Análise – Never 7 – The End of Infinity
Never 7 – The End of Infinity é um dos grandes clássicos das Visual Novels, e seu lançamento remasterizado com localização para o Ocidente aconteceu sem muito alarde no mês passado. Como o jogo se sai em seu jubileu de prata?
Sobre Never 7 – The End of Infinity

Originalmente lançado em 2000 para o PlayStation sob o nome de Infinity, o jogo acabou ficando como o primeiro de uma saga importante na história das Visual Novels, dando origem não só a 4 outros jogos, como também influenciando grandemente tudo o que veio depois dele no gênero.
Never 7 – The End of Infinity foi lançado para várias plataformas no decorrer dos anos, mas sempre em japonês apenas, e por isso, conta com traduções muito bem feitas por fãs, algumas com até mesmo melhorias na UI em relação à versão original.
Em janeiro deste ano, foi anunciado que tanto Never 7 quanto sua sequência, Ever 17, receberiam uma versão ocidental remasterizada, e ela chegou no mês passado para o Switch e as demais plataformas de jogos.
História

Em Never 7 – The End of Infinity, você está no longínquo futuro de 2019 (hue), num mundo com clones humanos, mas sem telefones celulares (que, convenhamos, resolveria 99% dos conflitos). Aqui, você assume o papel de Makoto Ishihara, um garoto universitário que é um péssimo estudante e, por causa disso, é forçado a ir a um seminário com um grupo de outras três pessoas. Esse seminário acontece numa ilha deserta, e graças a uma tempestade, geral fica presa na ilha por uma semana.
Makoto é o típico garoto japonês, com ideias muito definidas e inflexíveis de coisas que homens e mulheres devem e/ou podem fazer, e reflete bem o pensamento japonês da época que o jogo foi lançado.
Logo no primeiro dia, primeiro de abril, você acorda de um pesadelo no qual viu uma garota morrer com um sino na mão. Assim que se levanta, você se encontra com Yuka Kawashima, a aluna líder da turma, na porta do seu quarto, e ao descer, conhece Haruka Higuchi, uma garota fechada e quieta que pulou um ano na escola, e Okuhiko Ida, um ricaço mala. Além do pessoal que estuda com você, as outras personagens relevantes são Saki Asakura, outra riquinha, que é amiga de infância de Yuka, e as irmãs Izumi e Kurumi Morino, que são as responsáveis pelo café da ilha, Lunabeach.
Conforme você avança na história, você descobre que Makoto tem premonições de coisas que vão acontecer, o que faz com que ele comece a ter medo de o sonho ser real, especialmente depois que ele encontra o sino. Depois de uma parte que segue um caminho comum, suas decisões vão te fazer se aproximar de alguma das garotas, e aí, essa garota morre no dia 06, mas de alguma forma, você volta no tempo para o começo da história: aparentemente, seu pesadelo não foi só pesadelo, mas sim, você está preso num loop temporal no qual, ao fim, uma garota importante para você morre. Daí o nome do jogo, porque nesse loop, Makoto nunca chega no dia 07 de abril.
Com todas as garotas, você tem um final bom e um ruim, e depois que você conclui as rotas disponíveis no começo, algumas rotas extras são liberadas, até você encontrar o “verdadeiro final”, que revela a verdade sobre o Seminário, as explicações “científicas” para o que acontece e o loop temporal.
A história é sólida, e foi a primeira da equipe fora dos eroges, e claramente mostra a aptidão que tinham para escrever romance, mas não tanto a parte de ficção científica. Especialmente porque houve uma disputa, já que um deles queria mais ficção científica, e a direção queria menos, foram colocados apenas alguns detalhes, que foram suficientes para despertar o interesse de um novo público de Visual Novels, e que acrescentaram muito às sequências. Por ser apenas o começo, a parte científica da história fica prejudicada e, em alguns pontos, contraditória e pouco crível. Mas as rotas românticas são bem escritas e sem pressa de serem desenvolvidas, o que leva a um investimento emocional razoável em todas as rotas.
Recomendo, inclusive, forçar os finais ruins que você não tiver encontrado naturalmente, porque eles ajudam a complementar algumas coisas muito bacanas da história como um todo, e só vendo todos os finais que você consegue juntar todos os pontos e entender tudo o que aconteceu nessa semana.
O jogo também traz alguns conteúdos de história extras, pelos pontos de vista de outras personagens, depois que você faz finais.
Jogabilidade

