Review | Stray
Desenvolvedora: BlueTwelve Studio
Publicadora: Annapurna Interactive
Gênero: Aventura, Plataforma, Ação, Puzzle
Data de lançamento: 19 de Novembro, 2024
Preço: R$ 89,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Annapurna Interactive.
Revisão: Lucas Barreto
Mais uma vez temos uma festa chegando atrasada ao nosso Nintendo Switch. Stray, o famoso jogo cyberpunk do gatinho, chega ao console mais de 2 anos depois do lançamento original nas plataformas da Sony e no PC. Para muitos isso pode ser um problema, mas honestamente? Eu até gosto, muitas vezes deixo alguns lançamentos grandes passarem e quando os vejo saindo no Switch em um novo momento, acaba que dou uma chance para o game.
Stray foi bastante aclamado em seu lançamento, recebendo até uma indicação para Jogo do ano no infame evento anual de Geoff Keighley, o que é relativamente surpreendente para um jogo que não é “Triple A”. Sempre tive interesse por conta do choque de temáticas; escolher justo um gatinho laranja para protagonizar uma história que se passa em um universo futurista com estética cyberpunk é um casamento inesperado mas que me gera muito interesse.
Saiba que estou jogando o game pela primeira vez, sendo assim o real público dessa review é você, que assim como eu, está deixando para conhecer o game agora que saiu para o Switch. O que posso adiantar para você que está com pressa, é que apesar de alguns problemas técnicos, Stray no Switch é perfeitamente jogável e, mais do que isso, é uma experiência que vale a pena por uma série de razões que explicarei a seguir.
Um gatinho laranja salvando o que restou do mundo
Por mais que pareça uma premissa inesperada, a narrativa de Stray é muito bem integrada à experiência, colocando o jogador nos pés (melhor dizendo, nas patas) de uma criaturinha inocente que vai explorar esse mundo futurista desolado. A cidade em que o jogo se passa não é habitada por humanos há muitos anos. Após a extinção da humanidade, o que sobrou foram robôs que desenvolveram uma inteligência artificial tão avançada que já são capazes de replicar até mesmo sentimento humanos, ocorrendo uma espécie de evolução tecnológica natural.
Nesse contexto, um robozinho chamado B-12 se une ao nosso gatinho durante a aventura e vai ser a nossa conexão com o mundo exterior, traduzindo os diálogos de cada NPC e ajudando a superar as adversidades que surgem durante a aventura. Por mais que pareça contraditório, os diálogos são surpreendentemente humanos e é interessante ver como aquele mundo se adequou à ausência humana e as novas necessidades robóticas, ainda que muitas tradições tenham se mantido simplesmente porque era como as coisas funcionavam anteriormente.
Conforme a trama avança, novos lugares são apresentados e a relação entre B-12 e o nosso protagonista laranjinha vai ficando mais forte. Obstáculos são superados e novas informações vão sendo reveladas. É uma história que se desenvolve com certa simplicidade, mas com momentos muito genuínos que fizeram eu me sentir conectado com tudo que estava acontecendo na tela. Mesmo sem dar uma palavra, sabemos o que o gatinho está pensando e o quanto ele realmente está entendendo do que está acontecendo.
Eu gostei muito da ideia de que esse pequeno gatinho pode ser uma luz no fim do túnel para a humanidade – ou o mais próximo que sobrou disso – é como se ele representasse a natureza se infiltrando em um mundo corrompido pela ganância e o poder, libertando-os de volta para o mundo externo.
Ah! E tá tudo traduzido para nossa língua, então nenhuma dificuldade para entender certinho o que acontece.
Mas claro que para toda essa história funcionar, o resto do jogo precisa trabalhar no mesmo ritmo.
Jogue como um gato!
Stray é primeiramente um jogo de exploração e plataforma, com alguns puzzles espalhados aqui e ali. Assumindo o papel de um gato, há poucas limitações de altura: você pode pular em tudo que se pareça com uma plataforma para alcançar lugares mais altos e poder se deslocar pelos cenários. Não é necessária muita destreza, o pulo em si é automatizado, afinal de contas, um gato é um felino com muita precisão e destreza.
A fluidez das animações faz com que tudo seja satisfatório, mesmo que os pulos sejam automatizados. A diversão fica mais pela exploração mesmo, saber para onde ir e descobrir cada canto das cidades para recuperar memórias ou encontrar quests. Não tem nada muito absurdo, é simplesmente divertido ficar explorando meios urbanos como um gatinho, até porque os cenários são bem construídos e com estéticas interessantes, ainda que sejam pequenos. Em pouco tempo de exploração você consegue decorar o layout todo das áreas e consegue se deslocar sem maiores problemas.
