DpopUp: o mais novo protagonismo da princesa Peach
Imagem: Reprodução/Nintendo
Talvez ainda haja um pouco de desconhecimento popular geral sobre a existência de jogos que tenham a participação da princesa Peach em seu corpo de elenco protagonista, exceto aqueles que são tão famosos que é impossível dizer que ela não está lá, brilhando com sua simpatia.
Em Super Smash Bros., a princesa Peach mete o sarrafo em qualquer um que queira enfrentar ela no dojo de luta da Nintendo. Em Mario Party, Kart, Tennis, Strikers, Golf, Olimpíadas, todos esses esportivos, ela é uma competidora companheira que divide a arena com os demais participantes. Nas séries principais dos jogos Super Mario, em quase totalidade, a princesa Peach é um mero background para que o protagonista de verdade, Mario, possa ter um motivo real para enfrentar Bowser, resgatando-a de sua vilania. Quando ela aparece em Super Mario Sunshine, Mario perde o foco em salvá-la (em exceções de momentos dentro do jogo) e a Peach passa a ser um NPC (non-playable-charater, personagem não jogável), e lá podemos ter dicas do que fazer e perguntar se a bixinha tá bem.
O protagonismo de verdade da princesa Peach aconteceu primeiramente em 1988 no jogo Super Mario Bros. 2, a readaptação internacional do japonês Yume Kōjō: Doki Doki Panic, também lançado pela Nintendo, quando, pela primeira vez (e por muito tempo única vez), tivemos a opção de jogar com a Peach. Particularmente, era a melhor personagem, já que sua habilidade de planar de forma linear no ar entrega possibilidades no jogo. A próxima vez em que isso iria acontecer seria há 10 anos atrás com o jogo Super Mario 3D World, onde poderíamos escolher entre Mario, Luigi, Toad e a princesa Peach. Nesse momento, já não dava mais pra tirar ela da lista dos protagonismo jogáveis e isso acontece novamente em Super Mario Bros. Wonder, onde, além dos clássicos Mario, Luigi, Toad e Yoshi, dessa vez, a princesa Peach pode protagonizar a luta pela recuperação do Reino Flor. E ela veio acompanhada da princesa Daisy, mas a história dela é para outro momento.
É nesse ponto que entra o “desconhecimento popular geral sobre a existência de jogos que tenham a participação da princesa Peach em seu corpo de elenco protagonista”. Isso porque, em 2005, a Nintendo lançou para Nintendo DS o jogo Super Princess Peach. No título, a princesa tem a tarefa de restagar Mario, Luigi e Toads do Reino Cogumelo, que foram raptados e enfeitiçados pelo Bowser com apoio de um cetro mágico que afeta as emoções dos personagens. Essas emoções se tornam os Power-Ups da Peach, a calma (Calm), a fúria (Rage), o choro (Gloom) e a alegria (Joy).
Diferentemente de Princess Peach: Showtime!, onde a protagonista é aventureira, brava, guerreira, séria — sempre características de heróis masculinos nas séries de jogos —, em Super Princess Peach optaram por reforçar um falso padrão de comportamento feminino de falsas qualidades. Esse apontamento de instabilidade sentimental às mulheres, reforçado paulatinamente em diversos produtos da mídia, apontam diretamente como resultado esse jogo (e outras aplicações no mundo dos games). Nem precisamos avançar sobre esse tópico, porque está até batido demais, mas fica o convite pra quem quiser conversar mais sobre.
Em Princess Peach: Showtime!, a princesa, vista como fraca por ter sido infinitamente raptada nos últimos 40 anos, ganha 10 habilidades únicas a serem usadas durante a gameplay, que será lançada justamente no mês internacional das mulheres, em março de 2023 (provavelmente não intencionalmente), e reflete pontos do avanço das indústrias dos jogos sobre o tratamento e uso da imagem feminina como representatividade e não apenas uma ferramenta de suporte a personagens masculinos.
Ainda, na indústria, há defeitos extremamente evidentes, presentes e que muito dificilmente serão resolvidos a curto prazo, mas, com certeza, esse jogo da princesa vai entregar um alívio para players mulheres dentro do escopo de representatividade da personalidade e vigor feminino na indústria. Porém, ainda há muito o que se fazer — até porque só houveram duas personagens femininas distintas dentro do jogo Super Mario Bros. Wonder, porque o diretor do jogo, Shiro Mouri, possui duas filhas garotas e não ficaria contente com elas tendo que escolher personagens masculinos ou agêneros, como o caso dos Toads e Yoshis, para jogar juntas. Seria injusto com uma das duas.
DpopUp é o mais novo quadro de opinião do e está a comando de Douglas "Dpop" Libriano. Interaja com o autor na seção de comentários abaixo ou através das redes sociais, e obrigado por visitar o Reino do Cogumelo!