Review | KinnikuNeko: SUPER MUSCLE CAT
Desenvolvedora: Kamotachi
Publicadora: Mameshiba Games
Gênero: Plataforma de ação 2D
Data de lançamento: 19 de março de 2025
Preço: R$ 67,45
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Mameshiba Games.
Revisão: Manuela Feitosa
“Traduzindo as reviews que vocês fazem para o OpenCritic, eu tenho notado que você escreve análises um tanto… peculiares, Vinicius”. Foram as palavras proferidas a mim pelo redator Luiz Estrella quando eu disse que um dos motivos pelo qual eu não estava jogando um certo jogo era por estar jogando um outro jogo, com uma premissa que me faz querer comprar de um vendedor questionável algumas substâncias tóxicas.
Esta premissa é: após uma invasão alienígena bem-sucedida em nosso lindo planeta Terra, a esperança da humanidade contra seus invasores cai nas mãos, ou melhor, patas de um fofo gato. Este gato, entretanto, não é um simples gato; com a ajuda de uma sunguinha mágica, ele pode se transformar em KinnikuNeko, um gato com um corpo de um fisiculturista humano e que tem a força necessária para repelir os invasores alienígenas.

Na verdade, KinnikuNeko é um jogo que eu venho acompanhando há um bom tempo, inclusive antes de virar um redator do NintendoBoy, então poder fazer a análise do mesmo foi algo gratificante e que, de certa forma, me fez apreciar o desenvolvimento constante de jogos independentes ainda mais! Porém não vou deixar o meu hype pela estética, premissa e até o histórico do jogo me cegar durante esta análise.
Chega de miar em vão. Vamos começar do início…
Go! Go! KinnikuNeko
Apesar de eu ter resumido a premissa na introdução, a história em si é um pouco mais interessante do que falei anteriormente. Nela, acompanhamos três personagens diferentes: o titular KinnikuNeko, um gato ordinário que ganha super-poderes com uma sunguinha especial; Keita, um jovem otaku que está no grupo por acaso e que tem um pouco de medo de KinnikuNeko; e por fim, Lemon, uma garota responsável que parece saber um pouco mais do que deveria, mesmo aparentando uma certa ingenuidade.
Quanto aos antagonistas, nós temos um trio formado por Pitaya, Greese e Poolball, membros do exército Oni-Alien e que servem diretamente a “rainha-mãe”, a vilã do jogo. Embora sejam personagens recorrentes que podem ser esquecíveis, cada um dos três é um personagem memorável de seu próprio jeito, Greese e Poolball são parceiros, mas se antagonizam diretamente para evitar levar bronca de Pitaya, que além de ser um tanto sádica e cruel com os seus lacaios, tem uma risada digna de uma personagem nobre de um anime antigo (para quem sabe do que eu tô falando, é o famoso “Hohohohoho”).
O desenvolvedor do jogo já havia deixado claro em seu marketing, mas o jogo esfrega na sua cara que as maiores inspirações para sua narrativa e, em especial, a sua comédia, vieram de animes dos anos ’80 e ’90. Muitos dos momentos do jogo fazem paródias e abraçam o absurdo de alguns arquétipos e estereótipos básicos que vemos em muitas obras e agradeço por isso, pois geram momentos que lembram um pouco animes como Urusei Yatsura — do qual o jogo até referencia diretamente com uma alien cosplayer em uma fase.

Em matéria narrativa, eu não recomendo esperar muito de KinnikuNeko, mas ele tem sim alguns pontos de virada interessantes durante o jogo, alguns até envolvendo o nosso núcleo de protagonistas; infelizmente por eu ter acompanhado de perto o desenvolvimento do jogo, eu já tinha conhecimento prévio de algumas coisas, o que pode ter estragado qualquer revelação que o jogo tentasse fazer para mim.
Flexione seus músculos
O sistema de jogabilidade de KinikkuNeko é o mesmo de um plataforma de ação básico, mas um pouco mais simples: você tem um jab básico que pode virar um combo de até três ataques, um golpe baixo e um golpe aéreo com um função parecida com um homing-attack – para os jogadores de Sonic isso deve chamar a atenção. Em geral, a gameplay de KinikkuNeko é bem simples, mas isso é uma vantagem que explorarei em seguida.
Todas as fases possuem uma temática própria, o que deixa o jogo bem dinâmico e nunca fica visualmente repetitivo (mesmo que a reutilização constante de inimigos não ajude para este argumento). Você tem fases durante o dia que se passam numa cidade, para a fase seguinte ser esta mesma cidade, mas durante a noite em um “distrito de luz vermelha”; as mudanças também podem ser repentinas, mas que combinam com a situação, uma hora você está em uma caverna dentro de uma floresta, em outra, você está num fliperama com a “definitivamente não é a Hatsune Miku”.