Mais para frente, o jogo acrescenta alguns elementos de ação, deixando as coisas mais tensas. De início você só pode fugir, o que não é difícil pois o nosso laranjinha é bastante ágil, porém eventualmente você pode também revidar os ataques e exterminar algumas pragas. Há uma variedade interessante de gameplay, desde puzzles de quebrar a cabeça até trechos de stealth, e nunca é algo tedioso ou que pareça estar tentando prolongar o tempo de jogo artificialmente, tudo é muito bem encaixado e só permanece em tempo suficiente para não ficar enjoativo e partir para próxima dinâmica.
O resultado é que ao final da jornada você sente que de fato viveu uma aventura, com momentos de calmaria, de tensão, de exploração e de fofura, um pacote completo.
E o Nintendo Switch?
Stray tem uma atmosfera muito específica. As músicas são na maioria das vezes calmas, misturadas aos ruídos do jogo, os cenários tem pouca luz e normalmente são iluminados apenas por iluminação artificial, reforçando a estética futurista. É uma apresentação muito inspirada e feita nos mínimos cuidados, não é um jogo que coloca a direção de arte como segundo plano, é a prioridade e faz parte da identidade forte do game.
Tudo isso é apresentado no Nintendo Switch de maneira a ficar na linha do aceitável, não é um port maravilhoso em que você pensa até mesmo que o jogo foi feito do zero para o console, é claramente um jogo que teve que renunciar à muita coisa para rodar no portátil, porém, no que mais interessa ele entrega bem: performance. Raros são os momentos que o jogo fica em uma insuportável lentidão.
O sacrifício foi mesmo nas texturas, modelos e resolução, o game tem aquela cara borrada que alguns jogos de Switch têm, principalmente na TV, sendo menos perceptível no modo portátil. Mas aí vai a minha opinião sincera: apesar de tudo isso, acredito que a direção de arte geral do jogo conseguiu se sobressair, as luzes neon da cidade a noite e o modelo dos personagens ainda ficaram bem preservados, mantendo muito da estética original.
É claro que se você caçar na internet um vídeo comparando a versão de PS5 e de Switch. As mudanças serão muitas e muito perceptíveis, porém, jogando apenas a versão do Switch, caso seja a única que você tem acesso, é tudo perfeitamente jogável e você poderá apreciar o jogo do início ao fim sem maiores problemas.
Preste atenção nas fotos aqui dessa review para notar bem como o jogo se parece na prática, no fim do dia a questão visual é sempre bastante pessoal e cada um tem suas expectativas específicas em relação aos jogos.
Uma experiência redondinha
Joguei mais cedo esse ano o “Little Kitty, Big City” para review aqui no site também e gostaria só de dizer que são jogos completamente diferentes. A única semelhança é o fato de você controlar um gatinho, já que Stray é um jogo focado na sua narrativa e em uma aventura de grande proporção, diferente da proposta descompromissada e mundana do outro jogo de gatinho. Só achei que era importante esclarecer isso aqui!
Zerei Stray em cerca de 5 horas de jogo. É um game curto que pode ser estendido mais um pouco se você quiser achar todos os colecionáveis, mas devo dizer a vocês que o tempo da experiência é perfeito. Tudo acontece na hora certa e nada se prolonga demais, jogar isso aqui do início ao fim é como assistir a um ótimo filme com uma história que te deixa perfeitamente satisfeito. Apesar de ter um universo muito maior do que o que é mostrado no jogo, não preciso de um Stray 2, o que tem aqui é suficiente e encerra de maneira belíssima a jornada de um gato laranjinha com o seu amigo robô.
Tô com uma sensação que estou chovendo no molhado para quem já jogou, né? Ouvi coisas positivas do jogo, mas ainda assim me surpreendi com o quanto gostei. Fico feliz que tenha saído no Switch porque provavelmente não iria jogar por contra própria em outras plataformas.
Se tiver outra opção, curta em outras plataformas, provavelmente você vai ter uma experiência melhor, enxergando tudo e sem abrir mão de nada, mas o resultado aqui no Switch ficou bom o suficiente e me colocou junto a multidão de outras pessoas que gostou bastante desse game.
Prós
- Narrativa que entrega com simplicidade uma história sensível e genuína;
- Fluidez das animações torna exploração satisfatória;
- Jogo acerta em diferentes propostas de gameplay: puzzles, stealth, ação etc.;
- Experiência curta e com bom ritmo do início ao fim.
Contras
- Perda de detalhes no visual é perceptível e afeta a beleza do jogo na versão para Nintendo Switch.
Nota
9
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