Entrevista: Jonathan Silva, CEO e fundador da Nuntius Games, fala dos planos para ajudar os desenvolvedores brasileiros, suporte ao Switch e Switch 2 e mais

1 dia atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo

Revisão: Manuela Feitosa, Davi Sousa

Mesmo tendo nascido em 2001 (sim, eu muito jovem, não precisa me falar duas vezes!), não é todo dia que eu vejo o nascimento de uma nova publisher aqui no nosso Brasil.

Quando o nosso chefe do NintendoBoy me informou sobre uma entrevista com o fundador da recém-fundada Nuntius Games na Gamescom Latam, eu fiquei bem animado em poder fazer perguntas sobre esse novo player no mercado para os desenvolvedores, ainda mais considerando o crescimento do nosso mercado de games nos últimos anos.

Então, junte-se a mim enquanto conversamos com Jonathan Silva sobre os planos da Nuntius Games para ajudar os desenvolvedores brasileiros e os planos da empresa para o recém-anunciado Switch 2 da Nintendo.

Sumário

Jonathan Silva

Fundador e CEO da Nuntius Games e da Statera Studio. Produtor do jogo de luta 2D Pocket Bravery.


Angelus Victor

Muito interessado na cultura e língua japonesa. Às vezes chega a criticar (um pouco demais) sobre a tipografia e design de um jogo.

Uma das nossas primeiras perguntas é sobre os planos da Nuntius para o recém-anunciado Nintendo Switch 2. Vocês pretendem lançar títulos para o Switch e o Switch 2? Como que está sendo esse processo de transição entre as plataformas?

Jonathan: Sim, nós pretendemos lançar pro Switch 1 e o Switch 2. Obviamente há alguns jogos que a gente não seria capaz de colocar no Nintendo Switch 1, não só por questões técnicas do nosso lado, mas por questões do próprio jogo, precisando de bastante otimização para conseguir rodar no 1. Porém, nossa ideia é colocar no Switch 1 sempre que possível.

O Switch é uma plataforma monstruosa: vendeu pra caramba, e temos usuários pra caramba nessa plataforma, então a gente jamais vai negligenciar ela. A gente quer lançar pros dois consoles, e por enquanto a gente tá focado no Switch 1. Infelizmente, ainda não possuímos o dev kit do Switch 2, pois ainda não está disponível. Todo dia entramos no site da Nintendo esperando alguma atualização, mas até agora nada. Porém, assim que a gente conseguir adquirir esse dev kit do Switch 2, a gente pretende começar nosso trabalho nele.

Como que funciona esse processo de portar jogos no Nintendo Switch? Esse processo é feito internamente? Como que vocês escolhem se tal jogo irá ser lançado no Switch, ou se não é possível lançar?

Jonathan: O processo de port é feito internamente e nós temos a equipe pra isso. Nós temos dois dev kits pro Switch. A gente entende que o Switch é meio que a casa dos jogos indie, então mesmo aqueles que forem difíceis, nós faremos nosso melhor para incluir. Quanto à questão de escolhas, a Nuntius tem dois critérios muito simples: número um, se o jogo é brasileiro, pois a gente tá focando no mercado brasileiro; e número dois, se o jogo é bom.

É lógico que o que define um jogo ser bom é bem relativo. Há pessoas que irão gostar e pessoas que não. Tipo, Isaias Leal faz o playtest e acha legal, o Pedro Gomes, ou até mesmo o Renato Cavallera faz esses testes e cada um deles possui uma opinião. Essa escolha de fazer ou não também depende muito do dev. Normalmente, é ele quem escolhe lançar em todas as plataformas, e é raro que ele não esteja aberto a múltiplas plataformas. Claro que de vez em quando temos um dev que pode falar “Não quero lançar [naquele console]”, mas é muito raro. O mais comum é ele querer lançar em todas, e dando o OK, a gente começa a fazer isso.

Na sua opinião, o que você acha que seria essencial para um jogo se destacar no mercado atual? Afinal, só aqui na Gamescom Latam temos o Panorama Brasil, o BIG Festival, a área indie… entre vários outros.

Jonathan: Essa é uma ótima pergunta e não é simples de responder, mas o básico é o seguinte: o desenvolvedor tem que se preocupar em vender o jogo dele. Tem muito desenvolvedor que vive trabalhando no seu jogo, mas ele não vai pra uma rede social, não posta nada sobre o jogo, e esse trabalho não pode depender só da publisher; ele tem que ser capaz de criar uma comunidade que queira e fique esperando por esse jogo, sabe?

O dev deve aquecer essa comunidade com o jogo dele comforme o tempo. Obviamente, eu tô falando isso mediante um jogo independente que tem alguma qualidade, né? Se a gente for olhar aí, óbvio que o jogo tem que ser “bom”, mas mesmo assim, o dev tem que ser capaz de mostrar o jogo por minimamente que seja.

Qual vai ser a política da Nuntius em relação à precificação dos jogos? Como você deve ter visto, a Microsoft recentemente anunciou que ia aumentar o preço dos jogos, e a Nintendo também tá cobrando 400, às vezes 450 reais em apenas um jogo.


