Análise: Dead by Daylight – Tokyo Ghoul

Desde que Dead by Daylight surgiu, dezenas de licenças já foram ventiladas como possíveis. Uma que pouca gente acreditava era Tokyo Ghoul, e é justamente deste capítulo no jogo que vamos falar, pois chegou este mês, trazendo Ken Kaneki como killer.

O que o capítulo Tokyo Ghoul traz para Dead by Daylight

Em termos de conteúdo em si, apenas um killer, Ken Kaneki, o protagonista do mangá/anime Tokyo Ghoul.

Para além do assassino, o capítulo veio junto com as primeiras das mudanças da qualidade de vida anunciadas há alguns meses. Entre elas, vieram uma melhoria para enxergar as marcas de arranhão (scratch marks), a opção de se render da partida, aumento no ganho de Pontos de Sangue em diversas categorias, a quantidade restante de cada item que você colocar nas suas personagens, sem contar mudanças em como as Feridas Profundas funcionam e mudanças em uma grande quantidade de Killers.

Fora isso, tivemos um novo mapa adicionado, que não tem a ver com o capítulo, é só uma nova versão do Ninho dos Corvos, com a Cabana do Assassino como ponto principal, sem contar várias mudanças no mapa já existente dos Corvos e, para todos os mapas, a localização dos portões de saída fica visível por 5 segundos a mais.

Outra mudança extremamente importante é o fim das variações de mapas. Para quem não sabe, alguns mapas tinham até quatro variações, que aumentavam muito a aleatoriedade do que você encontraria. Agora, à exceção de mapas do mesmo reino que têm nomes diferentes, todas as variações foram removidas, e cada mapa será sempre o mesmo. Mantém-se a aleatoriedade da localização de geradores, ganchos, totens e pallets, mas o mapa em si, não.

São várias mudanças, mas você pode verificar todas nas notas da atualização 8.6.0 (embora algumas já tenham sido modificadas com dois bugfixes que foram lançados em sequência).

Pra completar o mês, temos o evento Lua de Sangue, que além de trazer um Livro e recompensas exclusivas, já atingiu a meta conjunta que nos permite ter 500% a mais de BPs em todas as partidas jogadas (não só no evento), e ele ainda tá válido até segunda-feira, então, ainda dá tempo de jogar.

Nesta versão do Lua de Sangue, você tem alguns geradores de sangue no mapa. Diferentemente dos geradores comuns, você precisa encher galões em bombas de combustível (combustível = sangue), e levar o sangue até os geradores. Killers ainda podem chutar os geradores, mas perks não os afetam.

Eu acredito fielmente que esses geradores de sangue são um teste pra uma modificação nos geradores normais no futuro, e se forem, com alguns poucos ajustes, podem se tornar bem legais. É mais legal carregar um galão de sangue por aí que só ficar sentada fazendo skill check parada na frente do gerador.

Aproveite os últimos dias da Lua de Sangue e se prepare para o próximo capítulo, que trará a última Sobrevivente original, Orelia, antes do tão aguardado capítulo FNAF, que deve sair em junho, no aniversário de nove anos do jogo.

Quem é Ken Kaneki?

Alerta de spoilers para o final da primeira temporada do anime de Tokyo Ghoul (capítulo 61 do mangá).

Para falar de Ken Kaneki, precisamos primeiro falar de Tokyo Ghoul. Tokyo Ghoul é um mangá lançado pela Young Jump entre 2011 e 2014, e sua classificação oficial é uma fantasia sombria para o público adolescente mais velho, sendo um mangá seinen. Entre 2014 e 2018, tivemos o lançamento de uma sequência, chamada Tokyo Ghoul:re. A série toda vendeu mais de 50 milhões de cópias só no Japão.

O mangá foi adaptado para um anime (cuja primeira temporada é incrível, e as outras, nem tanto), algumas light novels, alguns jogos e alguns filmes em Live Action. Se você gostar muito do universo, tem muita coisa para explorar.

Na história, num mundo como o nosso, seres humanos convivem com ghouls, que se parecem com humanos, mas precisam comer carne humana para continuarem vivos. Esses ghouls são uma mistura de vampiros com zumbis, com poderes de regeneração incríveis, mas não são mortos-vivos. A sociedade sabe que ghouls existem, mas não há forma real de combatê-los, e no geral, mantém-se uma paz frágil.

