Análise – Biomorph

5 horas atrás • Universo Nintendo • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo

Se tem uma coisa que eu gosto muito, é de Metroidvania. Não sou só fazendeira, também amo boas plataformas, especialmente as desse gênero tão bacana. Biomorph promete trazer um pouco de ar fresco com mecânicas únicas, mas será que consegue?

Sobre Biomorph

Biomorph 01

Biomorph é o primeiro trabalho do Lucid Dreams Studios, um pequeno estúdio em Quebec, no Canadá. Com menos de 10 pessoas na equipe, e cerca de 4 anos de desenvolvimento, o jogo recebeu sua primeira demo jogável na Gamescon de 2022 e participaram de várias convenções até seu lançamento oficial em abril do ano passado, na Steam. O jogo sairia em março, mas como não queriam competir com FF7 (compreensível), preferiram adiar, para poder ter uma cobertura melhor.

O jogo recebeu ótimas avaliações iniciais, especialmente para um primeiro trabalho, e foi recebendo não só versões para outras plataformas, como também atualizações baseadas nos feedbacks de quem jogava.

Para celebrar o aniversário de 1 ano, Biomorph recebeu não só a versão 2.0, com diversas melhorias, como também trouxe o jogo para o Nintendo Switch, e essa é a versão que analisamos.

História

Biomorph 02

Biomorph tem uma história que, em princípio parece genérica, mas com o tempo, vai se desenvolvendo em camadas mais distintas que ogros e cebolas. Você assume o papel de Harlo, uma criatura que não tem braços normais, sendo substituídos por dois drones/robôs/sei lá o que são, e cujo DNA se molda conforme sua vontade. Harlo está num lugar que não sabe onde é, não sabe onde foi parar e não se lembra nem de quem é. Conforme você avança, memórias são recuperadas, e a história vai se desenrolando.

Aqui, uma civilização que depende da mineiração de ferrox começa a sofrer com monstros que surgem da exploração desse minério. Quanto mais funda a escavação, mais distintos e perigosos são os monstros que surgem.

Enquanto você descobre o que aconteceu com você e com seu amigo, que foi levado para o Núcleo (algo que parece uma nave espacial que caiu e ficou por lá) com você, você conhece diversas pessoinhas perdidas pelo mapa, e convida geral para ir morar na cidade de Ancoragem, que é o ponto base de onde você parte. Com essas pessoas, você também fica responsável por reconstruir Ancoragem, e com novas casas, novos comércios, novas pessoas, você consegue ter novas habilidades e equipamentos que vão te ajudar a acessar novos lugares ou a derrotar monstros até então impossíveis.

A história tem três finais diferentes, dois que derivam de decisões tomadas na batalha final, um que é o “final verdadeiro”, que depende de você coletar todos os itens necessários para isso, mas para além da história principal, Biomorph traz dezenas de missões paralelas, parece que a cada duas ou três salas, há uma pessoa com uma missão nova, e algumas têm nomes brilhantes (como “Super Harlo Bros” para uma missão de resolver um vazamento nos canos). Minha favorita talvez seja a de buscar Scargatos (mistura de gato e escargot) pelo mapa para levá-los de volta pra sua dona, uma senhorinha muito simpática que te recompensa com dinheiro.

É uma história que combina com o visual de Sábado Animado da arte do jogo, nada muito complexo, mas, em alguns momentos mais frustrantes, é o que te mantém jogando, para saber o que acontece a seguir.

O humor do jogo é bem simples, algo que adolescentes mais novos achariam “cringe” em alguns momentos, mas acaba agradando pelo tom geral. Especialmente em alguns momentos mais tensos, alguns alívios cômicos te ajudam a querer continuar, e o humor de algumas personagens é o que as torna especiais. Inclusive, as personagens são o ponto alto daqui, mesmo aquelas que parecem genéricas trazem alguma coisa diferente.

Jogabilidade

Biomorph 03

Biomorph é um Metroidvania estilo clássico. Entre cenários internos e externos, salas e minas, mares e lagos, você atravessa um mapa gigantesco indo de um ponto a outro, pulando plataformas e enfrentando monstros. O grande diferencial aqui, que é o ponto principal de venda do jogo, é que você pode se transformar nos monstros maiores que derrota. À exceção de blobs azuis diferentes e dos chefões do jogo, qualquer monstro que aparece na sua tela pode ser derrotado, e seu DNA usado para que Harlo se transforme neles. Quanto mais de cada monstro você derrota e absorve, mais do DNA dele vai para Harlo, até que você atinge um número mínimo, e consegue se transformar naquele monstro específico sempre que quiser (com algumas limitações em relação à forma original, como limite de tiros ou de uso de habilidades que não existem caso você absorva o monstro verdadeiro).

