom de forma isolada. Eles apenas se complementam aos veteranos, mas não são dependentes deles, entende? De qualquer forma, assim como eu elogiei o cast de Atelier Rorona, eu não tenho do que reclamar desta entrada. Eu amei todos eles, desde a dinâmica de irmãos entre Totori e Ceci até as interações esquisitas da Melvia sendo uma predadora de garotas, se é que você me entende.

Pra finalizar este tópico, o slice of life segue forte como nunca, e se você é como eu, que valorizo bastante esse aspecto em Atelier, então será muito bem-servido. A maior vantagem de Atelier Totori é ele possuir um cast mais amplo, permitindo explorar mais interações. Só lamento que a Gust teve a pachorra de tirar o log de conversas. Houve vezes que apertei sem querer o botão de pular os diálogos, então é certo que eu perdi algo legal algumas vezes.

De qualquer forma, eu sei que não é só de conversa fiada e momentos açucarados que vive a franquia Atelier, certo? Por isso, a seguir irei elaborar outra função intrínseca à série, que faz dela realmente única no âmbito de JRPGs: estou falando, claro, do Synthesis!

O inimigo de ontem é o ingrediente de hoje

Eu escrevi muito sobre Atelier aqui no NintendoBoy. Muito mesmo! Pesquisa lá. E se você leu grande parte destas análises, deve estar careca de saber como o sistema de alquimia funciona. Então, eu não queria me alongar com uma super introdução explicando o conceito desta mecânica. Quero apenas pular direto para o que realmente interessa, pode ser?

Mas Marcos, eu não li a por#$a dos seus textos, explica aí!“. Tá legal, chato, eu vou resumir pra você: o Synthesis é o nosso crafting, porém mais bem-pensado do que é visto em RPGs convencionais. Ele pode ser mais complexo a depender do Atelier — embora não seja o caso deste —, mas o fato é que a mecânica é projetada pra gerar um loop divertido de jogabilidade de simulação, e não uma atividade entediante.

Aqui não tem por que se preocupar. Vá catar seus materiais, seja dropando de monstros ou extraindo de pontos de coleta; tenha em mãos os ingredientes necessários que estejam listados na receita do item que deseja sintetizar; depois, escolha as traits que o item irá herdar; misture tudo no caldeirão e voilà, você criou qualquer coisa usando alquimia.

Haha! Me desculpe, eu deixei alguns pormenores para trás. De todo modo, durante o Synthesis, apenas atente-se à bomba relógio, quero dizer, ao Time Limit, pois criar algo requer muitos dias para estar pronto; os itens também consomem seu MP e, se você não tiver a quantidade suficiente, terá chances altas de falhar. Mas não se preocupe, você pega o jeito rapidinho, é muito fácil de manusear.

Ah! Outra coisa legal que adianta muito sua vida é um facility chamado Chim Board, que eventualmente será instalado na oficina. Sem entrar em detalhes da lore por trás dele, o Chim Board permite enviar homunculus pra realizar serviços em troca de uma fatia de torta. Estas criaturinhas adoráveis irão coletar ingredientes ou até mesmo produzir itens em massa. São realmente úteis e ajudam a poupar tempo.

Por fim, não tenho mais a agregar sem que eu deixe este texto mais maçante de explicações como uma torta que possui mais massa do que recheio. Analogias sem sentido a parte, é importante ressaltar que o Synthesis é a base que fundamenta todo o jogo, é impossível você fugir dele. Está tudo conectado. TUDO!

Nem tudo é sobre mexer em caldeirão

Já falamos de tudo que realmente importa em Atelier, mas agora chegou o momento de falar do seu role-playing, que considero a parte mais fraca de todo o conjunto. Mas não me leve a mal: eu realmente adoro RPGs baseados em turnos, até mesmo os menos inspirados, mas não quero enganar vocês dizendo que tudo em Atelier Totori são flores.

Dito isso, assim como em Atelier Rorona, o combate e a exploração também são subdesenvolvidos, para não dizer rudimentares demais. Sendo justo, a exploração é bem mais elaborada pra estar a par com a construção narrativa do jogo, com uma variedade maior de cenários. O motivo por trás disso é que Atelier Totori quer incentivar o jogador a ir atrás de cada ponto do mapa como uma alternativa de “farmar” pontos para subir seu ranque. Esses cenários servem também como pontos de gathering, como é de praxe na série.

O contraponto foi colocarem a desgraça do Time Limit durante o gathering. E eu sei que isso se tornou padrão em jogos subsequentes até a saga Dusk, mas sinto que pesaram muito a mão em Atelier Totori. Se já não bastava o diabo da mecânica contar MUITOS dias ao transicionar de locais, ainda tenho que me preocupar com o tempo avançando na hora de coletar materiais? Francamente, viu!

