Análise – Tomb Raider IV-VI Remastered
Tomb Raider é uma das franquias de maior sucesso da história dos jogos. Mas, como toda franquia longeva, nem todos os jogos foram bem recebidos. Tomb Raider IV-VI Remastered traz a segunda trilogia desse jogo, remasterizada pela Aspyr novamente. Como será que ficou? Bora ver.
Sobre Tomb Raider IV-VI Remaster

Tomb Raider surgiu em 1996, já passou por diversos estúdios e diversos jogos, alguns melhores do que os outros, além de termos alguns cânones diferentes.
No caso dos jogos deste conjunto, Tomb Raider: The Last Revelation (IV) foi lançado em 1999, Chronicles (V) saiu em 2000 e Angel of Darkness (VI), em 2003, e cada um desses jogos teve um processo completamente distinto e complicado.
No caso de The Last Revelation, a equipe estava cansada de ter que fazer um jogo todos os anos, e embora seja um jogo bastante sólido, há vários indícios desse cansaço, até o ponto em que Lara Croft supostamente morre ao final, porque a equipe acreditava que isso faria com que parassem de ter que lançar jogos dela.
Tomb Raider: Chronicles é um jogo que quase ninguém estava a fim de fazer, mas com a pressão de ser lançado, é uma sequência de episódios baeados em aventuras anteriores.
Já Tomb Raider: Angel of Darkness é conhecido por ser o pior jogo da história da franquia. Foi o primeiro jogo no PlayStation 2, mas não só não conseguiu aproveitar o potencial todo do console, por ter saído totalmente quebrado e com partes faltando, mesmo depois de dois adiamentos como também foi o último jogo da Core Design, teve suas sequências canceladas, e após esse fracasso, a franquia foi transferida para a Crystal Dynamics.
Depois do sucesso da remasterização de Tomb Raider I-III, a Aspyr começou a produzir as novas versões da segunda trilogia, não só deixando os jogos mais bonitos, como também acrescentando ao Angel of Darkness vários conteúdos que foram cortados da versão original.
Em 14 de fevereiro deste ano (aniversário de Lara Croft, para quem não sabe), Tomb Raider IV-VI Remastered foi lançado para todos os consoles.
História

Como são três jogos, vou separar em três seções, uma para cada um deles, no que se refere à história.Tomb Raider: The Last Revelation
Tomb Raider: The Last Revelation, o quarto jogo da franquia, e se passa quase que inteiramente no Egito. Depois de um tutorial/flashback da Lara adolescente com Van Croy, começamos nossa aventura no Túmulo de Set, e acabamos libertando-o pelo mundo. Nessa, a gente vai não só dar de cara com Von Croy, nosso antigo mentor, como também várias outras pessoas tentando nos atrapalhar, até que vamos até a Grande Pirâmide de Gizé, um dos cenários mais lindos de toda a franquia, na tentativa de invocar Horus para derrotar Set.

Tomb Raider: Chronicles
Tomb Raider: Chronicles não tem uma história per se. Como Lara supostamente morreu no jogo anterior, após um velório feito para ela, três amigos estão ao redor de uma mesa sentados conversando sobre os feitos dela. Winston (o mordomo), Padre Dunstan e Charles Kane, um professor dela, juntos contam os detalhes de quatro histórias diferentes, e conforme essas histórias são contadas, você joga com Lara as aventuras que eles descrevem. A primeira história é em Roma, a segunda é num submarino russo, a terceira num ilha cheia de demônios, e a última história é digna de Metal Gear Solid, com Lara tentando infiltrar a sede da corporação de Von Croy em Nova Iorque.
Tomb Raider: Angel of Darkness
Tomb Raider: Angel of Darkness tem uma história mais sombria e apresenta uma Lara Croft ainda mais capaz de fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos. Algum tempo depois de supostamente ter morrido, encontramo-nos com Lara e Von Croy em Paris, mas após um ataque de alguém que não sabemos, Lara é nocauteada e, ao acordar, descobre que Von Croy morreu. Como única pessoa presente no local, Lara é suspeita de ter assassinado seu mentor, então, ela foge e tenta juntar as peças para descobrir o que aconteceu.
Lara então conhece Kurtis (a única outra personagem jogável da franquia), um cara que tem alguns poderes mágicos e é parte de uma sociedade secreta. Com Kurtis ao seu lado, Lara precisa enfrentar algumas sociedades secretas, descobrir o mistério do assassino Monstrum e limpar seu nome.