Como já falei antes em Visual Novels, e todo mundo aqui deve saber como funciona, é basicamente um livro (um pouco) animado e com vozes. Sua maior interação na maior parte do tempo é decidir entre clicar para passar para o próximo quadro, ou deixar que o jogo faça isso no automático.
Diferente de vários, porém, aqui há uma série de decisões a serem tomadas. Existe um cálculo interno de quantos pontos você faz com cada garota de acordo com suas escolhas, e se você atingir o ponto mínimo com uma delas, você sai da rota comum para a rota individual de cada uma. Depois da rota definida, suas decisões vão fazer ir para o final bom ou ruim daquela garota. Após uma determinada quantidade de finais bons feitos, você vai liberando novas rotas, até que libera a rota definitiva, que supostamente tem o final “verdadeiro” (embora algumas das outras rotas façam mais sentido que ela). Isso garante um fator replay bem legal. Mais do que isso, você tem a opção de pular tudo o que você já tiver lido, isso facilita muito a vida quando você só quer chegar para os pontos de mudança de novas rotas.
Outra coisa legal é que a quantidade de pontos de save disponíveis é bem grande, então, diferente da versão original, que você tinha que fazer cada save contar, desta vez você pode salvar generosamente em vários pontos diferentes, e retomar uma história de um save específico só para ver um final diferente conta como ter feito aquele final da mesma forma que fazer a história inteira, então, aproveite desse recurso para chegar mais rápido a todos os finais.
O jogo pode ser salvo a qualquer momento, e há diversas opções de velocidade de texto e forma de exibição. A UI não é das melhores, e a opção de Dicas que foi incluída na versão do PSP não aparece aqui, por alguma razão.
Parte Técnica

É, pois é, a gente ia ter que falar disso hora ou outra, né? Aqui, não dá para ser muito legal, não: trabalho bem meh por aqui, viu?
Começa que já tem um erro de digitação na primeira frase do jogo. Isso dá o tom pro restante da localização em inglês. Traduções literais, exemplos de coisas em japonês, sem explicação clara, piadas que não fazem sentido, porque foram traduzidas erroneamente, e por aí vai. As traduções feitas por fãs que estão disponíveis há bastante tempo são bem melhores que a oficial, o que, infelizmente, tem se tornado algo comum com as localizações da Spike Chunsoft.
Continuando os problemas, os sons parecem saírem de uma garrafa. A qualidade dos áudios antigos não foi melhorada, e eles ficam ainda mais bizarros quando os poucos sons novos aparecem, porque o contraste fica ainda maior. As vozes são muito bem encaixadas, todas as conversas de outras personagens são dubladas em japonês, e são ótimas dublagens, mas a qualidade do som é extremamente prejudicada.
Além disso, as imagens parecem ter sido aumentadas por IA do formato anterior para o formato atual. Não é tão aparente quando você joga na mão, mas na TV ficam muito claras as artes estouradas, as cores pouco vivas, os pixels esticados e alguns defeitos visuais, que mostram que não houve muito cuidado na hora de revisar. Não remasterizaram os gráficos, apenas aumentaram as imagens, e como qualquer pessoa que já tentou aumentar uma imagem no MS Paint sabe que acontece, não é o melhor jeito de tratar imagens.
Em termos de desempenho, o jogo roda liso, não há nenhum tipo de problemas, não trava, não fecha, não demora muito para carregar as telas. O mínimo foi feito. Mas pouco acima disso.
Conclusão
Se você é fã de Visual Novels, Never7 – The End of Infinity é uma joia que, apesar de datada, traz elementos que se tornaram essenciais em VNs posteriores, com uma história interessante e personagens com profundidade. Entretanto, a qualidade do remaster deixa muito a desejar e atrapalha um pouco a experiência.
Na semana que vem, vem a análise do Ever 17, e vocês poderão formar uma opinião sobre comprar o pacote com os dois jogos.
Análise feita com cópia gentilmente cedida pela Spike Chunsoft

Never 7 - The End of InfinityPoderia ser melhorSe você é fã de Visual Novels, Never 7 - The End of Infinity é uma joia que, apesar de datada, traz elementos que se tornaram essenciais em VNs posteriores, com uma história interessante e personagens com profundidade. Entretanto, a qualidade do remaster deixa muito a desejar e atrapalha um pouco a experiência.PrósPersonagens cativantes e cheias de personalidadeHistória intrigante, apesar de confusa, em todas as rotasModo de apresentar o loop temporal funcionaOpções realmente fazem a diferença no resultado finalContrasMá vontade na remasterização refletida na qualidade baixa dos áudios, das imagens e da traduçãoFinal "verdadeiro" faz menos sentido e encaixa menos que algumas das outras rotas Alguns buracos na parte científica do enredo6{"@context": "http://schema.org/", "@type": "Organization", "name": "<em>Never 7 - The End of Infinity</em>","image": [ "https://universonintendo.com/wp-content/uploads/2025/03/Never-7-The-End-of-Infinity-keyart-1.jpg" ],"review": { "@type": "Review", "reviewRating": { "@type": "Rating", "worstRating": "0", "ratingValue": "6", "bestRating": "10" }, "author": { "@type": "Person", "name": "Ary Luz" } }}