Há 21 biomorfos disponíveis para você se transformar, e você pode sempre manter 3 equipados para trocas rápidas. Até a versão anterior do jogo, você precisava estar num lugar S.E.G.U.R.O (um save point) para trocar os bichos, mas a 2.0, que foi a que veio para o Switch, te permite fazer isso em qualquer lugar, o que é uma mão na roda, porque deveria ser frustrante você equipar 3 bichos achando que te ajudariam numa parte, só para dar de cara com algum desafio que outro bicho seria necessário, e aí, ter que voltar tudo.

Falando em voltar tudo, a cada vez que você muda de uma sala para outra, você volta à forma normal de Harlo, deixando o monstro para trás. Eu realmente não entendi essa decisão, porque em alguns casos, os monstros necessários estão perto, mas em outras, você vai precisar conseguir se transformar livremente no Biomorfo que você quer, e sem poder levá-lo de uma sala à outra, vai precisar encontrar, matar e se transformar vezes suficientes para torná-lo permanente para você.

Além de se transformar nos monstros, Harlo também pode equipar chips que dão habilidades a ele sem precisar se transformar. No começo, você vai querer se transformar sempre que possível, porque Harlo é fraco demais sozinho, mas conforme você vai equipando chips novos e melhorando-os, você consegue usar mais e mais de Harlo sem precisar transformar. Você também pode equipar Mementos, que dão habilidades extras, como dano extra ou recuperação de vida mais rápida.

Tanto a troca de chips quanto a de mementos ainda precisa ser feita num lugar S.E.G.U.R.O, só os Biomorfos que podem ser trocados livremente, então, é comum chegar num chefão e perceber que escolheu chips errados. Por sorte, o jogo respeita seu tempo, e há uma quantidade muito grande de pontos de salvamento, e, depois de um upgrade, você não só pode viajar de um para outro, como também pode viajar para um deles de qualquer lugar que estiver, o que economiza muito tempo. Também é bom o fato de que tem sempre um ponto de salvamento a no máximo duas ou três telas de distância de um chefão, então, caso você morra, não precisa andar tanto de volta.

Biomorph 05

Falando em morrer, por padrão, você deixa sua alma (com parte do dinheiro que você tinha) toda vez que morre, e se morrer de novo antes de alcançá-la novamente, perde de vez aquilo. Isso pode ser desativado, mas eu não entendo por que essa opção, já que isso deixa o jogo mais próximo a um Soulslike, especialmente parece inspirado em Hollow Knight, e não acho que se encaixe tão bem.

Outra coisa que não acho que se encaixa é dano de contato. Não importa o tamanho que você está ou de onde você vem, qualquer mínimo encostar num inimigo vai te causar dano, o que é horrível quando alguns inimigos brotam literalmente do nada sem aviso em alguns lugares. Também é frustrante que algumas vezes, não parece que você encostou no bicho, mas o jogo conta como sim.

O mapa do jogo é muito bem detalhado, e marca todas as missões paralelas, além das principais, então, você sempre sabe aonde tem que ir para fazer o que precisar. Melhor ainda, uma borda dourada aparece ao redor de salas que já foram completas, então, você não vai precisar ficar voltando pra investigar se esqueceu de algo em algum canto ou não, o mapa vai te mostrar se você concluiu.

Você pode jogar Biomorph literalmente do jeito que quiser, e como não é um jogo tão longo assim, levando de 12 a 20 horas para terminar, o fator replay é grande, porque você pode experimentar runs diferentes com poderes diferentes.

Biomorph 04

Meus incômodos aqui são que acredito que não só alguns puzzles poderiam ser mais interessantes, no sentido de precisarem de alternar tipos específicos de Biomorfos para conseguir passar, como também os chefes poderiam exigir poderes específicos para serem derrotados. Todos eles são bem simples e com padrões comuns de ataque. Você só precisa morrer uma vez para entender como cada um funciona. De acordo com um dos desenvolvedores, isso foi intencional, porque muita gente se frustra muito com chefes muito difíceis em Metroidvanias, mas acho que eles poderiam ter poderes mais criativos, exigirem mais das suas transformações e/ou oferecer ajuste de dificuldade. Você consegue aumentar e diminuir tanto o dano causado quanto o recebido, mas não interfere nas mecânicas comuns.

No fim das contas, a mecânica de biomorfar é muito divertida e interessante, mas poderia ter sido melhor aproveitada. Como é, ela parece mais uma gimmick na maior parte do tempo, e se você tiver confortável em jogar com algum monstro específico, exceto nas partes em que você precisa de poderes específicos, como revelar lugares secretos, andar sobre espinhos ou mergulhar em lugares com água, você não vai ter razão para usar alguns dos Biomorfos, o que é uma pena. De qualquer forma, para uma primeira experiência, eu parabenizo a equipe que desenvolveu. Espero muito ver um Biomorph 2, que explore melhor as transformações em puzzles e nas lutas mais importantes.

