[Review] - Paper Mario: The Thousand-Year Door
Paper Mario The Thousand Year Door sempre foi considerado um dos melhores jogos do GameCube, e pra muitos o melhor Paper Mario até hoje, mas será que em seu aniversário de 20 anos, um remake desse jogo tem calibre pra ser um game valioso na incrível biblioteca do Nintendo Switch?
Sendo bem direto, sim, tem. E não só pra ser um bom jogo, como um dos melhores, especialmente quando falamos de Mario.
O QUE É ESSE PAPER MARIO?
Paper Mario The Thousand Year Door, é um jogo original de Nintendo GameCube, lançado em 2004 e desenvolvido pela Intelligent Systems, uma parceira de longa data da Nintendo, conhecida pela franquia Paper Mario em si, mas também por Fire Emblem (sim, são os mesmo caras). E eles também já fizeram MUITA coisa com a Nintendo como WarioWare, Advance Wars, Pushmo e Puzzle League. No geral, eles honram o nome de “Intelligent” pois todos os seus jogos ou são de puzzle/estratégia, ou são muito criativos.
Tirando a dúvida inicial, essa semana será lançado no Nintendo Switch o remake do jogo. Não é uma remasterização, não é um port melhorado ou emulado, é um jogo refeito do 0 (re-make). Porém, assim como outros jogos refeitos sob supervisão da Nintendo, como Zelda: Link’s Awakening ou o próprio Super Mario RPG, esse Paper Mario segue fielmente a mesma estrutura, o que alguns chamam de “remake 1 pra 1” , então, não é como “Final Fantasy 7” ou “Resident Evil 4” onde eles mudam coisas na história, jogabilidade, etc; e por isso, não se surpreendam se muitos chamarem ele de remaster por aí, mas ele é um remake.
Porém, isso não quer dizer que mudaram apenas os gráficos. A música foi refeita, existem novas opções pra facilitar coisas complicadas (as chamadas “melhorias de qualidade de vida”) entre outras coisas. No geral, essa versão é melhor que a original, pois apenas adiciona melhorias.
Em relação ao jogo em si, esse é um dos jogos de RPG do Paper Mario (e pra muitos, o ápice da série, fazendo com que parte dos fãs siga pedindo pra que o próximo jogo seja RPG… o que nunca é atendido). É um sistema de RPG simples, na verdade, pois os únicos status que subimos ao passar de level são: vida, mana (energia para usar ataques especiais), e inventário de insígnias (itens equipáveis que nos dão ataques novos ou melhoram nosso ataque ou defesa -e note que o único jeito de aumentar defesa é com as insígnias). Em termos de RPG, o forte fica por conta de seu combate.
O combate é por turnos, porém, além da estratégia que esse tipo de jogo proporciona, existe também uma mescla com ação/reação, ou seja, reflexos. Cada ataque do jogo exige alguma interatividade, algumas simples, como “segure um botão até um tempo determinado” e outros já são mais complicados, como “apertar um botão surpresa na hora certa”, e claro, quanto mais fácil for pra executar o ataque, mais fraco ele é, e vice-versa; então o jogador precisa se auto-avaliar pra escolher quais ataques equipar, se você acha que dá conta, use os mais fortes e complicados, se não, foque nos simples que você sabe que não vai errar.
Além disso, é preciso pontuar que o combate é, por parte do jogador, em dupla, o Mario e algum dos acompanhantes que ele encontra pelo caminho. Esses acompanhantes funcionam de maneiras diferentes, e você não sobe o level deles, sendo possível apenas melhorá-los 2 vezes ao longo da campanha, e isso é ótimo pois torna todos eles úteis, ou seja, você não precisa escolher qual vai ser sua dupla, eventualmente, algum inimigo vai ser melhor usar determinado acompanhante e no fim, você estará sempre usando um pouco de cada um.
