Review | Hitman: Blood Money — Reprisal
Desenvolvedora: IO Interactive
Publicadora: Feral Interactive
Gênero: Ação/Aventura
Data de lançamento: 25 de janeiro, 2024
Preço: R$ 49,99
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Feral Interactive.
Revisão: Paulo Cézar
Assim como um assassino silencioso, Hitman: Blood Money — Reprisal chega sem muito alarde ao Nintendo Switch. Trazendo o que é considerado por muitos como um dos melhores jogos da franquia na tela do console híbrido da Nintendo, o novo port da Feral Interactive talvez seja um de seus trabalhos mais fracos na plataforma até o momento.
Bem vindo de volta, 47

Assim como sua alcunha, a relação da franquia Hitman e consoles Nintendo é como um verdadeiro assassino silencioso, com a série aparecendo aos poucos e saindo de cena sem levantar muitas suspeitas de sua presença. O Game Cube recebeu o segundo título da franquia, Hitman 2: Silent Assassin, em 2003, um ano após seu lançamento original. Após isso, somente em 2021 que os donos de console Nintendo receberam outra invasão do famoso assassino, com o lançamento de Hitman 3 – Cloud Version.
Com tão pouca presença nas plataformas da Nintendo, o lançamento de Hitman: Blood Money – Reprisal pode ser visto como uma agradável surpresa e um possível interesse da série em entrar no mundo Nintendo. A verdade, contudo, é talvez um pouco mais “feia”. Blood Money só está chegando ao Switch graças a facilidade em portar jogos mobile para o console.
Ainda assim, é bom ver um novo título da franquia dando as caras em uma plataforma Nintendo. A escolha não poderia ter sido ainda melhor, já que se trata de um dos mais divertidos e aclamados títulos da série Hitman.
Hora de trabalhar, 47

Hitman: Blood Money é o quarto jogo da franquia Hitman. Mais uma vez, assumimos o controle do assassino geneticamente modificado conhecido apenas como 47, que realiza assassinatos para a International Contract Agency (ICA), uma organização criminosa que vende serviços de assassinatos e espionagem a diversos clientes ao redor do mundo.
A história em Blood Money é apresentada de uma forma um pouco ortodoxa. Somos apresentados a alguns dos feitos de 47 através de uma entrevista do antigo diretor do FBI, Alexander Leland Cayne a um jornalista. Apesar de estar narrando os casos, um jogador atento vai notar que o diretor distorce os fatos, especialmente quando notamos que os briefings de missões de 47 não batem com o que é nos revelado através das curtas cutscenes.
Dito isso, não fique tão focado na história de Blood Money. Ela é bem simples e direta, sem revelar muitos detalhes sobre 47 ou suas ações. A parte narrativa de Hitman sempre foi um de seus pontos fracos, existindo apenas para justificar a jogabilidade. Este sim é o ponto principal de Hitman: Blood Money – Reprisal.
As ferramentas de um assassino

Sendo considerado um dos melhores jogos de sua franquia, Hitman: Blood Money – Reprisal é um título que oferece uma jogabilidade que permite diferentes formas de se completar os objetivos em cada missão. Tecnicamente, ele é um jogo stealth, mas é possível jogá-lo como um game de ação, eliminando tudo e todos que entrarem em seu caminho. O jogador é quem decide a melhor forma de ação.
Hitman: Blood Money – Reprisal oferece 12 missões, sem contar o tutorial, cada uma com seus próprios objetivos. Como 47, o jogador recebe a missão de geralmente assassinar um ou mais alvos, com as vezes algum outro objetivo como recuperar fotos e vídeos comprometedores. Como o jogador se aproxima de seus alvos e os elimina, fica por conta do próprio jogador. O mesmo vale em relação a possíveis danos colaterais que possam surgir durante a realização das missões.
Sendo um jogo stealth, Hitman Blood Money – Reprisal incentiva uma jogabilidade mais cuidadosa e calculada. O armamento de 47 inclui pistolas, metralhadoras, rifles e itens mortais como seringas com veneno, bombas e um fio para enforcar as vítimas. Também há outros menos mortais, como uma seringa com tranquilizante e uma moeda, que pode ser arremessada como uma distração e nas mãos de um jogador habilidoso, pode se tornar um dos itens mais quebrados do jogo.

Além de suas ferramentas de trabalho, 47 também pode se disfarçar, algo que será bastante útil para poder explorar os cenários sem levantar suspeitas. Qualquer NPC masculino pode ser nocauteado ou morto e 47 pode utilizar suas roupas para se disfarçar. Será preciso tomar cuidado, porém, pois nem todos os disfarces funcionam em todos os lugares e alguns NPCs podem descobrir sua identidade, especialmente se você fizer movimentos suspeitos, como arrastar corpos ou está perto de um.
Ao final de cada missão, o jogador recebe um rank que é influenciado por quão “limpo” foi o assassinato dos alvos principais. Matou as vítimas sem ninguém saber, ou fez com que a causa seja um “acidente” e você pode conseguir o melhor rank, Silent Assassin. O mesmo vale para o contrário, onde causar muito caos resulta em um rank baixo. O rank também influencia em duas novidades de Blood Money em relação a outros jogos da série, o pagamento e a notoriedade de 47.

