Afinal, Resident Evil 4 surgiu no Playstation 2 ou no Gamecube?
A comunidade gamer acordou hoje com uma curiosa polêmica iniciada pela Sony, que enalteceu um dos maiores consoles já lançados, o PlayStation 2. Em seu site oficial, além de divulgar uma polêmica atualização sobre o número de vendas do console, a empresa listou uma série de jogos icônicos que marcaram sua história. Entre os títulos mencionados, destacou-se o clássico da Capcom: Resident Evil 4.
Os fãs da Nintendo, porém, demonstraram incômodo com a inclusão desse jogo na lista. Afinal, o título que traz Leon Kennedy como protagonista da famosa série de survival horror foi, por um tempo, exclusivo do Nintendo GameCube. A presença do jogo nessa lista gerou questionamentos sobre a coerência da afirmação feita pela Sony. Mas será mesmo?
Lançado originalmente em 2005, Resident Evil 4 é um dos jogos mais aclamados da série, trazendo uma renovação na narrativa e expandindo ainda mais sua história. Dessa vez, o icônico herói Leon S. Kennedy embarca em uma missão para resgatar a filha do presidente dos Estados Unidos, sequestrada por um suspeito culto religioso na Espanha.
O jogo foi lançado primeiro para o GameCube, em 11 de janeiro de 2005. Apesar disso, a versão para o PlayStation 2, anunciada anteriormente, só chegou ao mercado em 25 de outubro do mesmo ano, marcando a estreia do título na plataforma da Sony.
E porque então a Sony diz que o game nasceu no PS2?
A história é curiosa, mas, antes de mais nada, é preciso esclarecer que a afirmação não está inteiramente errada. Se considerarmos o sentido literal da palavra, de fato, Resident Evil 4 “nasceu” no PlayStation 2, embora, na prática, a situação tenha sido diferente.
Em dezembro de 1999, Shinji Mikami, criador da franquia, teria solicitado a Hideki Kamiya, criador de Bayonetta, que desenvolvesse um novo jogo da série, originalmente planejado para o PS2. Com roteiro escrito por Noboru Sugimura, a ideia inicial era criar um jogo com mais elementos de ação, protagonizado por um personagem com ar de invencível e intelecto superior. Houve até mesmo a proposta de mudar a câmera fixa, característica dos Resident Evil originais, para uma perspectiva que conferisse mais bravura ao herói.
Acontece que Mikami não ficou satisfeito com a proposta, por acreditar que, apesar de quererem dar uma nova ideia a série de RE, o game fugiu demais da proposta de Survival Horror, mas a ideia era tão boa que não valia a pena ser descartada, nascendo assim uma outra franquia que tanto amamos no mundo dos games: Devil May Cry.
Com isso, o desenvolvimento de Resident Evil 4 foi recomeçado do 0 e dessa vez sob a direção de Hiroshi Shibata, sendo anunciado em novembro de 2002 que o game seria um dos 4 exclusivos da Capcom para o Nintendo Gamecube. Em uma antiga entrevista a Variey, realizada em 2020, Mikami falou sobre os termos assinados com a big N para RE4 ser exclusivo do console e do que o motivou a fazer isso, já que anteriormente o game foi projetado para o Playstation 2, mencionando que se os esforços da Sony com o PS2 e da Microsoft com o Xbox não funcionassem, “eles poderiam simplesmente voltar para o que são bons e pelo que são conhecidos”.
Na época, eu estava pensando, ‘bem, a Nintendo pode ser a única que restou no futuro que teria jogos para as pessoas – não apenas para crianças, mas também para adultos’. Esse era o pensamento na época. E então eu estava completamente errado…
Lembro-me que o presidente da Capcom, Tsujimoto Kenzo-san, me chamou e me perguntou: ‘será que realmente não vamos lançar em outras plataformas?’, perguntou. “E eu tive que dizer: ‘bem, se você quiser fazer isso, você pode fazer isso, mas você tem que me despedir primeiro
Então da pra se entender que sim, o jogo nasceu, no sentido literal, na plataforma do Playstation 2, mas sinceramente, é um pouco forçar a barra analisar assim não é?
O que importa é que Resident Evil 4 foi de fato um grande sucesso, sendo inclusive portado para inúmeros consoles(inclusive presente no Nintendo Switch) e com um Remake de qualidade feito no ano passado, sendo aclamado tanto pelo público quanto pela critica.