A história do jogo é sobre a porta dos mil anos (thousand year door). Existe um grupo de vilões intergalácticos chamados X-Nauts que sequestram a Princesa Peach (por motivos de spoiler) e o objetivo deles é abrir essa porta lendária (o claro, o porquê é spoiler também haha, joguem), e pra isso será necessário coletar as chamadas Crystal Stars, que são como a chave pra essa porta milenar e que estão espalhadas nas cidades e regiões ao redor de Rogueport que é nossa cidade base e é onde fica a porta dos mil anos.
Então, resumindo, cada capítulo do jogo é o Mario indo atrás desses cristais numa região diferente, numa espécie de “corrida” pra ver quem coleta os cristais primeiro (inclusive, o Bowser também entra nessa corrida, mas… ele tá sempre atrasado, coitado).
E por fim, claro, sendo um jogo de Paper Mario, os desenvolvedores abusam da estética “papel” pra criar cenários, personagens, e cenas marcantes. Aquele show de criatividade típica da série Paper Mario.
Tanto a premissa de gameplay quanto de história fazem parecer que o jogo é de um certo nível…bom. Mas indo além da ficha técnica, tá na hora de te contar porquê esse jogo foi especial na época de lançamento, e porque ele é valioso hoje em dia.
POR QUE É INCRÍVEL ANTES E AGORA?
Sendo a Intelligent System a desenvolvedora de Fire Emblem, um dos principais RPGs da história da Nintendo, deixar na mão deles um RPG do Mario foi e segue sendo uma ótima escolha, resumindo : Esse jogo é um RPG feito por quem manja de fazer RPG.
Essa experiência se mostra presente num dos aspectos mais importantes dos RPGs: a sua história. Ela é incrível e supera tudo que você espera de um jogo do Mario, do universo Mario. Os diálogos são bons, aliás, ótimos. São bem humorados no geral, e contam muito bem seu enredo, e o enredo particular de seus personagens, rendendo momentos mais… sérios? É curioso que de certa forma, o jogo usa o cartunesco pra amenizar coisas pesadas, como culpa, aceitação, luto… assim, é jogado de um jeito mais leve pra crianças, que podem nem perceber a dimensão do que está sendo exposto, mas, adultos prestando atenção, vão arregalar os olhos e dizer “eita, não esperava por isso num jogo do Mario”.
Os personagens também são um ponto EXTREMAMENTE FORTE desse jogo, e isso não só pra franquia Mario, mas como um todo. É sério, o jogo simplesmente NÃO PARA de te apresentar personagens marcantes, seja um dos acompanhantes que ficam na sua party, NPCs comuns, ou mesmo chefes. É tipo chuva de personagem bom do começo ao fim, numa consistência inacreditável em cada capítulo que se passa numa região diferente.
Essas regiões também são ótimas. Cada uma delas tem uma história própria, e relativamente bem desenvolvida pra um mero capítulo de jogo. É quase como se esse jogo fosse, na verdade, um compilado de vários jogos curtos. Você chega na nova cidade, conhece personagens nativos dali, entende o plot do local, desenvolve, quase sempre tem ali alguma reviravolta, e termina solucionando o problema da população.
Então, é uma história boa, com uma chuva de personagens bons distribuídos em ótimos capítulos cada qual com uma população diferente e um arco próprio completo. E esses arcos são muito diferentes ! Vou usar exemplos fictícios pra não dar spoiler, mas é tipo “cidade 1 tem uma maldição que ninguém dorme”, aí na cidade 2 você tem que vencer uma olimpíada… cidade 3 você é um diretor de cinema, sei lá… é muito diversificado e criativo.
A forma com que o jogo usa e reiventa os personagens da série Mario (caveiras, goombas, tartarugas) é absurdo, a construção desse mundo é absurda, tanto que…. óh, pode ser meio polêmico o que eu vou falar (kkk) mas, se você achar alguém que nunca jogou nada do Mario, e der “Paper Mario The Thousand Year Door” e depois um Mario Wonder ou mesmo Mario 3D World, talvez a pessoa saia pensando que o Paper Mario é o jogo principal, o jogo de plataforma é o spin-off.
Assim, não levem ao pé da letra, o que quero dizer com isso é que esse jogo te mostra uma desenvolvimento incrível pra um universo muito conhecido e amado, meio que, um potencial que você não sabia que estava lá. Esse fator é muito forte na série Paper Mario como um todo.
