Review | Xenoblade Chronicles 3: Future Redeemed
Desenvolvedora: Monolith Soft
Publicadora: Nintendo
Data de lançamento: 25 de abril, 2023
Preço: R$ 149,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia adquirida pelo redator.
Revisão: Davi Sousa
Não vamos fingir que nada aconteceu, ok? Eu sei que esse DLC já saiu há um bom tempo e peço desculpa por essa review não ter aparecido no site antes! Porém, não adianta eu ficar aqui me martirizando pelo atraso, vamos aproveitar esse distanciamento para fazer uma análise de um ponto de vista mais organizado em que eu possa compartilhar com você, leitor(a), o que realmente achei desse delicioso DLC que a Monolith Soft trouxe para seus fãs.
Xenoblade é uma franquia que conquistou o meu coração, de tal maneira que a cada novo jogo (ou DLC) anunciado, fico superanimado com a certeza de que terei uma experiência com muita exploração, música espetacular e uma história épica e emocionante. A cada jogo novo, a franquia vai amadurecendo e os fãs vão criando expectativas com base no que já foi lançado, e após a segunda entrada da série ter recebido um DLC recheado de conteúdo, havia muita expectativa para o conteúdo adicional do seu sucessor.
Mas não para por aí: a expectativa em cima desse “humilde” DLC vai além do que se esperava de Torna: The Golden Country. Future Redeemed também carrega o peso de ter que unificar a franquia, trazendo de volta dois amados protagonistas e mais uma boa dose de referências para quem não ficou satisfeito com o jogo base.
Quero discorrer aqui sobre a ousada missão desse DLC, o que achei da experiência e o que nos espera no futuro da franquia Xenoblade.
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Em um mundo marcado pela guerra, rivais se unem para mudar o rumo de seus destinos. Xenoblade Chronicles 3 é uma prova da maestria de Monolith Soft, entregando um dos melhores jogos da geração até então.
Melhorando o que já estava ótimo
Que tal começarmos falando da gameplay? Sugiro isso por que não há muitos segredos aqui: Xenoblade Chronicles 3 já foi um baita aperfeiçoamento da fórmula da franquia, facilitando muito o entendimento das mecânicas e unindo as melhores parte do primeiro e segundo jogos. Future Redeemed não muda tanta coisa do jogo base e segue a fórmula já campeã, trazendo pequenas melhorias e adaptações ao contexto deste DLC.

O combate, por exemplo, é muito similar, com a principal diferença sendo a ausência da mecânica Ourobouros do jogo base, da qual confesso que senti falta. entendo que ela não faria sentido no contexto do jogo, porém fico com a impressão de que faltou substituir com uma mecânica à altura; o que temos aqui é no máximo alguns ataques especiais com o poder do Ourobouros e os poderes da personagem “A”, que trazem algumas surpresas para as batalhas.
No geral, sinto que o combate é menos completo que o do jogo base, o que é uma pena porque em Torna ele parecia muito mais bem desenvolvido do que o que tínhamos. Mas reitero: ainda é um sistema muito divertido e que traz de volta tudo que já funcionou em Xenoblade Chronicles 3.
A questão é diferente quando falamos de exploração. Aqui, acho que o game tem uma evolução notável com o sistema de Affinity Goals. Para dar um breve resumo: se você é um grande fã de checklists, essa mecânica é para você. Quase todas as atividades que o jogador realiza explorando os cenários desenvolve as Affinity Goals com as porcentagens sendo mostradas no menu. O que faz a rodar girar é que os Affinity Points que o jogador ganha completando essas atividades podem ser usados para fazer upgrades de habilidades para cada personagem.
Esse sistema foi um baita incentivo para que eu fizesse de tudo no jogo, batalhasse com cada novo inimigo que aparecesse, conversasse com cada NPC e, claro, explorasse cada canto do mapa.
Mais uma bela pintura da Monolith Soft
É claro que, assim como outros jogos da franquia, a direção arte do game já é um convite aberto para que o jogador queira explorar cada canto deste pitoresco universo. Não acho que Future Redeemed se destaque particularmente nesse quesito em relação aos outros jogos da série: há pouco de novo aqui, levando em conta que muitos dos cenários são misturas de elementos que já vimos nos dois primeiros games (fora o fato do jogo ser construído no mesmo motor gráfico do jogo base), mas ainda assim os locais são belíssimos e há aqui um quesito que preciso destacar: a trilha sonora.

Enquanto em Xenoblade Chronicles 3 as músicas dos cenários pareciam mais atmosféricas e intimistas, Future Redeemed traz de volta canções épicas para acompanhar os cenários, com destaque para a música tema da região de Cent-Omnia logo no início da campanha, que lembra a canção de Gaur Plains do primeiro game, ou Gormotti, do segundo, com a orquestra esbanjando uma variedade de instrumentos, trazendo um dinamismo musical fascinante que é marca registrada da série.
Já entrando um pouquinho na história do game, um aspecto técnico que me decepcionou foi a falta de inspiração para as cutscenes de ação. É claro que é um DLC e não esperamos o mesmo nível de investimento do jogo base, mas tive a sensação de que desta vez a Monolith Soft se apoiou demais em cutscenes sem uso de captura de movimentos, com os personagens fazendo movimentos mais duros e robóticos. As cenas com maior produção me pareceram muito curtas, o que considero um ponto negativo levando em conta que a direção das cenas é um dos elementos mais atrativos na franquia, inclusive com Torna tendo uma fantástica batalha de robôs gigantes que dura mais de 5 minutos!

