Review | LUNAR Remastered Collection

1 semana atrás • Nintendo Boy • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo
Desenvolvedora: GAME ARTS
Publicadora: GungHo Online Entertainment
Gênero: RPG, Coletânea
Data de lançamento: 18 de abril de 2025
Preço: R$249.50
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela GungHo Online Entertainment.

Revisão: Manuela Feitosa

Quando eu comecei a escrever sobre jogos, eu comecei a me fazer uma série de perguntas a respeito dos mesmos: quando é que podemos dizer que um jogo é arte? É uma dúvida genuína que já vi sendo alvo de muitas hipóteses e até discussões pela internet, afinal, seriam jogos uma visão artística genuína ou um mero produto a ser consumido?

Apesar de não ter as respostas para essa exata pergunta neste texto (embora eu esteja planejando um para isso), o jogo que vou falar hoje respondeu a mesma para mim de forma positiva, de um jeito que é difícil eu me sentir com qualquer outro RPG!

Lunar é uma série de RPGs que, à primeira vista, pode parecer apenas uma fantasia épica que vocês já viram em diversas histórias diferentes, algumas até em análises minhas; mas o uso que essa série faz de sua ambientação, personagens e narrativa me fez considerar profundamente sobre como abordar esta análise. Pois acima de tudo, quero que vocês também acabem experienciando Lunar do jeito que eu o fiz, já que é uma franquia que me fez ver que eu amo esse gênero de jogos mais do que tudo.

Então, chega de enrolar e vamos para a review!

Duas estrelas, duas histórias

Lunar: Remastered Collection é uma coletânea que cobre dois RPGs clássicos: “Lunar: Silver Star Story” e “Lunar: Eternal Blue”, dois jogos que se originaram no SEGA CD e que tiveram uma edição inteiramente refeita para o Saturn e o PS1. A edição remasterizada é baseada no “remake”, as edições com “Complete” no título, que tinham algumas adições como áudio e cutscenes reimaginados dos lançamentos originais para algo que conseguisse rodar em consoles de 32 bits.

A história de ambos os jogos se passa em Lunar, um sistema habitado por dois planetas que servem como um paralelo da Terra e Lua do nosso mundo: a “Estrela Prateada” é onde a maior parte da história se passa e onde a humanidade atualmente vive, enquanto a “Estrela Azul” é um local antigo, habitado pela deusa Althena, que foi quem criou o mundo de Lunar.

Lucia, uma das protagonistas de Eternal Blue, é uma habitante da Estrela Azul e uma guardiã de Althena.

Embora conectados narrativamente, Silver Star Story e Eternal Blue tem um salto significativo de tempo entre ambos os jogos, então você não precisa jogar o primeiro jogo para entender o segundo, e vice-versa (porém, eu recomendo jogar o primeiro antes, por conta das poucas conexões que existem no segundo). Com alguns aspectos como raças, histórias e mitos do primeiro jogo carregando e expandindo-se para o segundo jogo, com até nomes de alguns personagens sendo mencionados em textos, se você souber procurar.

A maior parte das referências ao primeiro jogo são bem superficiais em maioria, mas ainda dão uma boa base da construção do mundo de Lunar.

Se fosse para escolher um dos dois jogos para ser o meu “favorito”, teria que ser Silver Star Story, porque apesar de eu achar a história de Eternal Blue mais direta – algo que citarei daqui a pouco, eu devo admitir que poucos jogos conseguiram “me tocar” da forma que o primeiro Lunar conseguiu.

Alex & Hiro: dois heróis, o mesmo objetivo

Quanto à história em si, Lunar segue uma narrativa comumente associada a contos de fantasia épicos, com uma comparação justa sendo Dragon Quest, por exemplo. O mundo das estrelas binárias é rico em variedade de espécies e histórias, com a narrativa do primeiro jogo sendo um exemplo claro disso!

Em “Lunar: Silver Star Story”, seguimos a história de Alex, um jovem da remota vila de Burg, local pacato que conta com um povoado simples que está se preparando para um festival de agradecimento à deusa Althena. Em Burg, Alex e seus amigos, Luna, Ramus e a pequena criatura falante Nall se juntam em uma aventura se espelhando no antigo Dragonmaster, Dyne, um herói de pouco tempo atrás que sumiu de repente após proteger o mundo com seus aliados.

A narrativa em Silver Star Story começa leve, e aos poucos vai evoluindo para a típica aventura de um JRPG normal, com um vilão repentino que ameaça a aventura de Alex, enquanto o mesmo precisa conseguir a benção dos quatro dragões elementares do mundo para então se tornar um “Dragonmaster” e conseguir impedir o mal que está ameaçando o mundo.

Já em sua sequência, “Eternal Blue”, a história se passa ainda no mundo de Lunar, mas com os protagonistas Hiro e sua amiga voadora, Ruby. Eles acabam descobrindo que o mundo é ameaçado por um ser que virá na torre que conecta as estrelas azul e prateada, mas se chocam ao descobrir que esse ser é na verdade uma garota que diz vir para impedir o mundo de ser destruído.