Esse ótimo enredo de um jogo de 2004 ainda hoje brilha, pois muitos amam o universo do Mario, mas sabem que nos outros jogos do Switch, são bem pouco aproveitados, em termo de construção daquele mundo (nesse sentido, o Odyssey é o que mais faz alguma coisa) e é por isso que você que é fã desse universo tem que jogar esse jogo, pois ele vai te dar algo que TALVEZ você sempre quis que é uma história bem desenvolvida. Claro, algo já visto no outro Paper Mario do Switch, o “The Origami King” mas… nesse jogo… é feito de um jeito extra especial, sabe quando é tudo nos eixos?
Outra coisa que talvez você busque em Mario e encontra aqui? Uma boa relação de dificuldade, ou melhor, recompensa pela sua habilidade. Estamos vivendo uma época onde os jogos estão, em geral, cada vez mais fáceis, e Mario tem seguido essa tendência também. Sendo um jogo de 20 anos atrás, em “thousand Year Door” não temos um jogo difícil, mas ele exige sim que você administre bem seus recursos como itens, sua mana, HP… não dá pra desligar o cérebro nesse jogo. E mais do que isso, ele sabe recompensar o jogador que treina os movimentos mais exigentes, principalmente a defesa, pois executando uma guarda perfeita, não só você não leva dano como causa dano, então, os mais corajosos podem se arriscar tentando essa guarda perfeita e, conseguindo fazer uma, claro, é muito, muito satisfatório.
Em termos de arte, tanto visual quanto sonora, é quando o fator remake entra e brilha. Visualmente falando o jogo é muito bonito. Não é tão bonito quanto o Origami King que, por ser um jogo novo e atual, tem cidades maiores e mais detalhadas, mas só por isso, e no geral, a iluminação é impressionante aqui.
Eles deram um tapa geral nos cenários também, é tudo muito, muito bem feito e agradável aos olhos.
Em termos de música também, esperem por coisa boa durante o jogo todo. Assim, o original continua tendo seu charme, claro, mas…. os caras mandaram MUITO bem nos novos arranjos, dando uma cara mais “instrumentos reais”, aproveitando melhor os instrumentos de banda mesmo.
Todos esses elogios são o fora da curva, mas o básico que são os puzzles, o level design, como eles usam os poderes de papel… tudo no lugar.
Embora… tem algo sim que mesmo eles melhorando ainda pode parecer datada, mas antes de falar o que o jogo tem de ruim a última coisa que eu vou falar de bom é algo que geralmente se espera que seja ruim quando falamos de um remake 1 pra 1 de um jogo de 20 anos: o seu custo x benefício.
Esse anos temos visto vários remakes e remasterizações, e… nós temos sido honestos dizendo que eles são jogos legais, valem pela curiosidade ou pros fãs dos originais, mas… no geral, não valem o preço cobrado por terem escopo reduzido e baixa duração e num geral “não impressiona mais”. Não é o caso de “Paper Mario The Thousand Year Door”. Amigos, eu sei que R$300 é um valor muito alto, mas entendendo que esse é o preço dos jogos atuais, devo dizer que esse é um que sim, vale a pena, principalmente usando os Game Vouchers que aí sai por R$250. Pois esse jogo não só ainda é muito bom, acima da média mesmo, como ele tem uma duração ótima ! O jogo dura em torno de 30 a 35 horas, até 50 pra quem não tiver pressa, gostar de upar nível, ou mesmo tiver mais dificuldade.
AS RUGAS DO JOGO
Começando por algo simples de apontar, menos divisivo: a falta do português. Infelizmente, não só você perde boa parte da graça do jogo sem entender seus diálogos (poh, passamos um tempão elogiando a história do game) como é difícil até de progredir sem entender o que está escrito em inglês ou espanhol. A progressão do jogo não é linear, não é de mão beijada, e inclusive, tem muitos enigmas nele, então, é preciso entender e entender BEM pra poder jogar sem consultar um guia na internet.
