Review | Kulebra and the Souls of Limbo

4 horas atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo
Desenvolvedora: Galla Games
Publicadora: Fellow Traveller
Gênero: Aventura
Data de lançamento: 16 de Maio, 2025
Preço: R$ 59,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Fellow Traveller.

Revisão: Davi Dumont Farace.

Vou começar essa review com uma confissão: talvez eu precise melhorar minhas decisões sobre quais jogos jogar. O tempo disponível que temos é limitado e não dá para jogar tudo que se vê pela frente; Porém, tenho-me deixado levar pelo hype constante dos grandes estúdios e sempre deixo as experiências indies para jogar em um futuro próximo que nunca chega. Assisti trailers de Kulebra and the Souls of Limbo antes de jogar, e sendo honesto com você, não me interessou tanto assim; mas tive a oportunidade de fazer a review e aceitei. E agora, estou sendo assombrado pelo pensamento de que, se não fosse por essa review, eu jamais teria tido essa experiência tão divertida.

Kulebra and the Souls of Limbo é um jogo de aventura, com puzzles e muito diálogo. É uma fórmula que já me conquistou muitas vezes, porém, também já me decepcionou em outras ocasiões. Basta que o time de desenvolvimento não tenha tanto cuidado na escrita, nos cenários e na própria jogabilidade para que uma experiência como essa se torne algo totalmente esquecível. Felizmente, Kulebra parece feito com bastante cuidado, carinho e talento, acertando onde é importante para entregar uma divertida e memorável aventura.

A morte não é o fim

A morte é o assunto principal em Kulebra and the Souls of Limbo. Na realidade, não é a morte em si, mas o que vem depois dela. O corpo físico pode de fato morrer, mas e as dores, os arrependimentos e tudo que aquela pessoa não superou? Como isso fica? É o que é explorado no Limbo. O personagem principal, que é o esqueleto de uma cobra, chama-se Kulebra. Há um mistério sobre como o ser rastejante foi parar no Limbo e o que ele deve fazer alí, mas sabemos que é guiado para ajudar as pessoas a superarem suas angústias que as impedem de finalmente descansarem em paz no outro plano.

É uma premissa superinteressante e que abre espaço para todo tipo de história. Em cada capítulo o jogador é apresentado a um caso diferente, protagonizado por um novo grupo de personagens, e é sempre divertido investigar e se envolver com essas pessoas para conseguir “liberta-las”. Apesar da estética cartoon, o texto tem espaço tanto para comédia quanto para momentos sérios. O exagero trabalha a favor da narrativa, destacando as emoções e a personalidade de cada personagem.

A estética do game é inspirada fortemente pelo “dia de los muertos”, tradicional data comemorativa mexicana. Confesso para vocês que acho uma inspiração já um pouco batida; porém, aqui não me incomodou. Os desenvolvedores conseguiram se aproveitar dessa inspiração de maneira original sem parecer muito derivativo. O visual de tudo é bem colorido, criando a ironia de que tudo parece “vivo” no cenário; não existindo aquele estilo mais mórbido que poderia se esperar de um jogo com essa temática.

Vale notar: apesar de toda inspiração latino-americana, a ausência de legendas em português brasileiro é um pouco decepcionante, mas compreensível considerando que é um projeto pequeno.

Trazendo referências para criar algo novo

Em termos de inspiração, eu diria que Kulebra and the Souls of Limbo busca muita coisa em dois jogos clássicos: Grim Fandango e The Legend of Zelda: Majora’s Mask. Entenda que não estou dizendo que o jogo quer ser uma cópia ou sucessor espiritual de nenhum desses dois, mas ele busca referência e inspiração em ambos para criar a experiência.

O que o jogador de fato faz aqui é basicamente explorar. Kulebra anda por cidades recheadas de história, personagens e itens. Não é nada muito complexo, as áreas normalmente são até pequenas, mas o segredo está na mecânica de passagem de tempo. Você pode explorar as áreas do jogo durante a manhã, tarde e noite, ou seja, em cada um desses 3 momentos do dia, as coisas podem mudar. Personagens estarão em lugares diferentes, fazendo coisas diferentes. E é aí que entra a capacidade e curiosidade do jogador para explorar o mapa em diferentes horários, descobrir o que está de fato acontecendo para, enfim, impedir que os mesmos eventos ocorram novamente.

