[Review] - Pode

Todo mundo gosta de jogos singleplayers ou um competitivo pra se desafiar. Mas é sempre bom a gente reservar um tempinho pra jogos cooperativos, em especial os famosos “multiplayer de sofá”, que você joga ali, lado a lado com alguém.
Apesar de “Pode” permitir ser jogado inteiramente sozinho, ele é também um desses jogos pra se jogar com alguém especial. Um puzzle coop simples mas que não deixa de ser um bom jogo e que, sendo um jogo sobre conexão, traz momentos bons entre casais ou pais e filhos, familiares em geral, ou quem mais for especial pra você.
Essa foi uma surpresa que tá chegando hoje na eShop, e até o dia 22, ele está custando R$30 apenas e eu já quero contar sobre como ele é, tanto sozinho, quanto de 2, adiantando que se trata de um bom jogo e que tá chegando num preço acessível pra mais pessoas terem um jogo novo sem gastar tanto.

QUEM VAI GOSTAR DE PODE?
“Pode” é um jogo sobre cooperação de 2 personagens, o que significa que mesmo quem jogar sozinho, terá de controlar os 2, embora, não ao mesmo tempo como um Bayonetta Origins ou Astral Chain, tipo, aquela coisa complicada de “o primeiro analógico pra um, e o segundo analógico pro outro" jogando sozinho você alterna quem controlar apertando X, e no geral, o jogo funciona sim muito bem sozinho, já que existe até um botão que permite que os 2 andem juntos pra você não cair em situações como “dá 3 passos com um, agora muda, dá 3 passos com o outro”.
Mas claro, até pela proposta do jogo, você já imagina que ele é um caso de “MELHOR em Coop” e especificamente o local, o famoso “multiplayer de sofá”. Afinal, aí sim você tem cada um controlando um personagem, e se a dupla consistir num mais experiente e outro mais iniciante (pai e filho, por exemplo), sendo algo ali um do lado do outro, caso algum trecho seja difícil pro novato, a possibilidade de trocar de controle tá ali à disposição. Então, esse é um jogo que dá pra todo mundo jogar, pois não exige muita coordenação motora ou reflexos, e sim raciocínio, mas mesmo isso, como são 2 pessoas pensando juntas, tendo alguém mais experiente na dupla, já é certeza que a dupla terá sucesso em progredir e terminar o jogo.
Outro fator que garante que todos podem terminar o jogo é que já existem diversos guias na internet, pois esse é um lançamento em termos de eShop brasileira, mas o jogo em si, está disponível no console desde 2018 e finalmente ele agora está disponível pra nossa loja nacional.
Vale mencionar também que ele tem português, porém, é basicamente para menus, pois o jogo em si é praticamente sem texto nenhum, o velho estilo de “as imagens contam a história”, até porque ela é bem simples e apenas dá o empurrão necessário pro jogo existir e com um fim satisfatório pros que chegaram no término da jornada.

QUAL O TAMANHO DO JOGO?
De forma bem lúdica, “Pode” começa quando uma pedra conhece uma estrela cadente que caiu ali próximo à ele. Eles fazem uma amizade e a dupla quer chegar no topo de uma caverna/montanha pra estrela voltar pro seu habitat, ao entrar na caverna, eles percebem que é um lugar mágico e bora pro jogo. Simples assim, apenas apresentando os personagens e dando uma missão pros jogadores.
Como já dito, se trata de um jogo de puzzle/quebra-cabeça, ele é dividido em fases e mundos, de modo bem tradicional. Fases curtas, geralmente com um grande puzzle a ser resolvido e algumas dessas fases cabem inteira num quadro único de uma câmera afastada. É pra ser algo prático, direto e com pequenas sessões, sem demandar muito tempo pra se ter um progresso.
A pedra é mais pesada, então, ela pode pular e apertar botões, além disso, é mais forte, pode carregar uma caixa com a boca, por exemplo. Já a estrela é leve, o pulo dela chega mais longe com uma leeeve planada. Além disso, ela emite luz, então, ela “acende coisas”.
Existem outras diferenças ao longo do jogo, mas aí vocês descobrem por conta própria pra não sair dessa análise com todos os spoilers e novidades do jogo (embora, isso sim seja bom avisar, não serão muitas, em termos de novas habilidades, mas existem).

A dificuldade dos puzzles é boa, apesar de ser um jogo bonitinho, ele traz sim seus momentos de fritar cabeça, mas o legal é que não por muito tempo; a vantagem de se ter fases curtinhas é que eles conseguem desenvolver bem a dificuldade, sem criar nada muito megalomaníaco porque… não tem espaço pra isso, as fases não são feitas pra durar 20 minutos (a menos que você trave nela, não tô falando nesse sentido). Então, o desafio é satisfatório, principalmente pensando na proposta de um puzzle coop casual.
Como de costume de jogos mais bem aproveitados em coop, o “Pode” não é longo, ele tem sim um bom conjunto de fases (8 mundos com 4 a 8 fases) e um sistema simples de coletáveis, mas a sua campanha em si dura entre 4 a 5 horas, com a possibilidade de ser mais, caso os jogadores fiquem travados em algumas fases, e também, se alguém decorar o jogo e todas as soluções pra todos os puzzles, daí esse tempo cairia pela metade.
Jogos de 5 horas são considerados curtos por algumas pessoas, mas para outras é a duração ideal. Quando se pensa em cooperativo local, é uma duração boa afinal, precisam 2 pessoas estarem disponíveis ao mesmo tempo e na mesma casa durante 5 horas, e no caso de adultos, às vezes é difícil conciliar. O tempo curto também possibilita a dupla terminar num fim de semana, então, de repente você tá visitando seus pais e tem lá sua irmã, aí dá pra zerar num dia, ou nos 2 dias do fim de semana, por exemplo.
E bom, por mais que muitos não gostem comprar um jogo pra acabar rápido, pelo menos eles compensam isso cobrando um valor não muito alto de 60 reais no lançamento.