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No geral, são três histórias completamente distintas, que supostamente fariam uma sequência, mas não há tanta conexão entre elas. A história de Angel of Darkness é, uma das melhores de toda a franquia, mas o jogo é tão quebrado que muita gente não consegue chegar a descobri-la toda.
Jogabilidade

Se tem algo que ninguém consegue concordar é se os controles de Tomb Raider são bons ou não. Para algumas pessoas, os controles tanque do jogo são extremamente difíceis de se lidar, enquanto que, para outras, não é possível jogar com os controles modernos.
Tomb Raider IV-VI Remastered traz as duas opções, a exemplo do primeiro pacote. Você pode escolher como jogar, e pode alterar essa escolha a qualquer momento.
The Last Revelation apresentou uma novidade em relação aos jogos anteriores que foi trazer áreas mais longas ao redor de um único local, em vez de capítulos que vão contando a história. Com isso, você explora mais do mesmo lugar, e vários dos cenários são grandes. Chronicles volta à fórmula episódica, já que são histórias diferentes, enquanto que Angel of Darkness apresenta uma história quase que completa indo de um lugar a outro.
Last Revelation é talvez o mais Tomb Raider de todos os jogos. Nele, você explora tumbas egípcias e precisa pular para lá e para cá, seguindo a fórmula clássica da trilogia original. Não há muitas novidades aqui, mas, para quem é fã, é a experiência definitiva de Tomb Raider.
Chronicles traz estilos de jogos diferentes em cada fase. Enquanto nas primeiras duas, você explora bastante e usa bastantes plataformas, na terceira, o foco é maior no combate, enquanto na última parte, o foco é em não ser detectada enquanto avança.

Já Angel of Darkness adiciona uma série de movimentos novos para ela, inclusive a possibilidade de espiar cantinhos e fazer ataques furtivos em inimigos, além de ter novas armas e itens disponíveis. Você também tem alguns elementos de RPG, no sentido de que respostas que você dá em determinados momentos do jogo alteram seu destino, além de ter outra pessoa para você controlar, o Kurtis. Ele se move mais ou menos da mesma forma que Lara, mas as partes dele têm mais combates. Ele também tem os poderes dele, inclusive um escudo mágico, que não tinha na versão original do jogo, foi uma das coisas que restauraram para o remaster, então, mesmo para quem conseguiu a proeza de terminar AoD lá atrás, o jogo traz possibilidades novas.
O sexto jogo também acrescenta uma barra de energia para Lara, que é gasta ao correr ou escalar, e, caso acabe, você cai. Então, gerencie bem sua energia.
De forma geral, um remaster não consegue mudar o que está na essência dos jogos, e a essência deles é o puro suco dos anos 90/começo dos anos 2000: controles lentos, resposta difícil, frustração em vários momentos porque o boneco não faz o que você pede para fazer.
Uma das vantagens do remaster é poder salvar a qualquer momento. Então, antes de tentar qualquer salto ou acrobacia, salve seu jogo, porque a chance de você despencar para a morte é enorme.
Os primeiros dois jogos, você vai precisar alterar para os controles tanque em alguns momentos, porque há partes que são impossíveis de passar com controles modernos. Já Angel of Darkness funciona melhor com os controles modernos, já que foi feito para o PS2 originalmente.
Parte Técnica

