gamescom latam 2025: Maior? Sim! Melhor? Nem tanto

No último fim de semana, mais precisamente entre os dias 30 de Abril e 04 de Maio, tivemos a segunda edição da gamescom latam, uma feira de jogos que tem prometido ser a maior da América Latina e cujo foco está em atrair investidores para desenvolvedoras indies, apresentar novidade do mercado de jogos e expandir o acesso desse maravilhoso mundo à todos com atrações focadas em videogame.

Antes de qualquer coisa, esta é uma análise pessoal tendo como base o cenário atual de jogos e usando como comparativo apenas a edição anterior deste mesmo evento que estreou no ano passado. Não cabe aqui comparar com outros eventos de jogos, principalmente no Brasil onde o outro gigantesco evento do tipo tem um nicho diferente.

E sem mais enrolação sigam-me os bons!

A gamescom latam

Caso o nome do evento ainda não tenha “caído a ficha” para você, vale dizer da importância de tal evento para o mercado de games latino-americano e o quão incrível é ser sede de tal oportunidade. A gamescom é uma das, literalmente, maiores feiras de jogos do oriente sendo palco para lançamento de consoles, jogos e até de reuniões fechadas e exclusivas entre os grandes empresários e investidores dessa indústria. As suas edições orientais ocorrem na Alemanha e na China e no ano passado tivemos a primeira edição dessa feira aqui no Brasil.

Na edição anterior, tivemos novidades e uma distribuição muito boa de estações de jogos, seja de indies, seja dos já convencionais players do mercado como PlayStation, Xbox e Nintendo. Esse ano não foi diferente, aliás, não foi TÃO diferente. Havia por alguma razão menos estações de jogo do que no ano passado e também não tinha nada tão novo para ser apresentado.

A segunda edição da gamescom latam expandiu seus horizontes e fez morada em um novo local de exposição, o Distrito Anhembi, aqui em São Paulo, que realmente era maior, porém seja por proporção, ou por conteúdo, ter mais espaço não quis dizer exatamente estar melhor.

Espaço e infra-estrutura

Conforme mencionado, o Distrito Anhembi é um espaçoso pavilhão de exposições e eventos com infra estrutura capaz de comportar milhares de pessoas e mesmo nos dias mais cheios foi possível transitar entre os estandes sem muita dificuldade. A acessibilidade do pavilhão também precisa ser destacada pois além de bebedouros em alturas adaptadas, o fato de todo o local ser plano facilitou demais a locomoção de todos.

Bebedouros e banheiros em abundância com praças de alimentação espaçosas (embora extremamente caras) são o mínimo necessário para que o público possa aproveitar o evento sem se estressar ou passar sufoco. E ainda havia um espaço externo com estacionamento e um restaurante.

Porém ter todo esse espaço exige que haja conteúdo o suficiente para preenchê-lo, o que aqui não pareceu ser o caso pela quantidade total de atrações.

Atrações

Ao público que carece de mais eventos de jogos, ou àqueles que estão sendo inseridos nessa cultura agora, havia atrações o suficiente para se ocupar durante todo um dia de evento. Palestras internacionais, influenciadores de toda a América Latina e estandes luminosos que nos atraem como formigas ao pote de açúcar, tudo isso estava lá presente e disponível, assim como diversas estações de jogos contendo os finalistas das premiações da BIG Festival e indies que estavam ali competindo por um espaço e oportunidade de crescerem e saírem do protótipo. Tudo isso estava lá, isso é ótimo.

Mas para mim, um entusiasta e um “cão velho” nesse mundo de jogos, me pareceu um pouco “xoxo”. Tudo o que ali havia, era sim necessário ter, mas ainda assim faltou alguma coisa e no meu ver o problema era claro: faltaram novidades. Faltavam estreias e lançamentos. Faltaram mais estações com jogos inéditos ou recém lançados. Faltou a ânsia de querer ir pra ver um jogo específico ou algo exclusivo.