Cada missão paga um certo valor que pode ser investido em upgrades para as armas. Já a notoriedade serve para mostrar ao jogador que ele precisa melhorar. Sendo visto cometendo um crime ou estando no meio do caos aumenta a notoriedade de 47, que acaba fazendo com que NPC’s o reconheçam mais facilmente em missões futuras.
Notoriedade é um sistema interessante, mas que acaba não funcionando como deveria. É bem difícil acabar tendo uma notoriedade alta e ela pode ser removida facilmente pagando um pequeno valor. Foi uma boa ideia, mas ela sempre deixou a desejar e em Reprisal, continua sendo algo não muito bem explorado.
A jogabilidade em si de Reprisal, contudo, é um dos pontos positivos do jogo. A variedade de ferramentas disponíveis e o level design, que oferecem diversas formas de se aproximar dos alvos e várias oportunidades de eliminação, são uma combinação poderosa e extremamente viciante. Como um quadro em branco, o jogador é livre para escolher sua melhor forma de agir e sua imaginação é o único limite que o jogo coloca sobre si.
Uma experiência não tão Feral assim
Lançado originalmente em 2006, Hitman: Blood Money era um jogo de seu tempo. Os visuais eram bonitos para sua época, apesar dos modelos de personagens serem esquisitos, especialmente seus corpos, com homens super musculosos e mulheres bem definidas. Reprisal mantém o mesmo visual do original, apenas atualizando algumas poucas coisas visualmente.

Por ser originalmente uma versão para aparelhos mobiles, Hitman: Blood Money – Reprisal, traz bastante elementos comuns de títulos daquela plataforma. A UI do jogo sofreu uma grande alteração, além de elementos visuais para ajudar estarem presentes, como uma iluminação especial em objetos que podem ser utilizados pelos jogadores.
Os controles também sofreram alterações vindas da versão mobile. Na versão original, certos botões tinham múltiplas funções que o jogador podia alterar ao apertá-lo múltiplas vezes. Agora, cada ação é ligada a um botão em específico e a mira. Isso pode parecer até uma opção melhor, mas não é bem assim.
Algumas funções importantes, que antes eram fáceis de serem realizadas, como mover corpos e pegar itens, ficam um pouco mais difíceis, pois é preciso apontar a câmera para um ponto bem específico, que muitas vezes é pequeno, para que a opção de realizar tal ação apareça. O tempo que se leva para conseguir realizar as ações, pode acabar resultando no jogador sendo descoberto pelos inimigos.
Existem novidades boas aqui. Agora é possível ativar uma opção que mostra quando 47 está em uma área restrita e quando os guardas estão suspeitos. Dos jogos modernos, temos a introdução de um mini-mapa que mostra quem está próximo e o Instinct Mode, onde ao segurar R, os alvos e partes do cenário que 47 pode utilizar são iluminados na tela. Ambos são duas boas adições que funcionam como uma ajuda extra a novatos, porém, quem deseja uma experiência mais próxima do original, é possível desligar ambas adições.

Apesar de possuir boas adições e finalmente permitir que os fãs da Nintendo possam aproveitar uma divertida experiência do gênero Stealth, o novo pot da Feral não é a melhor forma de aproveitar Hitman: Blood Money. Durante minha jogatina, encontrei muitos erros e bugs, além de problemas visuais e outros, que nem mesmo a versão mobile possui.
As cutscenes em vídeo do título são comprimidas, com uma resolução muito baixa, resultando em algo feio e que não estava presente no port mobile. O jogo roda há 30 quadros por segundos, mas é possível notar alguns momentos de lag e outros onde ele congela por alguns segundos antes de prosseguir.
Além disso, houve momentos em que o game fechou dando erro durante momentos de muita ação, várias mortes de NPCs, e durante uma jogatina normal. Outros erros que encontrei também foram cair pelo mapa e 47 ficando invisível, com ambos acontecendo quando eu mexi muito com a câmera enquanto andava.
Deixando espaço para melhoras

Confesso que eu sou fã dos trabalhos da Feral Interactive no Switch. A empresa trouxe alguns bons jogos para a plataforma, como GRID: Autosport e Company of Heroes, dois jogos que eu jamais imaginaria ter a chance de jogar no portátil. Eu estava ansioso por Hitman: Blood Money – Reprisal, especialmente por gostar de Blood Money.
A nova versão continua tão divertida quanto a original e é muito bom termos a oportunidade de jogar esse clássico no Switch. Dito isso, não posso recomendar pegar esse jogo, ao menos não por enquanto. Os erros e bugs que estão presentes aqui é algo que me pega de surpresa, visto que os títulos anteriores da Feral funcionam perfeitamente. Fica parecendo que a desenvolvedora apressou o lançamento do jogo, que foi recentemente portado para mobile. Uma pena, pois Blood Money é um jogo divertido e que poderia ser um dos principais lançamentos do Switch para janeiro.
Pros:
- Jogabilidade stealth divertida
- Mapas que incentivam várias formas de completar seus objetivos
- Boas melhorias na gameplay do jogo original como o Instinct Mode
Contras:
- Diversos erros visuais e de performance que afetam a experiência geral
- Novos controles são um pouco imprecisos, especialmente quando requer precisão
- Sem melhorias importantes na AI ou em outros pontos que Blood Money precisava
Nota Final
7
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