Odeio essa sensação de ter que fazer tudo na pressa ou apenas ser obrigado a priorizar um segmento da gameplay porque o Time Limit não me deixa jogar no meu próprio ritmo. Eu li que, de todos os jogos que abusam deste fator gerencial, Arland é o mais apertado. E de fato parece, pois quando joguei a trilogia Dusk, mesmo não gostando do avanço de tempo neles, eu progredi sem grandes problemas. Me sinto até aliviado de alguma forma, pois pensei que estava apenas sendo ruim.

Quanto ao sistema de batalha, bem, ele segue a mesma base do que visto em Atelier Rorona, onde podemos carregar até três personagens na party, incluindo a protagonista. Mas, diferentemente do primeiro jogo, neste não temos um Assist Gauge debaixo do avatar da Totori para gerar interações de suporte; em vez disso, são os demais membros da party que possuem uma barra de ação conforme mostrado no screenshot abaixo.

A função dele, no entanto, se comporta da mesma forma: você gasta 1/3 da barra para proteger Totori ou 2/3 para desferir um Follow-up Attack. Para além deste subelemento, cada membro, com a exceção de Totori, pode desferir skills únicas gastando MP ou performar um Special Attack espalhafatoso que fica acessível após a barra estar complementa cheia.

Mas e a Totori, não faz essas coisas? Infelizmente, não. Ela apenas depende de sua cesta de itens para servir como suporte ou atacar usando suas bombas letais. Portanto, certifique-se de sempre encher sua cestinha com conveniências antes de sair para o overworld; caso contrário, ela se mostrará apenas um fardo em batalha.

Em suma, tais elementos de RPG que Atelier Totori possui não são nem um pouco inovadores, e sinto que isso é um problema crônico da saga da qual o jogo faz parte. A exploração tenta aumentar seu escopo, mas peca ao não instigar o suficiente. O Time Limit age como uma cronômetro, não permitindo que você transite de um cenário a outro de forma mais livre para farmar ingredientes ou grindar níveis.

A batalha, por sua vez, acaba se tornando uma atividade monótona por ser singela demais na abordagem. Aqueles que buscam por desafios neste âmbito ainda podem ir à caça de super bosses pelo mapa, desde que entendam que, para se dar bem no embate, deve-se deixar seu time devidamente preparado produzindo os melhores equipamentos, armas, explosivos e itens de suporte com o que temos no inventário.

Mesmo encanto, mesmos problemas

Atelier Totori ~The Adventurer of Arland~ joga seguro mantendo tudo aquilo que cativou os fãs que jogaram Atelier Rorona, mas também é falho ao persistir nos mesmos erros. As melhorias de QoL e adições substâncias são bem-vindas, mas não impressionam tanto. Contudo, o jogo ainda é bem-sucedido ao oferecer uma experiência aconchegante e diferenciada no âmbito de JRPG, assim como seu antecessor.

Pode parecer um pouco duro da minha parte, já que eu amo demais Atelier. Mas acredite, mesmo em minhas franquias favoritas, eu não consigo ser tão tolerante a tudo. Dito isso, eu realmente amei Atelier Totori: todo o elenco de personagens, a sua atmosfera relaxante, até mesmo o seu enredo simplista, porém mais bem-construído, foram o que me manteve de olhos grudados na telinha do Switch.

Em relação a questões técnicas que abrangem aspectos que hoje em dia pareçam datados, entendo que isso possa ser algo a considerar àqueles que, em pleno 2024, não toleram assets baratos, quedas de fps, baixa resolução ou telas de loading com mais de 5 segundos de duração. Não foi o meu caso, pois sei que é um produto de seu tempo e eu não fui doutrinado a ter aversão a experiências de outrora. Muito pelo contrário! Eu acho que toda a limitação técnica da época exala um charme retrô.

Enfim, Atelier Totori é uma aventura cativante e cheia de personagens de puro carisma. Ele pode não ser perfeito como um JRPG, mas está longe de ser uma experiência abaixo da média. Garanto que, se você curtiu Atelier Rorona, será muito difícil odiá-lo. Além do mais, para o que ele se propõe a ser, ainda cumpre bem o seu papel de ser um jogo pensado para ser uma experiência descontraída que mantém a fórmula Atelier intacta para que ela possa continuar se lapidando.

Minha próxima jornada será com Atelier Meruru ~The Apprentice of Arland~, a terceira entrada na saga Arland. Sei que as coisas evoluíram mais em contraste com este jogo, por isso espero poder tecer mais elogios durante a análise do que fiz com Atelier Totori. Por for, aguardem pacientemente pelo texto (eu sei, ninguém está esperando).

Prós

  • O elenco de personagens continua sendo o ponto mais forte, contribuindo para um fator slice of life ainda mais divertido;
  • O Synthesis permanece o mesmo, comportando-o de maneira descomplicada para um loop de gameplay divertido;
  • A narrativa pode ser um pouco mais interessante que a de seu antecessor.

Contras:

  • Elementos comuns de RPG ainda aquém do que poderia ser;
  • A aplicação do Time Limit restringe o jogador em vários segmentos;
  • Por alguma razão, não há mais o log de diálogos.

Nota Final:

7,5

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