A progressão e exploração do jogo é a ruga desse remake, é o que denuncia que não é um jogo novo, pois ele tem aquele jeito antigo de progredir e que alguns não gostam no dia de hoje, que é o famoso “rodar em círculos”. O jogo não tem fast travel, exceto por uma área nova nesse remake que te permite ir para as regiões numa sala de canos, mas só dá pra usar indo nessa sala e pra um lugar específico da região, já ao longo dela…não tem jeito, tem que andar, e andar.
Seja por limitação de hardware ou por estilo da época, muito da exploração desse jogo é baseada em “vai lá, ah, agora que você foi, volta tudo… bacana, pode retornar lá pro outro lado que agora sim abriu uma sala nova”. E os inimigos não voltam de imediato, então, tem muito momento que você tá só andando e andando, e andando.
O auge disso é um capítulo onde, temos basicamente um conjunto de “moradias” (tentando não dar spoiler) e aí o plot dessa região é tipo “hum, fala com a casa 8”, aí você vai lá “legal, fala isso com o cara da casa 3”, recebe um item e aí entrega na casa 7… tipo…tudo propositalmente longe, entendem?
E por fim, algo que também não é mais comum hoje em dia, mas que eles colocaram uma ajuda, é a coisa do “eita…pra onde que eu tenho que ir?”. Como eu mencionei, o jogo não progride de forma linear, então, você tem que estar atento aos diálogos pois um NPC vai te dizer, de uma forma não mastigada, o seu próximo passo, mas pode render sim alguns momentos de você achar que era pra um lado e era pro outro.
Felizmente, eles incluíram um sistema de dicas que sempre te relembra, geralmente com outras palavras até, qual seu próximo objetivo. Mas o pessoal que tem aí aversão, quase fobia, de ficar perdido, pode se irritar em alguns momentos específicos e recorrer a uma gameplay, por exemplo.
Esse último ponto não é necessariamente um defeito, eu sei que muitos até PREFEREM jogos assim, que não te entregam uma linha que guia até o próximo destino, mas é algo que é importante pontuar pra quem não é assim, especialmente que sabe que não gosta dessa característica dessa época.
Por fim, é bom mencionar que o remake roda a 30 frames por segundo, enquanto o original rodava a 60, ou seja, ele é menos fluído que o original, mas assim, não é muito menos fluído, afinal, esse remake é um…remake, eles refizeram o jogo, incluindo as animações, então, esse ponto é importante citar, mas você não deve notar nada. É diferente de um port de um jogo feito em 60 e caparem pra 30, aqui você tem um jogo feito em 30 frames mesmo.
Entendo que foi a escolha do estúdio, eles deixaram a fluídez um pouco pior, mas melhoraram muito os gráficos. Mas talvez um modo de escolha entre performance e visual seria melhor, afinal, pros jogadores que querem dominar a Guarda Perfeita, 60 frames é melhor sem dúvidas.
A boa notícia é que, basicamente… é isso o que tem pra falar de ruim do jogo.
CONCLUSÃO
“Paper Mario The Thousand Year Door” é um jogo incrível. Ele já era elite no GameCube, e não só muitos de seus elementos ainda são bons até hoje envelhecendo muito bem, como alguns elementos até envelheceram melhor do que na época, como a dificuldade e história nos jogos do Mario, pois ambos foram muito simplificados pela tendência atual, e esse jogo resgata o jeito mais “raíz” dos videogames.
Embora ele tenha seus problemas como a falta de português e a sua exploração muito baseada em caminhadas desnecessariamente extensas mostre sua idade, num geral, são muitos poucos contras pra muitos prós.
Não é exagero dizer que esse jogo é um dos melhores do Mario, não só do Nintendo Switch mas como da história da Nintendo. Na lista de remakes ou remasterizações, esse aqui está no topo, ao lado de jogos como “Metroid Prime Remaster” e “Zelda Link’s Awakening”.
É um lançamento simplesmente IMPERDÍVEL para TODOS os donos de Nintendo Switch, e, até o momento, disparado o melhor exclusivo de 2024.
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NOTA: 9/10
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