Review | Shotgun Cop Man
Desenvolvedora: DeadToast Entertainment
Publicadora: Devolver Digital
Gênero: Plataforma de precisão, tiro
Data de lançamento: 1 de Maio de 2025
Preço: R$ 32,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Devolver Digital.
Revisão: Manuela Feitosa
Eu gostaria que você imaginasse um mundo onde John Woo foi o responsável por Super Meat Boy, e ele decidiu fazer um plataformer que funciona 100% envolta das armas mais bizarras possíveis e uma fiel escopeta. Parece esquisito ou bizarro? Para o cenário indie nem tanto, mas ele chama atenção o suficiente, e ele quer um pouco desse holofote.
A história aqui é contada pela jogatina: você é Shotgun Cop Man, você atira em demônios, treinado pela academia de elite de polícia, e sua missão é prender Satan. Isso já é o suficiente para você, jogador que só quer bom level design e gameplay simples mas sólido? Ótimo, tem tudo disso aqui. Você só tem que fazer uma coisa, ir até o inferno e prender Satan.
Você tem um mandato de prisão
Você, o jogador, tem duas ferramentas importantes: uma arma modular, que pode tomar várias formas diferentes, e sua fiel escopeta, que sempre lhe fornece bom dano e um impulso como nenhuma outra arma. Não há botão de pulo nem soco, e a única outra forma de atacar é arremessando os inimigos uns nos outros.

Todo o resto que você pode imaginar é feito com as armas do Shotgun Cop Man, que flutua contra a gravidade quando atira mas tem uma quantidade limitada de munição. Com essas mecânicas não ortodoxas, é possível esquecer por um instante que estamos falando de um jogo de plataforma, mas é isso do começo ao fim.
O jogo é estruturado com fases pequenas, que variam de 10 segundos até pouco mais de um minuto. Todas elas apresentam desafios que são apresentados e expandidos com o passar das fases, e introduzindo novas mecânicas com o passar do jogo, se mantendo interessante do começo ao fim.
Adjunto ao level design, o jogo introduz armas com propriedades diferentes com o passar das fases, que vão de simples pistolas com rajadas melhores até metralhadoras com balas ricochetes. Não servem apenas como incrementos do jogador ao combate, que lentamente vai progredindo, adicionando dificuldade em relação ao movimento do jogador, que precisa usar de suas armas para mobilidade e combate simultâneamente.

Armado e perigoso
Então, o jogador precisa de que para descer as nove camadas do inferno? Um dedo para cada gatilho, um para mover, um para mirar e um pra carregar seus inimigos (opcional, atire neles seu covarde!). O gatilho direito atira com sua arma de ataque – não é um termo usado pelo jogo, mas preciso que você me acompanhe aqui – que atira uma bala de longa distância, sendo sua principal arma contra os inimigos. Ela começa como uma simples pistola, melhorando para outras versões que o jogador coleta nas fases, e ao interagir com um desses coletáveis, a velha arma é descartada. Essas armas coletáveis podem ser extremamente mais poderosas que sua pistola normal, e quando o jogador toma dano ou morre, a arma volta a pistola, e o jogador precisa encontrar outra ao passar das fases.
Pelo outro lado, e isso é um trocadilho 100% proposital, o jogador tem a fiel escopeta. Suas balas não vão pouco mais do que alguns centímetros de distância, mas ela compensa com o maior coice entre todas as armas do jogo, incluindo escopetas que podem ser adquiridas pela arma de ataque. Diferente da outra mão de Shotgun Cop Man, a escopeta de impulso não pode ser trocada, é a ferramenta mais constante em seu arsenal, e pode te propulsionar para qualquer direção oposta da qual o jogador atira, principalmente se ele estiver no ar. Importante também não ignorar o dano em potencial dessa arma, que em conjunto com bom movimento pode garantir que o jogador consiga conquistar as três medalhas de cada fase (matar todos os inimigos, término rápido da fase e nenhum dano).

Em suma, aprender a utilizar as armas neste jogo é o pão com manteiga dele, e é o responsável por qualquer fator replay futuro, o almejo por melhor tempo ou do colecionismo de todas as fases. O único ponto fraco é que os joycons são pouco precisos quando se tratam de posicionamento em 360º, tanto por design quanto defasagem, mas isso não é um problema do jogo quanto do console, mas nada que não possa ser consertado utilizando um pro controller ou até de terceiros.
A própria visão do inferno
Eu sempre faço questão de falar da parte artística, já que já fui surpreendido por muitos jogos que tentaram usar das próprias limitações ou apenas se destacarem entre a pilha por meio de visuais impressionantes ou música de qualidade, porém infelizmente o mesmo não pode ser dito por Shotgun Cop Man.

Ele usa sprites simplistas para representar tanto o modelo do jogador quanto dos inimigos, quase beirando ao monocromático, com poucas animações além do movimento de seus braços e o breve angular de modelos, mas é mais como uma caixa de papelão arremessada do que verdadeiramente uma animação. O único momento em que o jogo apresenta modelos mais detalhados, dizendo de forma gentil, é quando há cutscenes, se é que podem ser chamadas assim, quando os melhores diálogos do mundo dos videogames desde o ápice de Hideo Kojima é demonstrado ao jogador.

E para adicionar um certo sal na ferida, o jogo não tem nenhuma música verdadeiramente impressionante para combinar com o ritmo rápido e frenético de um policial descendo ao inferno para prender Satan, sendo limitado a música eletrônica equivalente a de uma balada.
Todos esses elementos valem para os cenários, itens, inimigos, efeitos de tiro voando na tela, do qual são todos iguais, etc. O jogo apostou todas suas fichas em fases legais e gameplay interessante, ficando na área da simplicidade em outros aspectos, o que não é o suficiente para diminuir muito da qualidade do pacote, mas é um pouco decepcionante.
Um tiro certeiro
Shotgun Cop Man é um produto simples, e não finge ser nada além disso. Ele teve uma ideia de movimentação em um jogo de plataforma e executou muito bem. Ele roda bem, o que não interrompe o foco do jogador durante a trajetória, e não é gigante, podendo ser jogado tanto em rajadas curtas pelo tamanho minúsculo das fases quanto por longas maratonas, já que um mundo inteiro tem uma coletânea grande até ser completado.

O jogo, em si, é sólido feito um diamante, e foi raro ter fases com novidades da qual eu desgostava — no pior dos casos uma indiferença inofensiva, mas não o suficiente para chamar de tédio. Achar uma arma favorita e tentar manter ela pela maior quantidade de fases possível e melhorar cada vez mais o tempo e a execução das fases é uma catarse que, quando bem executada, merece ser aplaudida.
Shotgun Cop Man pode não ter exatamente impressionado, e não digo isso em um sentido de dizer que ele é mediano, pois sempre pareceu competente e divertido, mas ele mostra o que é logo de cara, sem segredos nenhum. Joga bem na cara do jogador que ele é como um bom filme violento de tiroteio e ação.
Agora, o que Satan fez para deixar um policial tão motivado a pegar ele no inferno? Evasão fiscal, talvez, mas se for pra atirar em demônios de forma tão divertida assim, eu faria por menos.
Pros:
- Gameplay excelente;
- Níveis curtos e divertidos;
- Tamanho total confortável.
Contras:
- Não chama a atenção no audiovisual;
- Mira inconsistente nos Joy-Con.
Nota
8
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