Tecnicamente falando, a Aspyr fez o melhor que dava para fazer com o material recebido. Tomb Raider IV-VI Remastered traz um visual extremamente bonito para os jogos novos, e você consegue alterar o visual entre o moderno e o antigo com um toque, como antes, com a diferença que não há perda de framerates agora, ao mudar para o visual antigo.
Não tive problemas com perda ou lentidão em nenhum momento, algo que acontecia às vezes na trilogia original, exceto em alguns momentos de áreas maiores no Angel of Darkness.
Os sons do jogo são muito legais na versão remasterizada, estando ainda mais claros e realistas, e Angel of Darkness tem dublagem em português, o que ajuda muito na imersão. Todos os menus dos três jogos são em português, inclusive legendas durante as cutscenes.
As cutscenes continuam sendo as antigas, então há uma perda gráfica no IV e V, e uma pequena perda no VI. Inclusive, a diferença gráfica de algumas fases no Angel of Darkness nem sempre é perceptível, especialmente se você estiver com a câmera atrás de Lara.
Falando em perda, há um problema com a iluminação dos primeiros dois jogos daqui. Tanto em Last Revelation como em Chronicles, alguns ambientes ficam escuros demais para serem vistos nos gráficos mais novos, então, você vai ter que mudar para os antigos para passar de algumas partes, ou vai apertar demais os olhos e ficar vendo seu reflexo na TV ou na telinha por bastante tempo.

Além disso, o jogo congelou algumas vezes ao voltar do modo de suspensão, e cutscenes às vezes travam a imagem, enquanto o som continua. Por duas vezes em Angel of Darkness, o console travou e deu a tela preta da morte, e numa delas, eu tinha esquecido de salvar, então, perdi muito tempo.
The Last Revelation ganhou uma nova fase, que era exclusiva do PC, a fase bônus Times, mas Angel of Darkness foi, sem dúvida, o jogo que mais recebeu melhorias. Além das gráficas, o jogo também trouxe fases que foram deixadas de fora da produção original, os poderes de Kurtis e falas que foram cortadas originalmente por falta de tempo. É a versão definitiva desse jogo (para o bem ou para o mal).
O Modo Fotografia aqui é bem mais completo que na primeira trilogia, tendo ainda mais recursos e permitindo visualizar os cenários por todos os ângulos. Além disso, desta vez, os looks diferentes para Lara estão disponíveis para jogar, não apenas para tirar fotos.
Conclusão
Tomb Raider IV-VI Remastered é mais um trabalho sólido da Aspyr, trazendo visuais mais modernos para alguns dos jogos menos queridos pelos fãs de Tomb Raider. Mas existe um limite do que pode ser feito com determinado material base. Vale a pena para quem é fã ou quer conhecer a história da franquia, mas ainda acho que o IV e o V deveriam ter sido incluídos com o remaster da trilogia original, e que Angel of Darkness merecia um remake total, não apenas Remaster.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Aspyr

Tomb Raider IV-VI RemasteredRemaster sólido de jogos falhosTomb Raider IV-VI Remastered é mais um trabalho sólido da Aspyr, trazendo visuais mais modernos para alguns dos jogos menos queridos pelos fãs de Tomb Raider. Mas existe um limite do que pode ser feito com determinado material base. Vale a pena para quem é fã ou quer conhecer a história da franquia, mas ainda acho que o IV e o V deveriam ter sido incluídos com o remaster da trilogia original, e que Angel of Darkness merecia um remake total, não apenas Remaster.PrósVisualmente lindo (tirando excesso de escuridão em algumas áreas)Dublagem em português em Angel of DarknessAngel of Darkness com tudo o que deveria ter existido originalmentePossibilidades de múltiplos controlesContrasControles pouco responsivos em alguns momentosEscuridão excessiva em certas áreasAngel of Darkness continua um jogo meio quebradoFalta de criatividade dos jogos anuais claramente refletida na coletânea7{"@context": "http://schema.org/", "@type": "Organization", "name": "<em>Tomb Raider IV-VI Remastered</em>","image": [ "https://universonintendo.com/wp-content/uploads/2025/03/TR-IV-VI-Remastered.jpg" ],"review": { "@type": "Review", "reviewRating": { "@type": "Rating", "worstRating": "0", "ratingValue": "7", "bestRating": "10" }, "author": { "@type": "Person", "name": "Ary Luz" } }}