Sim, “novamente”, porque no Limbo os personagens estão presos ao mesmo destino diariamente. Todo dia é igual… Toda vez que uma noite termina, a manhã recomeça, as memórias se apagam, e o mesmo dia é repetido eternamente. É isso que o jogador precisa impedir, e essa é a melhor parte do jogo. É recompensador ver como as suas ações afetam os personagens. Quando algum momento de grande impacto emocional acontece, aqueles que estão presos no Limbo começam a lembrar de Kulebra no dia seguinte, criando uma relação mais próxima com alguns personagens específicos.

Os puzzles não exigem um raciocínio lógico muito avançado, na grande maioria das vezes é bastante óbvio onde você deve usar cada item para avançar na história; mas acho que o jogo se beneficiaria se ousasse um pouquinho mais e exigisse mais do jogador. Porém, ainda assim, o desenvolver dos capítulos acaba por ser tão cativante, que ainda há um sentimento de satisfação e recompensa, não pela dificuldade, mas por poder assistir o desenrolar dos eventos.

Boas decisões

Kulebra and the Souls of Limbo me surpreendeu com o quão bem equilibrado o jogo é. Muitas vezes, com desenvolvedores menos inexperientes, é comum ver as ideias sendo jogadas na tela sem uma preocupação com o ritmo de jogo e a experiência do jogador. Mas aqui é diferente.

As 4 pessoas que compõem o time de desenvolvimento desse jogo parecem muito conscientes das suas escolhas para criar uma experiência que mantenha o jogador sempre engajado. Nenhum desafio ou diálogo fica por muito tempo na tela a ponto de ficar entediante e há um esforço para evitar repetição, seja nas atividades que você realiza ou nos próprios acontecimentos da história. Um exemplo são as batalhas contra chefes no final de cada capítulo. …O esperado seria uma batalha, certo? Mas não, há basicamente um quiz que testa se você realmente prestou atenção em tudo que aconteceu no capítulo. É o tipo de quebra de expectativa que não apenas surpreende o jogador, mas o entrega algo ainda mais divertido.

Essa mesma sensação acontece em diversos momentos. Quando penso que o jogo só terá exploração, sou colocado em um trecho que exige mais ação e reflexos; quando penso que já entendi a estrutura da história e como cada capítulo vai terminar, me aparece um que termina de uma maneira completamente diferente do que eu esperava. Não há aquele momento em que você para e fala consigo mesmo “Poxa, aqui os desenvolvedores fizeram qualquer coisa por que já estavam de saco cheio”. É genuinamente um trabalho muito bacana de se jogar.

Prometo dar mais chances para jogos assim

É muito boa a sensação de ser surpreendido por um jogo que eu não esperava tanta coisa. Kulebra and the Souls of Limbo é uma experiência sólida que me manteve entretido do início ao fim. O texto simples e divertido, os cenários coloridos e gostosos de se explorar… tudo aqui se junta para criar uma experiência que você joga sem nem sentir o tempo passar.

Se há um problema, é que talvez tudo poderia ser um pouco mais complexo para dar uma “embolada” interessante nos acontecimentos e deixar o jogador mais na dúvida sobre o que fazer para progredir a história. Mas isso é um palpite pessoal meu, e é bem capaz que eu esteja o errado. O fato é que o que está sendo entregue aqui é impressionante para um estúdio de games que está só começando e já parece conhecer tão bem o que funciona e o que não funciona em um jogo.

Pros:

  • Texto simples mas interessante o suficiente para manter interesse constante;
  • Cenários com personagens novos e divertidos a cada capítulo;
  • Ligação entre itens e personagens cria um ritmo de jogo constantemente interessante;
  • Estética cartunizada se encaixa perfeitamente na proposta e não cai em estereótipos cansativos.

Contras:

  • Resolução de puzzles para progressão do jogo acaba sendo mais óbvio e simples do que o necessário para um jogo do gênero.

Nota

9

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