Sei que as comparações com o DLC de Xenoblade Chronicles 2 podem parecer excessivas aqui nesse texto, mas meu único objetivo é demonstrar em que nível a Monolith Soft pode chegar com um conteúdo adicional, porque convenhamos: ainda que eu possa ter algumas críticas, se eu comparar Future Redeemed com a maioria dos DLCs que vemos na indústria, ele está muito acima da média.
Feito sob medida para agradar aos fãs
Deixando os aspectos técnicos de lado, vamos ao que mais interessa: a história que o jogo nos conta. Future Redemeed é, claramente, um presente aos fãs. Temos aqui um DLC em que você PRECISA ter jogado os jogos anteriores da franquia para entender o que está acontecendo. A cada cena, pode vir uma nova referência, pode vir a confirmação de algo que os fãs apenas suspeitavam, pode vir um momento glorioso de fanservice… tudo está em jogo, até mesmo coisas fora da franquia Xenoblade podem aparecer!

Provavelmente o fanservice máximo é o jogo nos dar a oportunidade de jogar novamente com nossos amados protagonistas. Ver Shulk e Rex aqui é glorioso, ambos estão com muita experiência e suas personalidades se desenvolveram de maneira extremamente coerente com a jornada de cada um, o que faz com que você sinta um quentinho no coração vendo certos momentos desses dois e possa claramente pontuar de onde veio essa atitude.

O game ainda acha espaço para finalmente responder diversas dúvidas que ficaram na cabeça dos fãs depois do final de Xenoblade 3. Qual o nome do filho de um certo casal e quem foi esse filho? Qual a relação de um certo Nopon com uma certa rainha? Espere finalmente achar as respostas para essas questões.
Mas além dessas respostas simples, Future Redeemed também busca cumprir sua função de prequel e enriquecer a história do jogo base. O personagem N, que já era um dos meus favoritos em Xenoblade Chronicles 3, aqui recebe mais um pouco de atenção para acrescentar mais complexidade ao personagem, sendo o protagonista das cenas mais marcantes deste DLC.
As limitações de ume DLC
Nem só de referências vive a história de Future Redemeed. No meio de todo esse caos de reaparições e multiversos, o roteiro se vira para a história de Matthew e sua irmã Na’el, nossos novos protagonistas. Infelizmente, esse é o ponto que considero o mais fraco da história; sinto que o desenvolvimento dos irmãos ficou raso e tive dificuldade para me conectar com eles. Não desgosto dos personagens e nem acho que eles destroem a experiência, mas esperava mais de ambos, levando em conta a longa lista de personagens fantásticos que temos na série.

De maneira semelhante, os novos personagens Glimmer e Nikol também não me cativaram tanto. De início, é um deleite ver ambos em tela, porque qualquer fã vai identificar quem são eles; porém, com o desenvolver da história, tive a impressão de que eles ficaram em segundo plano, com uma ou outra cena de destaque ao longo da história. Ambos têm seus melhores momentos em cenas com Rex e Shulk, e só por algumas dessas cenas devo dizer que o DLC já valeu a pena, mas fica a sensação que faltou um pouco mais de conteúdo para ambos brilharem.

Em uma perspectiva geral, Future Redeemed não me destruiu emocionalmente como Xenoblade 1, 2 e Torna. Tive momentos de alegria e empolgação, mas nada que me trouxesse uma poderosa conexão emocional. De todo modo, a narrativa passa longe de ser ruim e me parece que foi uma escolha consciente da Monolith Soft de fazer uma experiência exclusivamente focada em “encerrar a saga Klaus”, juntando uma série de elementos de diferentes jogos que constroem o poderoso frame final da campanha.
E é preciso lembrar: estamos falando de um DLC. Menos tempo de jogo, menos investimento, menos tudo. Vários personagens aqui estão sendo apresentados pela primeira vez para nós jogadores, o que é uma dinâmica diferente do que vimos em Torna, que trazia vários personagens do jogo base de volta. Portanto, a missão aqui é muito complicada e eu entendo que não seja possível dar o tempo de tela necessário para todo mundo.
Experiência obrigatória
Saiba que Future Redemeed é uma das melhores experiências do ano de 2023. Se parece que fui muito crítico nesse texto, entenda que acabo sendo assim por ser absolutamente apaixonado por essa série e, com a quantidade de lançamentos que temos no momento, há muito para se comparar. Não acho que o jogo seja ruim simplesmente porque não tive uma profunda conexão emocional com a história; inclusive, acho que isso pode muito bem ter sido um elemento da minha experiência, não é? Talvez eu jogue novamente daqui a um ano e me conecte com a história de Matthew.
Mas compartilhei aqui com vocês minha sincera opinião sobre o game e acredito que é obrigação moral de qualquer fã da franquia Xeno jogar isso aqui. O que Tetsuya Takahashi e a Monolith Soft nos deram no Switch, com todos os jogos da franquia disponíveis no mesmo console, é um presente fantástico e que encerra com chave de ouro neste DLC.
Agora é hora de olhar para o futuro. Com a saga a Klaus encerrada, Xenoblade pode se renovar com novos personagens, novos cenários e um novo universo. É claro que se tratando de Tetsuya Takahashi, não vai me surpreender ainda encontrar uma série de referências a Xenogears, Xenosaga e Xenoblade no próximo título; porém, dessa vez me vejo mais ansioso para ver as novidades, ciente da imensa capacidade que o estúdio tem de nos entregar algo que vai explodir minha cabeça.
A nota que você verá abaixo reflete o meu julgamento final e que considero justo de uma experiência ambiciosa que tentou de tudo para entregar algo completo e satisfatório para os fãs dentro das limitações de um DLC. Vida longa a Xenoblade!
Prós:
- Melhor sistema de exploração da série;
- Chuva de referências para os fãs;
- Ótima direção de arte, como esperado;
- Fecha a franquia com chave de ouro.
Contras:
- Projeto ambicioso demais para uma DLC;
- Alguns personagens pouco inspirados.
Nota final:
9
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