Claro que isso é impacto e reflexo direto do momento atual da indústria de jogos. Embora tenhamos jogos sendo confirmados para diversas plataformas praticamente todos os dias, os mais esperados estão sendo cada vez mais adiados. E dessa forma realmente não há o que possa ser feito a não ser buscar alternativas e outras possibilidades, e ainda assim não gerou tanto destaque quanto poderia. Mesmo os jogos finalistas das competições e avaliações da BIG Festival, muitos dos quais me alegrei demais em jogar, tiveram pouco destaque em vista dos demais estandes dos quais poucos trouxeram de fato uma novidade. Aliás, hoje não haverá pica-pau passando pano nem pegando leve… portanto vamos falar sério, viu dona Nintendo?

Nintendo

Posicionada aproximadamente no centro do pavilhão e sendo a principal representante dos consoles na feira, a Nintendo se fez presente com um grande estande vermelho com muito led cercada de jogos, inclusive com uma sessão própria com seis jogos desenvolvidos na América Latina.

Os jogos da vez para serem jogados eram: Super Mario Party Jamboree, Super Mario Bros. Wonder, Princess Peach Showtime!, The Legend of Zelda: Echoes of the Wisdom, Mario Kart 8 Deluxe, Pokémon Scarlet e Violet, Just Dance 2025 e EA Sports FC 25.

Em sua maioria dispostos ao redor e alguns poucos dentro do estande onde dessa vez tomaram uma nova forma de organizar a entrega da cobiçada sacochila do Mario, pelo plano do MyNintendo, que dessa vez trazia uma estampa diferente, contendo apenas o Mario, e um tamanho um pouco menor do que as anteriores, porém com mais qualidade e resistência.

Na parte de trás do estande tinha os habituais espaços de meet and greet para tirar fotos com Mario & Luigi e com Donkey Kong (ainda no padrão estético da Rare) que intercalavam a cada trinta minutos para poderem também descansar.

Já na frente do estande tinha o famoso telão onde Just Dance e Mario Kart poderiam ser jogados junto de todos que estivessem assistindo, e entre alguns momentos um comercial de apresentação do aguardado novo Nintendo Switch 2 era exibido só para tentar inflar nossos corações com hype e vontade não só de ver, mas também de testar o tão aguardado console e ao lado do telão: Um grande painel do Nintendo Switch 2, porém….

Legal, mas o que queríamos ver mesmo…

É minha gente, por mais que já sabíamos que a Nintendo não traria a grande novidade do momento, não ter  o NS2 ali foi frustrante pois era uma grande oportunidade, e talvez até a única em um prazo curto, para muitos dado o valor sugerido pelo console e seus jogos. Era uma grande novidade com um timming muito bom para não ter sido aproveitado durante um evento com mais de 130 mil pessoas ao mesmo tempo em que em diversos locais do mundo há justamente um evento focado na apresentação do novo console.

Pode ser por uma questão de segurança? Ou talvez controle de acesso? Ou até de homologação nacional, já que os processos para homologação no brasil são caros e demorados? Sim, podem ser esses os fatores que contribuíram pela não presença do mesmo. O que no fim é uma grande tristeza apenas deixando o gostinho do que poderia ter sido…

Pokémon

Já não é de hoje que queremos cada vez mais a presença oficial de Pokémon nos eventos e aos poucos estamos conseguindo. Dessa vez, tanto Pokémon GO quanto Pokémon TCG se uniram e criaram um belo estande que até lembrava um centro pokémon. Juntos haviam estátuas dos líderes dos times Valor, Mystic e Stinct e o já famoso totem de Poképarada com tomadas e cabos para recarregar gratuitamente seu celular. A grande novidade, porém não estava dentro do pavilhão e sim fora dele, pois próximo a entrada do evento tinha um balão de ar da Equipe Rocket de vinte e dois metros no qual estava livre para tirar fotos, na frente e até mesmo dentro de sua cesta de transporte. Essa parceria veio forte nessa edição pois os próprios crachás de visitante tinham como arte o mais recente lançamento da coleção Rivais Predestinados

Outros players presentes

Além da Nintendo diversos outros players de nome estavam presentes, porém no âmbito console, apenas a Nintendo esteve presente com um estande, a Xbox esteve com o ID@Xbox, que são estações com jogos indies para pc e/ou Xbox (em sua grande maioria PC) e a PlayStation esteve como console de algumas publicadoras ali presente, mas ainda assim com menos estações do que as demais.