Na Tóquio deste mundo, Ken Kaneki é um universitário de 18 anos que era um qualquer até ser paquerado por uma garota muito bonita num café. Usando livros em comum e nenhum talento para falar com mulheres, como todo bom universitário japonês de mangá, Kaneki consegue um encontro com ela no mesmo café, e, ao sair de lá, descobre que era bom demais para ser verdade, e seu date, Rize Kamishiro, revela-se uma ghoul, e Kaneki seria sua refeição.

Rize, que odeia ser interrompida enquanto come, teve sua alimentação frustrada, porém, quando vigas de um prédio em construção caem em cima dos dois. Os danos dem Rize foram intensos demais, a ponto de ela não conseguir se regenerar. Ken sofre danos graves, e precisou de transplante de alguns órgãos, e, na ausência de outra pessoa para doar, os médicos transplantam órgãos de Rize nele para salvarem sua vida.

O problema é que isso transformou Ken Kaneki em meio ghoul. Apesar de ainda reter sua humanidade, seu corpo se torna mais resistente e se regenera, mas em troca, ele precisa comer carne humana. Quando ele quase perde o controle e devora seu melhor amigo, ele é meio que adotado pelos ghouls que cuidam do café Anteiku, que são ghouls do bem. Em geral, se alimentam apenas de carne humana já morta, ensinam Kaneki a controlar seus instintos e seus poderes, ao mesmo tempo em que mantém sua identidade como meio ghoul escondida de quem convive com ele, o que é difícil, já que ele agora tem um olho vermelho (sinal dos Ghouls quando estão prontos para atacar).

Quando prontos para atacar, Ghouls também têm uma Kagune, que é um órgão extra, seja um braço, um tentáculo, um ferrão, ou o que for, que usam para ferir outros ghouls e seres humanos.

Na história, várias coisas acontecem na vida de Ken Kaneki, até que ele é preso por Yamori, também conhecido como Jason. Jason tortura Ken por 10 dias, cortando os dedos dele, forçando-os a crescer de volta, até ter basicamente um pacote de salgadinhos de dedos do Ken para comer. Kaneki resistiu à tortura física e psicológica de Yamori, até que este matou duas pessoas importantes para Ken. Isso fez o lado Ghoul de Kaneki se libertar de vez, e, com isso, ele derrotou Jason.

É aqui que a história original e o lore dele em DBD mudam. No original, Ken consegue controlar seu lado ghoul, decide viver no fio da navalha, e conviver em equilíbrio com seus dois lados, mas aceitando seu lado ghoul. Seu cabelo se torna branco, devido ao stress, e, junto com Rize, que ainda vive dentro dele de alguma forma, ele muda seu modo de pensar, agir e viver, além de estar bem mais poderoso. Se você quiser saber o que acontece a partir daqui, leia o mangá, porque é mais ou menos aqui que a parte boa do anime acaba.

Em DBD, após derrotar Jason, ao sair do local onde fora torturado, Ken Kaneki não encontra mais Tóquio, ele se encontra na Névoa. Sua mente não tem tempo de absorver todas as mudanças, e com a Entidade distorcendo sua mente, o lado humanod e Ken Kaneki morre, e ele é totalmente possuído pelo lado Ghoul, com uma única motivação: se alimentar de seres humanos.

No jogo, ele é dublado pelo mesmo dublador que ele tem no anime, Natsuki Hanae, que também joga Dead by Daylight e faz streamings de si jogando há vários anos. Inclusive, num streaming recente, ele tenta jogar de Kaneki, é hilário. Não que ele tenha tido muito trabalho, já que Kaneki na verdade só diz uma frase, que é durante seu Mori, e no resto do tempo, ele só grita. Grita mesmo. Se tem um nerf que ele precisava, é da quantidade de vezes que grita no lobby enquanto você espera uma partida.

Ele veio com uma skin que é dele depois da libertação da tortura (ainda com as algemas quebradas nos pulsos), e uma skin lendária da Rize, que além de não gritar tanto, tem mais frases diferentes, também dublada por quem fez sua voz no anime, Kana Hanazawa. Rize também tem um mori levemente modificado.