PRÓS E CONTRAS
Existem diversos pormenores do jogo, tanto positivos quanto negativos e vale dar uma passada sobre esses prós e contras no geral:
Prós, ou, acertos:
O jogo é carismático. Não só porque acontece dele cativar, mas, ele claramente quis isso e se esforçou pra isso. Pois, os gráficos são bonitos e a ambientação também tem uma boa direção de arte.
Aliás, falando em ambientação, o jogo traz uma mecânica de gameplay puramente estética mas que agrega ao produto e novamente, ao carisma que ele quer emplacar. Os personagens se cobrem de luz, e isso tem efeitos práticos em gameplay, mas, ao passar pelo cenário, essas luzes meio que restauram a flora do local, você vê a caverna ganhando pedras preciosas, ou vegetação, é uma coisa bonita de se ver, você quer passar em tudo pra ver o cenário todo decorado, por mais que não seja nada que impacte na gameplay, mas…é simplesmente legal, e é bom quando o jogo te deixa se divertir sem propor “desafio vs. recompensa”, só como um extra.
Outra boa notícia é que o jogo ajuda quem gostou dele e quer voltar pra fazer 100%. Existem 2 tipos de coletáveis, um pra cada personagem e basicamente, consiste em acender a sua luz num objeto do cenário. Não é difícil pra quem quiser já fazer tudo enquanto joga pela primeira vez. Porém, caso o jogador prefira depois de terminar a campanha, voltar pra fazer 100%, saiba que todas as fases podem ser acessadas apertando +, e nesse menu, podemos ver quantos coletáveis ficaram faltando em cada fase, então, é bem prático. Além disso, existe uma outra…surpresinha, que facilita esse processo, então, recomendação, é melhor deixar os 100% como pós-game.

Mas, como sempre, também temos que trazer os pontos negativos do jogo, que nesse caso, não são muitos.
A performance é em geral estável… mas nem sempre, principalmente quando rola um show de luzes, esse tipo de coisa, então, existe um leve puxão de orelha sobre performance sim.
O jogo investe em boa fotografia, colocando a câmera em ângulo que deixem a vista mais bonita, mas isso está sendo citado aqui nos contras porque, por diversas vezes, esse ângulo não é o melhor para o gameplay, principalmente em trechos de pulo/de plataforma.
Aliás, como jogo de plataforma, esse jogo não é tão bem executado. Tem alguns pulos muito simples que conseguem ser frustrantes por falta de uma boa física e controles responsivos. Não afeta 85% do jogo que é mais sobre “o que fazer”, mas esses 15% irritam mais do que deveriam.
”Pode” tenta seguir a linha de “contar a história sem palavras”, mas, diferente de outros puzzles, como Cocoon, por exemplo, ele não consegue guiar tão bem o jogador só pelo gameplay, e em alguns quebra-cabeças acontece de ser algo simples mas que demora pro jogador resolver porque é difícil entender o que tem que fazer, já que ele não recebeu quase nenhuma instrução e aí quando eles inventam algo fora da caixa… bom, o jogador não sabe disso, ele fica tentando resolver o puzzle NA CAIXA até desistir e enfim sair dela. Isso não acontece MUITO, mas acontece.

CONCLUSÃO
“Pode” é competente e carismático, seja em termos técnicos ou de gameplay, existe um jogo sólido bom o suficiente pra agradar a maioria de quem o jogar.
Ele é melhor em dupla, com certeza, mas mesmo sozinho é perfeitamente aproveitável. É só que quando a gente pensa em jogos de puzzle singleplayer, o leque fica maior e a fila de recomendação também, já em coop, como é algo mais escasso (jogos pensados com prioridade no coop local), ele aí sim brilha e se torna um destaque d Switch nesse mês, embora, lembrando, é um destaque nacional em termos de lançamento, pois lá fora ele já estava disponível.
E que bom que as empresas ainda estão lembrando de regionalizar a comercialização dos seus jogos.
Tecnicamente falando, uma nota pra ele seria 8,5. Ele entrega o que se propõe com alguns tropeços e elementos onde você sente que faltou orçamento, mas no geral, é um jogo simples que soube ser simples e bem feito.
Já em termos pessoais, a tierlist da experiência geral e nível de recomendação, é A - Muito Bom. Pelo menos esse é o nível de recomendação pra uma experiência cooperativa, e sozinho, ele tende a cair um pouco pra B+ - Bom. Mas o sentimento final geral que fica é a tier A.