Nine Sols: A arte de encantar com excelência em um dos melhores metroidvanias da geração
O brilhantismo de Nine Sols é algo admirável e precisa ser exaltado logo no início deste texto. Em um mundo onde os games com visual 3D se tornam cada vez mais os favoritos do grande público, enquanto os jogos de plataforma 2D acabam sendo relegados a um status secundário pela maioria, o desenvolvimento de um jogo que enaltece a qualidade do gênero metroidvania e entrega uma verdadeira obra-prima em 2024 merece, desde já, elogios que estejam à altura do incrível trabalho realizado pela Red Candle Games.
O jogo mistura elementos de ficção científica com o folclore japonês, descrito de forma interessante pela desenvolvedora como um jogo taopunk (uma fusão entre o taoísmo e o mundo cyberpunk). Ele apresenta uma trama geral baseada no clichê da busca por vingança, mas que ganha traços profundamente originais graças a uma história envolvente e bem amarrada do começo ao fim. Os diálogos, embora às vezes extensos, proporcionam a profundidade necessária para enriquecer a narrativa.
História
Nine Sols traz a história de YI, um guerreiro de aparência gatuna ( Preciso dizer o quanto é semelhante ao personagem Matamune do anime Shaman King), da raça solariana que pertencia aos aos chamados Sols, os governantes titulares que acabaram traindo o herói, deixando-o a beira da morte, com sua execução sendo certa para eles. O interessante do game é colocar exatamente esse impacto da cena da quase morto do protagonista logo de cara para o(a) jogador(a), justamente para causar o sentimento de curiosidade para entender o porque daquilo e aglutinar assim ao sentimento de vingança que passa a guiar a história.
Somos apresentados aos fatos aos poucos, com diálogos que por vezes é extenso, mas necessário para que a vingança seja explicada e detalhada. Como dito acima, o aprofundamento da história é essencial por todo o aspecto profundo que o game carrega, seja na trilha, no visual, tudo é encaixado de tal forma que você percebe o sentido de tudo.
Não é apenas Yi que sofreu. Seu próprio povo, os Solarianos, sofrem com o regimento dos Nine Sols, que se instauraram no poder com a justificativa de serem os salvadores da nação. A população solariana sofre com o descaso de seus governantes, cabendo a YI a batalha em que se mistura sentimentos pessoais com uma história bem semelhante a Kill Bill em meio a uma nação que abraça a luta de um novo herói que clama por justiça e que pode ser a verdadeira salvação
Gameplay
Aqui é o momento de sentar e apreciar, senhoras e senhores. Sem dúvidas, o combate e a gameplay deste jogo são sublimes. Um metroidvania que não deixa o personagem inteiramente “nu” desde o início, oferecendo algumas habilidades além do simples ataque. Isso torna o jogo interessante desde o começo, evitando a monotonia. O estúdio merece louvor por criar uma introdução menos entediante (característica de muitos jogos) e trazer uma dose de adrenalina já nos primeiros momentos.
O combate do game é simplesmente delicioso de vivenciar. É pura ação, consumindo o jogador com doses de satisfação a cada inimigo derrotado. O sistema de combate é primoroso, sendo justo, responsivo aos comandos e proporcionando boas opções para derrotar os adversários.
A diversidade aqui não está nos golpes ou nas armas, mas na mobilidade que o jogo oferece para atacar os inimigos. Não se trata de ataques estáticos ou modos específicos, mas de opções que evitam o sentimento de repetição em cada confronto, mesmo que alguns inimigos se repitam em certos cenários. Essa liberdade é um dos grandes atrativos do jogo, tornando o combate ainda mais prazeroso.
E não podemos ignorar algo que você, leitor(a), talvez já tenha percebido ao pesquisar sobre o game: sim, ele é difícil. Não há razão para vestir a carapuça de “exímio jogador” e negar isso. O jogo é do tipo que desafiará sua sanidade mental ao enfrentar chefes que, no primeiro confronto, parecerão impossíveis de derrotar (te odeio, Lady Ethereal). Porém, superar esses desafios é pura glória, especialmente ao ver aquela imagem em preto e branco surgir após o último ataque desferido.
Uma dica valiosa para avançar no jogo: domine o parry desde o início. Não jogue de forma descuidada, apenas atacando e pulando os inimigos. Quando encontrar adversários mais fortes, perceberá que não ter um bom contra-ataque será um fator decisivo para a sua derrota. Aprenda a esquivar e se defender nos momentos certos, e sua progressão será muito mais bem-sucedida.