Além das skins dele, vieram cosplays de Coelha para Yui Kimura, de Hide para Renato Lyra, da Eto para Nea Karlsson, além de máscaras relacionadas a personagens do mangá para o Desconhecido, Jonah, Jake e David.

Ken Kaneki, o Ghoul: Poder e Vantagens

Pensa num assassino quebrado. Então, este é Ken Kaneki em Dead By Daylight. O Capítulo Tokyo Ghoul trouxe o assassino mais forte desde Talbot, o Flagelo. Tão forte, que ele recebeu vários nerfs diretamente no jogo, sem testes antes, e ainda assim, continua sendo um assassino de tier S.

Ele consegue chutar um gerador e ainda alcançar um Sobrevivente, mesmo que este tenha usado uma Vantagem de Exaustão para correr para longe. Além disso, seu ataque de agarrão tem uma automira, que mesmo tendo sua hitbox diminuída na última atualização, ainda é bem generosa, e na maioria dos mapas, não existe como evitar um 3-gen, porque todo o mapa é um 3-gen para ele. Ele se movimenta mais rapidamente e com mais controle que o Flagelo, não tem tanta punição por cancelar seu ataque como a Enfermeira, e mesmo não derrubando Sobreviventes com seus ataques especiais, ainda consegue pular god pallets como se não fossem nada, anulando vários loops fortes durante seu estado de Raiva, além de poder saltar para a frente de Sobreviventes e bloqueá-los com seu corpo para então atacar.

Com seus tentáculos, sua Kagune, ele pode realizar o Salto da Kagune, que permite que ele brinque de estilingue consigo mesmo, usando qualquer estrutura vertical como apoio. Ele pode dar dois saltos seguidos e pode usar sua Kagune pra morder um sobrevivente. Se ele o fizer, aplica Ferida Profunda no sobrevivente e coloca nele uma Marca da Kagune, que desaparece quando o sobrevivente se recupera da ferida profunda, ou cai no chão. Ao segurar um sobrevivente, ativa-se o modo de Raiva, que permite um pulo extra, permite pular pallets bem rapidamente, e uma movimentação mais rápida no geral. Kaneki não consegue derrubar um sobrevivente com seu poder, mas colocar em Ferida Profunda anula diversas vantagens de serem usadas, e coloca pressão para atividades extras além dos geradores, já que sem se cuidarem, sobreviventes cairão.

Você pode ler sobre as modificações que O Ghoul sofreu nas notas da atualização 8.6.2.

Como toda personagem nova no jogo, Ken Kaneki traz três novas Vantagens:

Feitiço: Nada Além da Miséria. Depois que você acerta Sobreviventes 8 vezes com seu ataque básico (M1), um totem normal vira um totem enfeitiçado. Enquanto ele está aceso, Sobreviventes que você acertar com seu ataque básico recebem Lentidão por 15 segundos.

Ligados Para Sempre. Para cada vez que um Sobrevivente sofre dano, você ganha um token. Para cada token, as ações de pegar, largar ou enganchar um Sobrevivente são 4% mais rápidas, o que significa que se você espalhar seu dano, vai fazer tudo isso 32% mais rápido.

A última Vantagem dele é a Ninguém Está Livre. Para cada gancho fresco que você tiver, ganha um token da Vantagem. Quando o último gerador for concluído, todas as janelas e pallets em pé ficam bloqueados por 16 segundos. Se você enganchar todo mundo ao menos uma vez antes de 5 geradores, você tem pouco mais de um minuto no qual nenhum pulo pode ser feito (e consequentemente, nenhuma Vantagem de Exaustão que usa pulos para ser ativada poderá ser usada).

No geral, eu considero que todas as Vantagens dele são OK, nem fortes demais, nem fracas demais, e podem ter seu lugar. Ninguém Está Livre é uma que me agrada bastante, porque inutiliza Agilidade e estratégias como usar Arrancada Explosiva saindo de uma janela, além de inutilizar diversos loops antes e depois de os Sobreviventes abrirem os Portões de Saída. Nada Além da Miséria, para mim, tem requisitos muito altos para um Feitiço, e precisa de suporte de outro Feitiço para ser realmente útil. Ligados Para Sempre pode ser bem interessante combinada com Abraço Sinistro ou alguma outra que ative com enganchamento, porque te permite ativar os efeitos mais rapidamente, sem contar que atrapalha o timing de saves com pallet ou lanterna.