Voltando a falar do combate, ele é uma surpresa interessante, pois o KinnikuNeko tem duas formas: o Kinniku e o Neko, e apesar do jogo não os chamarem desse jeito, você pode alternar durante as fases para a forma musculosa e a forma gato sem problema. Com a forma musculosa, KinnikuNeko é mais lento e não dá pulos tão altos, mas consegue se defender de ataques. Já com a forma de gato normal, o combate é inexistente e você depende dos outros inimigos se atacarem entre si para dar dano, mas em compensação você consegue passar por espaços menores, dar saltos maiores e ser bem mais veloz.
Minha recomendação primária para este jogo seria não ver o mesmo como um plataforma bem ativo ou como um beat ‘em up. Se você tentar ser rápido demais para atacar e reagir, o jogo vai te punir com isso, geralmente com i-frames de Bosses ou com plataformas colocadas de uma forma que faça você ter cuidado e ir mais devagar. Por sorte, apesar da estrutura “Arcade” do jogo, ele não possui um sistema de vidas e não é tão difícil, o que não tira seu incentivo de pegá-lo do início ao fim.
Coma, treine e… Dance?

Recentemente tenho visto uma onda de criadores de conteúdo com um sentimento anti-minigames devido a isto afetar coisas como platinas de jogos e afins. Apesar de eu entender o sentimento, fico feliz em apontar que não é o caso para KinnikuNeko, que tem uma variedade de minigames interessantes que acontecem durante e depois de alguns estágios que você encara.
Dos minigames que acontecem durante a gameplay eles são de duas variedades: as barracas de ramen e as sessões de treino. As barracas de ramen só são acessíveis na forma musculosa de KinnikuNeko e são basicamente pontos que o jogador pode utilizar para recuperar HP, com o vendedor parando de servi-lo quando você alcança o limite, dizendo “está de buchinho cheio” (a localização deste jogo é divina).
As sessões de treino são portas escondidas em algumas fases que levam KinnikuNeko a uma nave espacial com equipamento dedicado ao seu treino de músculos, ali você precisa realizar Inputs e QTEs para subir o seu nível de músculo, uma mecânica que te permite quebrar obstáculos que variam de pedra, madeira e até metal para se tornar o felino musculoso mais poderoso que já existiu.

Quanto aos minigames que acontecem depois dos estágios, um dos melhores exemplos que posso dar é um que ocorre logo após a fase do fliperama! Lá, KinikkuNeko deve miar seguindo um ritmo próprio, com o layout próximo de alguns jogos de ritmo antigos. Este foi o maior terror para a minha coordenação motora, apesar de eu ter gostado de fazer até os 100%…
…os controles para este modo não me ajudaram muito, porém. Eu ainda acharia melhor se utilizasse do D-pad ao invés dos botões A, B, X e Y.
Miados de tristeza
Como um jogo, KinikkuNeko é inofensivo, mas algumas decisões de game design e uma falta de entendimento por minha parte afetaram a minha experiência pessoal. O primeiro foi o ritmo do jogo, eu achava pelo material que eu acompanhei durante o desenvolvimento que ele seria um jogo mais rápido, mas como falei no tópico do combate, o jogo não te recompensa jogando deste jeito, mas como disse antes, isso foi um problema único meu que veio por conta de um infeliz desentendimento.
Sua história é um tanto previsível e as referências podem ficar até demais, especialmente em momentos onde o jogo as coloca na sua cara; mas estas coisas são aspectos menores que não afetam a experiência final. Infelizmente, a experiência final acaba sendo um jogo curto que, no instante que começa a apresentar mudanças significativas, incluindo uma variedade melhor de inimigos, de repente acaba.

Somando todos os aspectos, diria que os positivos do jogo brilham bem mais que seus negativos, mas ainda vale apontar estes erros pois acredito que o desenvolvedor do mesmo será capaz de inventar algo ainda melhor em seguida de KinnikuNeko. Tomara que desta vez, utilizando outro animal (sim, eu sou um cara que prefere cães, fazer o que?).
KinikkuNeko está decolando de novo
Apesar de KinnikuNeko ter escolhido o pior timing para lançar no Switch para mim por… motivos, eu ainda me diverti muito com o jogo e com sua experiência curta, uma excelente dublagem japonesa e um humor que tirou gargalhadas genuínas de mim junto com vários pontos onde “eu entendi a referência” se tornaram bem comuns na minha gameplay de poucas horas.
Encerrando, é um jogo excelente para o preço que se encontra atualmente e uma ótima escolha se você quiser um jogo que apesar de um plataforma de ação, não é tão frenético quanto as outras opções que podem ter no Nintendo Switch; mas se você for fã dos jogos que são estas “outras opções”, KinikkuNeko se torna difícil de recomendar.
Pros:
- Uma carta de amor a animes e obras japonesas dos anos ’90, especialmente comédias;
- Excelente variedade de minigames espalhados entre as diferentes fases;
- Ótimo elenco de voz para três idiomas diferentes;
- Uma gameplay simples que combina com o ritmo do jogo.
Contras:
- Simples demais, se comparado a outras plataformas de ação do console;
- Falta de variedade de inimigos deixa as fases monótonas.
Nota
8,5
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