E para aqueles que temem jogar por achar que será difícil demais, aqui vai um alento: os desenvolvedores incluíram o chamado Modo História, onde você pode ajustar o quanto de dano causará nos inimigos e o quanto sofrerá de seus ataques. Assim, é possível ter uma experiência mais tranquila, caso não queira vivenciar o desafio original do game. Porém, atenção: ao escolher esse modo, não será possível alternar para o modo padrão durante a progressão.
Aspectos Técnicos
Nem é necessário dissertar sobre algo que pode ser facilmente percebido por qualquer um ao se deparar com as imagens do jogo. Ainda assim, merece destaque um parágrafo para enaltecer a beleza do game, especialmente por ser inteiramente desenhado à mão. O jogo é visualmente deslumbrante, apresentando cenários que alternam entre um ar sombrio e tenso, adequado para momentos de perigo, e uma sensação de fugacidade e paz ao se estar em locais de descanso. É difícil não captar essa atmosfera única.
É incrível como o jogo consegue unir elementos da arte japonesa com um visual cyberpunk em diferentes momentos, sem jamais parecer grotesco ou exagerado. Até mesmo os inimigos são inspirados em desenhos folclóricos japoneses, apresentando uma imponência visual digna de chefes de alto nível.
A trilha sonora também merece destaque. Mais uma vez, o jogo mistura elementos tradicionais japoneses com batidas sombrias e tensas de um viés tecnológico que complementam perfeitamente a ambientação. Além disso, a sonoplastia de alguns personagens é marcante, enriquecendo ainda mais a experiência. O game entrega uma acústica excelente, tornando-se um verdadeiro deleite para os ouvidos.
Conclusão
A verdade é que Nine Sols deveria ser um game muito mais exaltado do que tem sido. O jogo é brilhante e, ao se analisar os elementos básicos que compõem um bom game, certamente estaria entre os cotados para grandes premiações, como o The Game Awards. É claro que, ao dizer isso, pode soar depreciativo e até desmerecedor para aqueles que foram indicados e premiados, mas a questão não é afirmar que quem está lá não merecia, e sim lamentar a ausência de quem também merecia estar.
Nine Sols entrega uma diversão com ares nostálgicos, trazendo a sensação de experimentar um videogame pela primeira vez. Embora não inove em mecânicas, potencializa o gênero metroidvania, apresentando com excelência as características mais marcantes do estilo, desenvolvidas da melhor forma possível.
O jogo é excelente, desafiador, satisfatório, um verdadeiro vislumbre visual que facilmente proporciona horas de puro prazer. Pessoalmente, Nine Sols me rendeu quase 35 horas de gameplay, conquistando profundamente minha afetividade. Sem dúvidas, é como um dos melhores metroidvanias desta geração e que se torna uma aquisição indispensável para os amantes do gênero.
Nine Sols: A arte de encantar com excelência em um dos melhores metroidvanias da geraçãoVereditoE dentre muitas contestações de fãs quanto ao The Game Awardas, a ausência de Nine Sols em alguma categoria certamente é a que deveria causar mais indignação. Um excelente metroidvania que merecia uma alcunha de destaque que games de plataforma cada vez mais tem perdido. Uma experiência que merece ser jogada seja em qual console for.Design100Trilha Sonora100Diversão100Gameplay100Custo x Beneficio90PrósBrilhantismo ao adaptar as qualidades de um Metroidvania com excelência.História muito bem desenvolvidaVisual que mistura artes japoneses com cyberpunk faz o videogame ser uma verdadeira arteCombates que aumentam doses de adrenalinaLocalização PT-BRContrasdiálogos que por vezes são tão longos que acabam perdendo o sentido de existirem98Nota Final{"@context": "https://schema.org/", "@type": "Organization", "name": "Nine Sols: A arte de encantar com excelência em um dos melhores metroidvanias da geração","image": [ "https://projectn.com.br/wp-content/uploads/2024/12/Reviews-2.png" ],"review": { "@type": "Review", "reviewRating": { "@type": "Rating", "worstRating": "0", "ratingValue": "98", "bestRating": "100" }, "author": { "@type": "Person", "name": "Carlos de Arruda" } }}Veredict
Among the many controversies raised by fans regarding The Game Awards, the absence of Nine Sols in any category is undoubtedly the one that should spark the most outrage. An excellent metroidvania that deserves a place of prominence, a recognition that platform games have increasingly lost. It’s an experience worth playing, no matter which console you choose.
[Nota do Editor: Nine Sols foi analisado a partir da sua versão para Nintendo Switch. A cópia do jogo foi gentilmente cedida pela Red Candle Games para avaliação.]