Jonathan: A gente tá focando muito nisso, e tá sendo um argumento de venda pra gente hoje. Atualmente, o nosso jogo mais caro custa R$24,99. É claro que, no futuro, teremos jogos custando 30, 40, 50 ou até 60 reais, mas eu acho muito difícil a gente ter um que acabe custando mais que 60 reais, sabe? Mas pode acontecer. A gente não sabe o dia de amanhã, mas eu acho muito difícil que os jogos que a gente vai trabalhar custem muito mais do que isso, pois sempre pensamos em oferecer pelo precinho. Ter um preço acessível é muito importante pra gente, e faz parte da nossa estratégia de negócio.

Como você vê o papel das publishers no mercado brasileiro de hoje? Você acredita que os estúdios podem se virar sozinhos ou você acredita que fechar um contrato com uma publisher é algo necessário para um desenvolvedor poder entrar nesse mercado?

Jonathan: Essa é uma ótima pergunta. E eu acredito que não, a publisher não é essencial. O desenvolvedor tem a condição de fazer sozinho, porém isso é muito difícil, pois é muito trabalhoso e é muito caro adquirir os devs e aprender a fazer o port. Eu sempre falo tipo “Olha, vocês têm a capacidade de fazer sozinhos”, só que no meio disso, você acaba meio que cortando caminho, e por isso, fechando um contrato com uma publisher tipo nós, já dá acesso aos dev kits, um time com expertise, e nós somos capaz de ajudar o dev a alcançar os resultados não só na questão técnica, como também na questão mercadológica. Além disso, podemos ajudar o dev a entender o estado do mercado.

A Nuntius, por exemplo, tem parceria com uma empresa chinesa pra lançar os jogos na China. Isso não nasceu da noite pro dia, claro. Foi muito trabalho, muita conversa, é muita reunião pra conseguir fechar um negócio desses de poder levar os jogos de anúncios pra o mercado chinês. As publishers têm muito mais experiência, que é o caso de anúncios formados por pessoas que são desenvolvedores; no meu caso, formado por criadores de conteúdo, como Coelho no Japão, Renato Cavallera, etc. Então assim, a gente tem muita expertise, e a gente pode ajudar demais, mas se eu for falar a verdade, ninguém é obrigado a fechar com uma publisher, mas se for fechar com uma, as chances de alcançar melhores resultados são muito maiores se for comparar com fazer tudo sozinho.

O que a Nuntius pretender oferecer para os desenvolvedores além da publicação? Tipo, pretendem cuidar da localização, marketing, QA, etc.? Quais são os planos para ajudar os desenvolvedores?

Jonathan: Sim, com certeza. Além desses pontos como localização, marketing, QA, entre outros, a Nuntius dá uma mentoria pros devs, algo que vai além do tradicional que a gente costuma ver por aí. Dentre esses assuntos, temos as questões tributárias, por exemplo. Eu pessoalmente venho da área de contabilidade antes de entrar no mundo dos games, então eu consigo agregar muito nesse sentido, ajudando e ensinando essas questões financeiras. A gente entende que a comunicação é o fator principal da nossa empresa e é importante fazer com que, de fato, o jogo possa ser jogado pelo mundo inteiro, para que ele possa ser visto e entendido.

Vocês pretendem focar em apenas certos gêneros de jogos ou vocês estão abertos a qualquer gênero que queira fazer alguma parceria com anúncios, tipo jogos de terror e às vezes o gênero de visual novel, que é um pouquinho mais “niche”, digamos assim?

Jonathan: Como eu já havia dito anteriormente, qualquer gênero. Só tem que ser brasileiro e tem que ser bom — a gente não tá limitado a um gênero específico. Obviamente, não iremos trabalhar com jogos com um tom mais adulto, mas tirando isso, qualquer gênero que a gente achar que é bom e que dá pra vender, estamos abertos a pegar.

Nossa última pergunta: o que você acha que ainda falta para o mercado brasileiro amadurecer?

Jonathan: Ótima pergunta, até porque o que não falta são jogos e profissionais. Na minha opinião, o que falta é uma conscientização que tem que partir dos devs, das publishers e da mídia — vocês, no caso. Necessitamos de uma união entre nós em prol de alcançar um resultado incomum, que é o fortalecimento e crescimento do mercado brasileiro.

Infelizmente, no Brasil ainda existe muito preconceito com jogos que são feitos aqui. O Brasil tem um mercado consumidor muito grande, e gasta-se muito dinheiro com jogos no Brasil, mas o brasileiro ainda tem um certo preconceito com o que é produzido aqui; então, fazendo um bom trabalho através da mídia, aos pouquinhos conscientizar as pessoas da qualidade dos jogos que tem aqui, a popularidade no Brasil irá explodir. Já temos os profissionais e já temos os jogos. Só falta mesmo a gente “ensinar” aos pouquinhos ao público a perceber as coisas boas que temos aqui!

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