No âmbito PC, a AMD junto da Lenovo, NVIDEA e com o complemento final da SanDisk dominaram o local não apenas com seus estandes muito chamativos mas com seus mais recentes (e nacionalmente homologados) produtos.

Já em e-sports, havia um estande da TeamLiquid com todos seus lindos itens ao lado de um estande voltado ao Tuzzy e-Sports, time finalista do Mundial de Pokémon Unite que teve ano passado aqui em São Paulo.

Como patrocinador oficial, o Banco do Brasil estava com um grande estande cheio de atividades e brindes, assim como a Seara também fez com deliciosos lanches que estavam vendendo. A Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo, TNT Energy Drink e a Claro Internet também marcaram presença com ótimos estandes. Todos esses possuíam, além das ativações, diversos jogos para entreter.

Também tinha algumas áreas arcade distribuídas pelo pavilhão com fliperamas clássicos e máquinas de jogos que fizeram parte da infância de muitos e ainda hoje divertem. Uma das áreas, inclusive, tinha a parceria da RetroCon junto da WarpZone e a BUG: Big Uncle Games, mais recente e nacional publicadora de jogos novos para consoles retrô.

Mercado x Interesse

Não é tanto o foco aqui do portal noticiar sobre os problemas do mercado de games do mundo, mas aos poucos temos informado sobre a importância e crescimento da relevância do Brasil nesse meio. E digo isso porque ambos os casos podem ter contribuído para que essa edição da gamescom latam ficasse aquém de sua estreia no ano passado.

Embora tenhamos anúncios de jogos quase que diariamente, toda essa quantidade gera um efeito inflacionário no mercado e acaba que por vezes temos mais jogos do que consumimos e isso pode ser um fato para aqueles que ligam seu videogame ou PC e passam mais tempo escolhendo um jogo do que de fato jogando (ou atualizando), exatamente como fazemos na Netflix.

Então, como há muito mais jogos no mercado hoje do que a cinco ou seis anos atrás, temos consequentemente mais opções e é exatamente por isso que ter algo que chame nossa atenção é mais difícil. O marketing será o diferencial e ser diferente é a chave para ser visado.  Certo, mas aonde eu quero chegar com isso tudo? Bom, a gamescom latam nasceu ao absorver a BIG Festival, que uma feira de jogos Indies, porém, esse gênero dificilmente têm recursos para investir pesado em marketing e acredito que o mundo ainda nos veja (falo a nível Brasil) apenas como uma grande incubadora de Indies promissores.

Sendo assim, qual o real interesse de uma empresa grande e estrangeira estar presente em um evento focado em indies? A Sony com PlayStation ou a Microsoft com Xbox parecem estar mais preocupadas em decidir como gerir seus estúdios que hora ou outra estão sendo fechados e em qual estratégia usarão com suas IPs, que dada a complexidade de produção estão sendo adiadas ou não estão rentabilizando tanto quanto gostariam.

Talvez seja por esse motivo que não tivemos estandes de outros players nessas duas edições e tenham reduzido a quantidade total de estações de jogo voltadas a essas empresas.

Síndrome do segundo filme?

Por fim, embora essa matéria tenha um ar pessimista, não a leve para seu coração! Nosso país carece de muita coisa, principalmente de eventos culturais voltados a jogos. A gamescom latam é necessária pois impulsiona o mercado brasileiro e traz sim visibilidade para o mundo, porém assim como praticamente todo segundo filme de uma franquia, a expectativa gerada pelo primeiro dificilmente é superada.

E a dificuldade de se manter o nível é muito maior pois não depende exclusivamente da empresa em si, ou de seus contratos, mas depende do mercado, da indústria, das ações dos grandes e do caminhar dos pequenos. Infelizmente, e principalmente, a política também interfere. Taxações, preços, rotas comerciais, diplomacia e tudo mais.

Essa gamescom latam de 2025 foi boa, teve infraestrutura e era espaçosa. Teve premiações, brindes e atrações, e principalmente, teve jogos para se divertir. No fim o saldo foi positivo, só não teve tantas novidades.

Mas calma, sempre há esperança! Se o segundo filme tende a ser fraco, no terceiro sempre melhora e melhora muito!

Vejamos como será no ano que vem, de 30 de Abril a 03 de Maio!

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