Além da parte de exploração em si, Biomorph ainda traz a reconstrução de uma cidade, como já citado. Nessa reconstrução, você precisa encontrar pessoas com projetos e mandar construí-los. Depois de uma certa quantidade de coisas prontas, você pode começar a personalizar sua cidade para deixá-la com a cara que você quiser. Infelizmente, você não consegue ver onde está sendo construído, e por isso, precisa re-explorar Ancoragem cada vez que algo novo é concluído, e isso é algo que poderia ser corrigido.

Parte Técnica

Biomorph 06

Meus cumprimentos ao chef. Aos chefs, no caso, porque o trabalho de port aqui foi muito bem feito. Apesar de algumas telas de carregamento demorarem um pouco mais do que o ideal, isso se dá por causa das limitações do Switch, e pela decisão de fazer o jogo rodar em 60 fps em basicamente o mapa todo, então, demora mais pra carregar algumas telas. Isso é meio chato quando você errou o caminho e precisa voltar, mas deixa o jogo mais bonito e, especialmente, preciso nos inputs.

A parte gráfica é linda, a escolha de estilo artístico é louvável, especialmente pelo compromisso em fazer algo 2D bonito e divertido de se jogar. Minhas crias amaram o design da maior parte das personagens que viram, então, é um ótimo jogo para jogar com crianças e adolescentes também.

As cutscenes são muito bem animadas e bem feitas, e aumentam seu nível de imersão (e meu nível de admiração).

O jogo oferece opções de volume de música e efeitos sonoros. Embora a música seja genérica na maior parte do tempo, isso não é necessariamente ruim, ela só não é marcante, mas ajuda a definir bem o ambiente em que você está, inclusive em espaços onde ela some para ajudar na atmosfera. Você também pode remapear os botões, colocando cada ação exatamente onde você quer, para deixar o jogo mais confortável, e se alguma parte estiver difícil demais, como já foi falado, você pode não só desligar a perda de dinheiro ao morrer, mas também aumentar ou reduzir o quanto de dano você causa e sofre.

Destaco especialmente a tradução. Sempre reclamo que jogos não trazem a opção de português, e aqui temos um estúdio pequeno provando que é possível, se há vontade. Além de português e inglês, há ainda algumas outras opções, e a opinião é que, em todos os idiomas, o trabalho foi bem feito. Não apenas o trabalho de traduzir, como também de adaptar e localizar algumas piadas e trocadilhos que não fariam sentido se fossem traduzidas literalmente (tô olhando pra voce, Spike Chunsoft).

No geral, a experiência é fluida. Houve alguns problemas de fechamento forçado, mas na maior parte das vezes que aconteceu, foi enquanto eu tentava fechar o jogo, então, não me afetou. Apenas uma vez, ao tirar o console do modo sleep, o jogo não respondia, mas vou considerar que é um problema do meu console, já que não foi um problema consistente.

Conclusão

Biomorph oferece um pouco de ar fresco ao mundo dos Metroidvanias, com uma mecânica única de transformação nos monstros inimigos. Apesar de poderem ser mais criativos com o uso da mecânica num próximo lançamento, é uma sólida adição à biblioteca do gênero, e acredito que vai agradar à maioria das pessoas. Seu estilo de arte único e suas personagens rendem um bom charme que vai te fazer querer saber o que acontece, e a reconstrução e personalização da cidade te permite dar seu toque a Ancoragem.

Análise feita com cópia gentilmente cedida pelo Lucid Dreams Studio

Biomorph Keyart

BiomorphTransformador, mas limitadoBiomorph oferece um pouco de ar fresco ao mundo dos Metroidvanias, com uma mecânica única de transformação nos monstros inimigos. Apesar de poderem ser mais criativos com o uso da mecânica num próximo lançamento, é uma sólida adição à biblioteca do gênero, e acredito que vai agradar à maioria das pessoas. Seu estilo de arte único e suas personagens rendem um bom charme que vai te fazer querer saber o que acontece, e a reconstrução e personalização da cidade te permite dar seu toque a Ancoragem.PrósMecânica criativa e inovadoraArte bonita e bem feitaPersonagens com personalidadeMuitas melhorias trazidas para a versão do SwitchTradução para PT-BR muito bem feitaContrasRepetitividade em algumas salasMuita distância entre um ponto e outro de algumas missõesChefões simples demaisUso das transformações é limitado, poderia ser melhor aproveitado8.5{"@context": "http://schema.org/", "@type": "Organization", "name": "<em>Biomorph</em>","image": [ "https://universonintendo.com/wp-content/uploads/2025/05/Biomorph-Keyart.jpg" ],"review": { "@type": "Review", "reviewRating": { "@type": "Rating", "worstRating": "0", "ratingValue": "8.5", "bestRating": "10" }, "author": { "@type": "Person", "name": "Ary Luz" } }}

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