Como se passa mil anos após a narrativa de Silver Star Story, Eternal Blue não perde muito tempo com a introdução do mundo e das espécies que o habitam, mas devido a uma certa “pressa” em contar a história, acaba tendo seus personagens menos desenvolvidos do que os do primeiro jogo. Fica uma questão de preferência, no entanto, pois existem aspectos do primeiro jogo que o segundo melhora muito, por exemplo…

Combate & melhorias do Remaster

Como boa parte dos RPGs lançados na época, Lunar segue um sistema de combate por turno, mas com alguns aspectos interessantes: ambos os jogos não possuem encontros aleatórios, com você podendo ver o inimigo antes do combate ou até evita-lo; um combate automático que você pode ativar, desativar, e até configurar para os personagens agirem como você quiser (semelhante ao Auto-Combat de Dragon Quest).

Existem também os aspectos mais básicos de um combate em RPG: stats que vão aumentando ou diminuindo dependendo do seu nível e equipamento, com stats como velocidade até indicando quantas vezes um personagem pode dar um ataque básico, por exemplo. Um mesmo personagem de nível elevado pode atacar oponentes quatro ou cinco vezes, mas apenas com ataques básicos, não funcionando com magias e ataques que consomem MP.

O remaster adicionou alguns conteúdos interessantes no combate, como a possibilidade de aumentar a velocidade do mesmo em até três vezes, assim como também houve a adição de mais opções de controle para a AI, dando mais variedade no combate além dos clássicos “lute livremente” ou “não use MP”, mas foram as únicas adições para o combate em si, o que não é ruim, já que os jogos envelheceram bem ao meu ver.

Um exemplo do combate padrão em Eternal Blue, agora usando uma mecânica única de RNG de um dos personagens da Party.

“Eu sou um trouxa por animações antigas”

Separei isso em um tópico pois precisava ser dito: a forma que os jogos usam para contar a história é muito criativa, e foi originalmente feita para ser uma amostra da superioridade de poder do SEGA CD! O jogo usa de uma estrutura linear para fazer o clássico “leve o personagem do ponto A ao ponto B”, mas no espaço que isso ocorre, usa vários momentos onde as cutscenes são animadas à mão.

No lançamento “Complete”, as cutscenes e diálogos do SEGA CD foram refeitos dentro do jogo, então temos uma animação de maior qualidade até, que mistura computação gráfica e outros efeitos especiais interessantes…

…o porém é que as animações mais bem-feitas são muito mais espaçadas entre ambos os jogos, então você nota um padrão de que, quando é uma animação básica de introdução de personagem, o ambiente e a câmera estão estáticos, mas estes são detalhes que o público médio que não entende de animação não perceberia de cara, pelo menos.

Isso é bem mais evidente no primeiro jogo, que utiliza as Cutscenes de introdução de personagens de forma curta e com pouco tempo de fala.

Nem todo sonho é real

Em comparações com outras coletâneas remasterizadas, eu acho que os visuais de Lunar não são feios, mas tentam embelezar uma pixel art que já era bonita para os sistemas em que foram lançados, então acaba sendo uma das minhas maiores críticas, mesmo tendo sido a forma que eu joguei boa parte do jogo — afinal, tinha que analisar o remaster pelos méritos do mesmo como tal.

O combate é um ponto que não diria que é um negativo, mas me vi usando a batalha controlada por AI mais vezes do que gostaria em um RPG.

As outras adições menores do remaster são interessantes, como uma dublagem em inglês refeita; mas é o único ponto que eu diria que torna válido esse Remaster ter o título de “Remastered”. De resto, a experiência do jogo foi bem suave, e não tive problemas na forma que o mesmo rodava, como foi o caso de outros remasters que precisei fazer análise, então em aspectos técnicos, o jogo roda perfeitamente.

Simplesmente cinema”, o jogo

A forma que os jogos Lunar usam para contar sua história é bem única, e apesar de ser a minha primeira vez tocando nestes clássicos, por puro acaso, eu consegui me apaixonar pelos vários personagens como Alex, Luna, Hiro, Mia, Lucia, entre outros heróis que acompanharam essa jornada que em diversos momentos encheu meus olhos de lágrimas.

O jogo está lotado de momentos bem únicos que sinto que cada amante de RPGs clássicos deveria experienciar pelo menos uma vez na vida.

Com animações feitas à mão que complementam ainda mais a narrativa, espero que mais fãs de RPGs deem uma chance para uma franquia que certamente merece toda atenção possível. Duvido que Lunar possa algum dia ganhar uma sequência, mas isso não me impede de desejar sucesso a este jogo, que apesar de ser parte de uma franquia com mais de trinta anos, me fez refletir ainda mais, de forma positiva, sobre meu amor por JRPGs.

Pros:

  • Dois belos RPGs remasterizados para plataformas modernas;
  • Ótima construção narrativa e de personagens, o que torna o jogo divertido;
  • Melhorias no Quality of Life que tornam o remaster a versão “definitiva” destes clássicos;
  • Uma dublagem em inglês refeita que aprimora a original, tendo até trechos novos enfim dublados.

Contras:

  • Combate um tanto monótono e repetitivo;
  • Falta de conteúdo que justifique essa versão ser considerada um “Remaster”.

Nota

9

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