Jogar com Ken Kaneki é extremamente divertido (com a Rize, ainda mais, porque não há tantos gritos), mas não é nada divertido jogar contra ele. Sua chegada fez DBD ter o maior número de jogadores desde o segundo capítulo de Resident Evil, que trouxe Wesker, Ada e Rebecca, e garantiu o melhor mês de abril da história em termos de quantidade de jogadores. Isso quer dizer que nas semanas desde seu lançamento, quase todos os killers que encontramos são Ken Kaneki, e muitos dos seus jogadores não são muito divertidos de se enfrentar, tunellando, camperando e se aproveitando ao máximo dos seus poderes. Não é nada ilegal, só é chato de enfrentar, o que fez muita gente desconectar imediatamente ao ver que o adversário era um Kaneki, e isso deixou o evento um pouco mais chato do que poderia ser.

Ainda assim, eu estou muito feliz com o capítulo Tokyo Ghoul em Dead by Daylight. Um museu do terror, que é como DBD é conhecido, deve abraçar todas as formas de terror, e anime de terror também é terror. Aliás, Tokyo Ghoul é muito mais terror que Nicholas Cage ou Dungeons and Dragons, por exemplo. Ademais, já faz tempo que DBD perdeu a aura de sério e realista (acho idiota reclamar que um capítulo de anime tira a seriedade de um jogo que tem um urso e um coelho de pelúcia gigantes caçando Sobreviventes por aí.

Assim como nas skins de Attack on Titan, a adaptação das personagens de Tokyo Ghoul para DBD, tanto as personagens, quanto as skins. Apesar de algumas texturas, especialmente cabelos, ficarem meio estranhas no Switch, tanto as personagens quanto a Kagune se mesclam com o clima do jogo, e  isso me deixa esperançosa para futuros capítulos de animes que podem vir. Podemos algum dia ter skins de shinigamis de Death Note, ou de mais Titãs, ou, quem sabe, Sobreviventes e mapa de Corpse Party, e por aí, vai. A boa recepção da comunidade ao capítulo como um todo foi melhor do que o esperado. Há críticas sobre como ele foi implementado, e alguns fãs do anime não gostaram que o garoto bonzinho deles virou assassino, mas faz sentido no lore de DBD, foi apoiado e aprovado pelos criadores do mangá, e se encaixa no que a gente tem até hoje.

Conclusão

Apesar de todas as polêmicas, Tokyo Ghoul foi uma ótima forma de se ter o primeiro capítulo de Dead by Daylight vindo de um anime/mangá. Ken Kaneki é um assassino extremamente forte, com quem é divertido de jogar, mas talvez chato demais de enfrentar. Ele se encaixa bem no jogo, e basta algum equilíbrio extra para ficar perfeito. Pena que as Vantagens não são tão úteis.

Análise feita com código gentilmente cedido pela Behaviour

Dead by Daylight - Tokyo GhoulBem bacanaApesar de todas as polêmicas, Tokyo Ghoul foi uma ótima forma de se ter o primeiro capítulo de Dead by Daylight vindo de um anime/mangá. Ken Kaneki é um assassino extremamente forte, com quem é divertido de jogar, mas talvez chato demais de enfrentar. Ele se encaixa bem no jogo, e basta algum equilíbrio extra para ficar perfeito. Pena que as Vantagens não são tão úteis.PrósKen Kaneki foi muito bem implementado no DBD (talvez até demais)Atualizações de Qualidade que vieram junto são bem-vindasEvento Lua de Sangue é um ótimo momento para muita gente entrar no jogoFim da aleatoriedade de variações de um mapa é excelenteContrasKen Kaneki um tanto quanto quebrado em seu lançamento, sendo forte demais Gritos demais de Kaneki, poderia ter algumas falas a mais8{"@context": "http://schema.org/", "@type": "Organization", "name": "<em>Dead by Daylight - Tokyo Ghoul</em>","image": [ "https://universonintendo.com/wp-content/uploads/2025/04/Dead-By-Daylight-Tokyo-Ghoul-Ken-Kaneki.jpg" ],"review": { "@type": "Review", "reviewRating": { "@type": "Rating", "worstRating": "0", "ratingValue": "8", "bestRating": "10" }, "author": { "@type": "Person", "name": "Ary Luz" } }}